O Museu Carmen Miranda, no Rio de Janeiro, expõe um acervo precioso sobre vida e obra de uma das maiores estrelas do Brasil.
Após dez anos sem funcionar para reforma, o museu reabriu no dia 4/8, com a exposição Viva Carmen.
A mostra foi planejada pelo escritor e biógrafo de Carmen, Ruy Castro (foto), e Heloísa Seixas. A mostra reúne mais de 3 mil itens que pertenceram à cantora em diversas fases da sua vida.
Essa exibição destaca a trajetória a nível nacional e internacional da Carmen, importantíssima para nossa cultura. O museu é um repositório natural de toda a carreira de Carmen, ressaltou Ruy Castro.
O museólogo Cesar Balbi (esquerda) comanda o museu há 20 anos e celebra a oportunidade de as gerações mais novas conhecerem a artista. Estão vendo a Carmen como ícone, diferentemente do passado, em que a enxergavam como caricatura.
A exposição evidencia os figurinos que marcaram a trajetória de Carmen, normalmente com turbantes e sandálias ou sapato plataforma. Bem como fotografias e registros históricos, itens escolhidos a dedo para demonstrar a relevância da cantora e atriz no Brasil e nos Estados Unidos.
Projetado por Affonso Reidy, o espaço, no Flamengo, foi inaugurado em 5 de agosto de 1976.
Carmen Miranda é natural de Portugal, mas veio com sua família para o Brasil quando tinha menos de um ano de idade.
Carmen destacou-se pela versatilidade: trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão.
E investiu numa carreira nos Estados Unidos que projetou o nome do Brasil no exterior.
A famosa revista Rolling Stones lhe elegeu como a 15ª maior voz do Brasil no exterior. Seu primeiro álbum foi gravado em 1929, com o compositor Josué de Barros.
Graças à gravação da canção Pra Você Gostar de Mim, de Joubert de Carvalho, ela se tornou uma estrela no Brasil e foi considerada a principal intérprete do samba na década de 1930.
Por sinal, foi a primeira artista a fechar um contrato de trabalho com uma emissora de rádio a nível nacional.
Depois de assistir à performance de Carmen Miranda no Cassino da Urca, Lee Shubert, produtor da Broadway, propôs um contrato de oito semanas para se apresentar na revista musical The Streets of Paris (As estradas de Paris), em 1939.
Um ano depois, a também atriz estrou no cinema norte-americano, no filme Serenata Tropical. Ao todo, a artista participou de 14 filmes nos Estados Unidos entre as décadas de 1940 e 1950.
Ainda em 1939, Carmen foi escolhida como a terceira personalidade mais popular nos Estados Unidos. Por sinal, recebeu convite para se apresentar com seu grupo, o Bando da Lua, para o presidente da época, Franklin Roosevelt, na Casa Branca.
Carmen também foi elogiada pelo desempenho no filme "Copacabana" , em 1947, ao lado de Groucho Marx, o mais carismático dos comediantes Irmãos Marx.
A atriz também contracenou com Jerry Lewis e Dean Martin. Eles faziam enorme sucesso em comédias, nas quais Dean era o amigo galã que segurava as pontas de Jerry, sempre atrapalhado.
Ela chegou a ser a mulher com a melhor remuneração do país, de acordo com o Departamento de Tesouro Americano. Suas performances contribuíram para a popularização da música brasileira pelo mundo.
A propósito, alguns especialistas indicam que a sua representação, que ultrapassa a música, possui grande importância na cultura brasileira.
Ela transformou os figurinos incomuns e os chapéus com frutas que eram frequentemente utilizados nos filmes norte-americanos em sua marca registrada.
O apelido Pequena Notável foi concedido pelo radialista César Ladeira, devido à baixa estatura da estrela, que tinha 1,52 metro.
Outros sucessos da cantora, além de Pra Você Gostar de Mim, são Mamãe Eu Quero e Tico-Tico no Fubá.
Carmen Miranda foi encontrada morta na manhã de 5/08/1955, no corredor de sua casa em Beverly Hillls. Ele sofreu ataque cardíaco, aos 46 anos.