Motorista também conquistou milhares de seguidores em redes sociais
O assunto envolvendo o atropelamento do ator Kayky Brito, ocorrido no dia 2/9 na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, tomou conta dos noticiários, com orações pela recuperação do artista, depoimentos na delegacia e novos desdobramentos.
E um personagem de destaque é o motorista de aplicativo Diones da Silva Coelho. Ele estava dirigindo o carro, um Fiat Cronos 2023, que atropelou Kayky.
Logo após o acidente, o motorista fez questão de fazer o exame para detectar álcool no sangue e provar que não bebeu ou ingeriu qualquer substância. Diones também parou para prestar socorro a Kayky.
Diones se manteve recluso nos primeiros dias, mas depois resolveu se pronunciar para contar das dificuldades que vinha passando por conta do acidente.
"Tenho a minha consciência tranquila. Desde o acidente estou muito abalado. Com o estado de saúde do Kayky, com a massificação da mídia. Fico pensando no filhinho dele, sou pai também", contou o motorista em entrevista ao Splash, do UOL.
Sem trabalhar desde o dia do acidente, com carro avariado e retido para perícia, o motorista se surpreendeu ao ficar sabendo que tinha sido bloqueado pelo aplicativo 99, que não deu detalhes sobre a ação tomada.
"Não tenho como trabalhar. Para a minha surpresa, o aplicativo me bloqueou, mesmo com as investigações apontando (até agora) uma fatalidade. Nunca tive nenhuma intenção de machucar o menino", disse Diones, que revelou não ter recursos para consertar o carro, que é financiado.
Diones também tem inscrição na Uber, onde tem a pontuação máxima de excelência em atendimento e não possui restrição. Mas sem o carro, ele não conseguia mais seguir trabalhando.
Diones é casado e tem dois filhos, de 11 e 13 anos. Ele disse que possui um custo familiar mensal de R$ 5 mil. O período sem trabalhar o preocupava por conta das dívidas e por não poder ter ganhos com seu trabalho.
"O prejuízo foi avaliado em R$ 10 mil. O valor da franquia é de R$ 4 mil, mais a prestação do carro de R$ 1,7 mil mensais. O carro é o único meio de trabalho. Comprei para trabalhar e, se pagar, não tinha nem 10 mil quilômetros rodados. Nem sei o que fazer", lamentou.
Com os problemas financeiros por conta do acidente, Diones criou uma vaquinha virtual para poder arrecadar ajuda e pagar as dívidas. E eis que deu muito certo. Ele arrecadou mais de R$ 170 mil! Muito além do que esperava. O suficiente para comprar 2 carros iguais ao dele. E ele pode voltar ao trabalho.
Com isso, ele encerrou a vaquinha. Curiosamente, além das doações , o motorista também conquistou milhares de seguidores nas redes sociais.
Para as autoridades, Diones relatou que o ator cruzou a pista correndo, de forma repentina, e ele ainda tentou desviar do ator, jogando o carro para a faixa da direita. Mesmo assim, ele não conseguiu evitar o atropelamento. Exatamente o que as câmeras de segurança mostram.
Um dos depoimentos importantes para Diones foi feito por Maria Estela Lima. Ela era a passageira no momento do atropelamento e estava acompanhada de sua filha de dez anos.
A dentista confirmou que Diones não estava correndo na hora: "Não estava em excesso de velocidade. Ele foi muito atencioso durante todo o percurso e também depois do atropelamento. Ficou bem abalado e parece ser uma pessoa bem tranquila."
"Minha filha estava muito nervosa. Eu saí e falei para ela não olhar, porque ela estava chorando. Apareceu um outro Uber para me levar para casa, mas o motorista veio e perguntou como que eu estava. Eu perguntei se ele já tinha chamado socorro. E praticamente foi isso", detalhou a passageira na delegacia.
Além da passageira, uma outra testemunha foi ouvida, como contou o advogado do motorista ao UOL. Segundo ele, "uma pessoa que flagrou o acidente por outro ângulo pode ajudar a entender toda a dinâmica do acidente".
O ator Bruno de Luca foi até a delegacia para prestar depoimento. Ele estava com Kayky Brito em um quiosque na praia da Barra antes do momento do acidente.
Bruno se disse traumatizado com o caso e disse que só no dia seguinte ficou sabendo que a vítima do atropelamento era Kayky. Nas imagens, percebe-se que, ao ver uma pessoa atropelada, ele coloca as mãos na cabeça.
Bruno e Kayky consumiram vodka com energético no quiosque e, segundo um funcionário do local, não aparentavam estar embriagados: "Andavam normalmente".