A luta contra o racismo envolve cada vez mais pessoas, conscientes de que não basta não discriminar. É necessário denunciar a intolerância, pois racismo é crime.Veja lideranças que marcaram a história nessa batalha.
Martin Luther King (1929-1968) - 15 de janeiro é data especial na defesa dos Direitos Humanos. Neste dia, em 1929, nascia Martin Luther King Jr. Mesmo sendo combatido e até preso pelos protestos contra o racismo, King se manteve um pacifista.
King promoveu diversas manifestações. Na mais famosa dela - a Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade - proferiu a frase "Eu tenho um sonho", que entrou para a história, no antológico discurso aos pés do Memorial de Lincoln, em 1963.
Em 4/4/1968, King estava na varanda do hotel quando foi baleado por James Earl Ray, condenado a 100 anos de prisão pelo crime. Em 1999, autoridades concluíram que o assassinato foi planejado por membros da máfia e do governo americano.
Rosa Parks (1913-2005) - Símbolo do movimento negro nos EUA, ficou famosa em 1/12/1955 quando se recusou a ceder seu lugar num ônibus para um branco. Seu gesto foi o estopim para o boicote aos ônibus. Os negros deixaram de usar esse meio de transporte, causando prejuízo às empresas.
O esforço deu resultado. Após 1 ano de boicote, a Suprema Corte dos EUA, finalmente, considerou inconstitucionais as exigências de segregação nos ônibus no Alabama. Rosa foi homenageada em diversas ocasiões, recebeu comenda de Bill Clinton e morreu aos 92 anos, de causas naturais.
Malcolm X (1925-1965) - Revoltado com o assassinato do pai e violências sofridas pela mãe, Malcolm era radical. Defendia o Nacionalismo Negro nos EUA. Fundou a Organização para a Unidade Afro-Americana, de inspiração separatista. Convertido ao Islã, foi morto por muçulmanos extremistas.
Jesse Owens (1913-1980) - Atleta americano, ganhou o Ouro Olímpico em 100m rasos, 200m rasos, 4 x 100m rasos e salto em distância, em 1936, em plena Alemanha Nazista. Sua vitória aconteceu diante do olhar enfurecido de Hitler, que cuspia discursos sobre a suposta supremacia ariana.
Owens declarou que sua maior decepção foi a falta de felicitações por parte do então presidente americano Franklin Roosevelt, que não mandou sequer um telegrama. Com as medalhas, ele foi saudado nas ruas, mas, ao se hospedar no hotel, teve que usar o elevador de serviço. Morreu de câncer aos 66 anos.
Nelson Mandela (1918-2013) - Advogado sul-africano, é considerado o mais importante líder da África Negra. Passou 27 anos na prisão, em Robben Island (sua cela hoje é ponto turístico) e foi libertado em 1990, após uma campanha internacional.
Eleito presidente da África do Sul em 1994, teve como vice o homem branco que foi seu antecessor: Frederick de Klerk, que já havia revogado leis raciais no país. Ambos receberam juntos o Prêmio Nobel da Paz de 1993. Mandela morreu aos 95 anos, de infecção pulmonar.
Ron Stallworth - Nascido em 18 de junho de 1953. Primeiro policial negro de Colorado Springs, no Colorado. Trabalhou infiltrado na Ku Klux Klan (grupo que matava negros) no fim dos anos 70, fingindo ser branco por telefone.
Sua história inspirou o filme "Infiltrado na Klan", de Spike Lee, com John David Washington no papel do agente.
Alice Walker - Escritora americana, nascida em 9/2/1944, é uma das vozes mais ativas na luta contra a discriminação. Penou para estudar por causa da segregação. Ganhou o Prêmio Pulitzer (1983) pelo livro "A Cor Púrpura", que inspirou o filme homônimo, de Steven Spielberg, estrelado por Whoopi Goldberg.
Koffi Annan (1938-2018) - Diplomata ganês, secretário-geral da ONU (1997-2006). Nobel da Paz em 2001 por criar o Fundo Global de Luta contra Aids, Tuberculose e Malária, para países em desenvolvimento. Ligado a instituições voltadas para o bem coletivo, em âmbito global.
Angela Davis - Professora e filósofa americana, 26/1/1944, alcançou notoriedade nos anos 1970 como integrante do Partido Comunista dos Estados Unidos e do grupo Panteras Negras, que monitorava a ação policial na Califórnia e era considerado uma "ameaça à ordem urbana" pelo FBI.
Angela também ganhou projeção por ser personagem de um dos mais polêmicos julgamentos dos EUA, em que muitos pediam sua absolvição. Ela foi acusada de envolvimento no assassinato de um juiz e, ao fugir, foi alvo de grande caçada. Inocentada mais tarde, foi homenageada por John Lennon com a música "Angela".
Barack Obama - Político e advogado americano, nascido em 4/8/1961, foi o 44º presidente dos EUA (2009-2017). 1º negro a presidir o país. Nobel da Paz em 2009. Democrata, foi Senador. Sancionou lei também contra o preconceito de gênero.
Elizabeth Eckford - Nascida em 4/10/1941, foi uma das primeiras negras a frequentar escola para brancos. Sua imagem ao chegar ao colégio, perseguida e hostilizada por brancas, principalmente Hazel Bryan (gritando), se cristalizou na simbólica foto de Will Counts, que teve grande repercussão.
Nina Simone (1933-2003)- Cantora e pianista americana. Por ser negra, foi impedida de ingressar no Instituto de Música quando jovem. Ganhou espaço em bares, misturando arte e ativismo. Sua canção "Mississippi Goddamn" tornou-se hino negro. Ela cantou no enterro de Martin Luther King.
Abdias Nascimento (1914-2011) - Ator, escritor e professor paulista. Indicado ao Nobel da Paz em 2010. Fundou, idealizou ou integrou várias instituições de defesa dos direitos humanos. Professor emérito na Universidade do Estado de Nova York, em Buffalo (EUA).
Durante o regime militar, passou 13 anos exilado no exterior. Ao voltar, ingressou na vida política. Foi senador pelo PDT e colaborou com o Movimento Negro Unificado (1978). Como deputado, tornou o 20 de novembro dia oficial da Consciência Negra, em São Paulo (2006). Morreu aos 97 anos de insuficiência cardíaca.
Conceição Evaristo - Escritora mineira, nascida em 29/11/1946, Prêmio Jabuti de Literatura (2015), ligada ao grupo Quilombhoje, que reúne escritores afro-brasileiros para a discussão de temas sociais e produção de conteúdo valorizando a cultura negra.
Sueli Carneiro - Filósofa e professora paulista, nascida em 24/6/1950, criou o Geledés Instituto da Mulher Negra , escreveu livros e artigos sobre direitos humanos e foi uma das responsáveis pela defesa constitucional das cotas raciais nas universidades. Referência atual no movimento negro.