Brasileiro acusado de tentar matar vice não foi a julgamento
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, criticou a Justiça pela demora no julgamento dos acusados pelo atentado contra a vice-presidente, Cristina Kirchner.
"A causa judicial avança com uma lentidão singular, postou Fernández na rede social X, antigo Twitter, sobre o aniversário do atentado, ocorrido em 1/9/2022.
O brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, preso por tentar atirar em Cristina, vai ser julgado por tentativa de homicídio. Mas o crime ocorreu há um ano. E nada.
Além de Fernando, duas pessoas também estão presas como co-autoras do crime: namorada dele, Brenda Uliarte, e Nicolás Carrizo, que empregava o casal como vendedores ambulantes.
O tribunal oral que deve julgá-los aguarda a nomeação de seus três juízes titulares para marcar a data do julgamento.
Em abril de 2023, reportagem do Globo mostrou que Fernando não aceitava a presença de psicólogos para avaliação de sua saúde mental.
Segundo a reportagem, sua cela tem cama com colchão resistente ao fogo, armário de parede para os objetos pessoais, pia e vaso sanitário antivandalismo. No setor, uma sala polivalente possui telefone fixo para fazer e receber ligações.
Em entrevista por telefone ao C5N, um canal de televisão por assinatura argentino, Fernando disse que agiu sozinho.
Fernando tinha registro para trabalhar como motorista de aplicativo na Argentina. Mas já tinha sido advertido por porte de faca e tatuagem nazista no corpo.
Imagens mostram o momento em que o criminoso se aproxima de Cristina e aponta a arma em seu rosto. Mas o tiro não sai.
Fernando estava junto com um grupo de militantes aglomerados desde a semana passada em frente à casa de Cristina, no bairro da Recoleta. E se aproximou para atirar, mas a arma falhou.
O atirador é paulista, filho de mãe argentina e pai chileno. E, segundo reportagem do G1, o pai dele foi expulso do Brasil em 2021.
O jornal La Nación, de Buenos Aires, publicou que Fernando Montiel seguia grupos ligados a radicalismo e ódio, como o "Comunismo Satânico".
Cristina Kirckner foi presidente da Argentina entre 2007 e 2015.
Antes, ela tinha sido primeira-dama durante a gestão de seu marido, o presidente Nestor Kirchner, entre 2003 e 2007.
Nascida em 19/2/1953 em La Plata, Buenos Aires, Cristina casou-se com Nestor Kirchner em 1975. Ambos eram colegas de estudos e de militância política.
Ao longo da carreira, antes de chegar ao mais alto posto na Casa Rosada, Cristina foi deputada federal e senadora da República.
Ela é vice-presidente desde 2019, na gestão do presidente Alberto Fernández. E já se envolveu em polêmicas e investigações.
O Ministério Público da Argentina moveu processo de corrupção contra Cristina. E ela também foi acusada de censura, com tentativas para impedir a liberdade de imprensa.
Além disso, Cristina também foi acusada de tentar obstruir investigações sobre atentados ocorridos no país, contra a Embaixada de Israel em 1992 e a Associação Beneficente Israelita em 1994. Na foto, protesto contra o atentado à entidade judaica.
A Argentina tem uma política marcada por tensão. Além dos atentados mencionados, que deixaram dezenas de mortos, um outro caso de grande repercussão foi o assassinato do promotor federal Alberto Nisman, em 2015. Na foto, protesto pedindo justiça.
Após a volta da democracia (depois de longo período de ditadura militar), houve tentativa de assassinato de Raúl Alfonsín (1927-2009) nos anos 1980. Colocaram bombas, mas o presidente não apareceu.
A Argentina vive grave crise política e econômica. Tanto que o peso derreteu e muitos brasileiros viajam a Buenos Aires para aproveitar os preços baixos para compras.