O Tribunal de Justiça do RJ vai levar a júri popular um caso que teve grande repercussão nacional e causou revolta: o da madrasta acusada de envenenar os enteados. A data será marcada
O crime foi em março deste ano (2023). Fernanda Cabral, de 22 anos, passou mal depois de comer na casa da madrasta e ficou internada por 13 dias, mas acabou morrendo.
A suspeita de envenenamento surgiu em abril, quando o irmão dela, Bruno, também passou mal e foi parar no hospital.
Só que, no caso do rapaz, ele conseguiu sobreviver porque comeu pouco. É que Bruno percebeu o gosto amargo no feijão, observou que havia pedrinhas azuis e largou o feijão no prato.
Bruno teve os mesmos sintomas da irmã: tonteira, visão turva, suor, língua enrolando e baba.
O exame toxicológico apontou a ingestão de chumbinho, veneno que costuma ser usado para matar ratos.
Jane, mãe de Fernanda e Bruno (os três na foto), contou que o filho comentou com Cintia sobre as pedrinhas no feijão. E ela reagiu com nervosismo.
"Ele perguntou o que era aquilo. Foi quando ela arrancou o prato da mão dele, nervosa, tirou a parte das bolinhas e colocou mais feijão, como se quisesse disfarçar o gosto", disse Jane.
Bruno chegou a ser entubado no hospital Albert Schweitzer. A mãe, Jane, disse que reviveu os momentos de angústia que já tinha passado com Fernanda. Achou que também perderia o filho. Mas ele se recuperou.
Fernanda passou 13 dias internada e morreu em 28 de março.
A partir do caso de Bruno, a família acionou a polícia, que pediu, inclusive, a exumação do corpo de Fernanda.
O corpo de Fernanda foi exumado no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na zona oeste do Rio.
Os técnicos recolheram material genético e comprovaram na análise que Fernanda tinha sido envenenada.
Antes de ser hospitalizada, Fernanda chegou a enviar uma mensagem de áudio ao namorado, Pedro Henrique, dizendo que não estava bem.
"Cara, tô passando mal. Não sei o que tá acontecendo. Eu tô muito tonta", disse Fernanda.
Pedro disse que o pai amava muito a Fernanda (como ama Bruno) e isso devia incomodar a madrasta.
Cintia Mariano foi presa, acusada pelo assassinato de Fernanda e pela tentativa de homicídio de Bruno.
O filho biológico de Cíntia disse à polícia que a mãe confessou ter envenenado os enteados.
O adolescente contou que Cintia disse que agiu por amor a Adeílson, pai de Bruno e Fernanda. Na foto, a madrasta com os enteados, ao lado de Adeílson.
Cintia acompanhou os depoimentos de testemunhas durante o julgamento no Fórum do Rio de Janeiro. Ela será ouvida no mês de maio.
A partir da confirmação do envenenamento de Fernanda e de Bruno, a polícia investigou Cintia Mariano. E existem suspeitas que ela possa estar ligada a outros três crimes: morte de um ex-namorado em 2018 e de um vizinho em 2020, além de tentativa de homicídio de uma criança há 20 anos.
A defesa de Cintia nega que ela tenha envolvimento em qualquer caso.