Cidades se enfeitam para a celebração de Finados
2 de Novembro é Dia de Finados e, na cultura mexicana, um momento de celebração da vida e da morte. Longe de remeter à tristeza, o Dia de Los Muertos, é é data de "reencontro" dos vivos com seus entes queridos que já morreram.
Tombado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco no ano de 2008, o Dia de Los Muertos é a maior festa popular do México.
No Dia dos Mortos, o México recebe milhões de visitantes. Muitas se fantasiam aderindo à tradição e participam dos eventos.
As ruas são tomadas por pessoas fantasiadas de caveira, com muito colorido.
Como se fosse um carnaval, as pessoas produzem alegorias e adereços para desfiles pelas vias principais.
Este feriado é a data mais importante do calendário nacional.
As crianças também participam da festa e aprendem desde cedo o significado da vida e da morte para a cultura regional.
Nas casas, as pessoas montam altares com fotografias de parentes que já morreram e fazem oferendas: comidas e bebidas preferidas do morto.
As pessoas mantêm as fotos dos mortos para que eles não sejam esquecidos . Assim, poderão visitar a família uma vez por ano, com autorização para transitar entre os dois mundos.
Essa tradição foi mostrada em "Coco" (no Brasil, "A Vida é uma Festa"), vencedora do Oscar de Melhor Filme de Animação de 2018.
Comidas típicas, música e dança fazem parte da celebração que, acredita-se, surgiu há mais de 3.000 anos, muito antes da chegada dos colonizadores espanhóis à região.
Nas ruas, ornamentações feitas com flores encantam na paisagem, em praças, parques, vias e escadarias.
A comemoração do ciclo da vida e da morte seria uma herança dos astecas, povos que faziam cerimônias exibindo crânios de parentes mortos. Com o tempo, a cerimônia ganhou elementos católicos, mas manteve a base que é a celebração dos ancestrais.
Muitas pessoas passam a noite ao lado dos túmulos dos parentes nos cemitérios, que se iluminam com velas e ficam decorados com flores e oferendas.
Veja as cidades mexicanas que mais mantêm a tradição, realizando festas bem típicas desta data e atraindo visitantes.
Cidade do México (capital do país) Há grandes desfiles com carros alegóricos e integrantes maquiados como caveiras.
Oaxaca - Considerada a melhor cidade para conhecer a tradição do Dia dos Mortos mexicano. Os cemitérios ficam lotados, com muitas famílias em vigília, e as ruas são tomadas por pessoas fantasiadas e com flores para as oferendas.
Puebla - Procissões em honra dos mortos, com pessoas fantasiadas, enchem as ruas e os visitantes participam da celebração.
Querétaro - As praças se tornam palcos a céu aberto de apresentações de música, dança e teatro, sobre a temática da vida e da morte.
Hidalgo - A 90 km da capital, a cidade para com os desfiles e as procissões, com muita música, dança e homenagem aos mortos.
Sayulita - Bem distante da capital, a 840 km, fica no litoral oeste do México. A cidade fica decorada com enfeites e mensagens de "Vivam os Mortos", dentro do espírito da data que é considerar a chegada dos mortos para a visita anual.
Chiapas - A 825 km da Cidade do México. Praças, ruas, casas, a cidade inteira se reúne em torno da crença da presença dos mortos neste dia. E as oferendas são espalhadas por toda parte, juntando alimentos e flores de forma decorativa.
Guerrero - A 350 km da capital. Mais um lugar com a típica celebração. Famílias passeiam pelas ruas caraterizadas de mortos , muitos com fantasias e outros com pinturas no rosto e no corpo.
Michoacán - A 365 km da Cidade do México, faz desfiles de dia e de noite, com centenas de pessoas vestidas a caráter.
Guanajuato - A 330 km da capital, fica muito decorada, com bandeirinhas que, para os brasileiros, até lembram a decoração de festa junina (embora com formato diferente).
Mazatlán - A 1.000 km da capital, fica no litoral oeste. Apresenta desfiles com carros alegóricos em forma de caveiras, pelas principais ruas da cidade.
Quintana Roo- A 1.500 km da Cidade do México, fica no sul do país, já quase na ponta, perto de Belize e Guatemala. As ruas ficam lotadas nas procissões em louvor dos mortos.
San Luís Potosi - A 400 km da Cidade do México, reúne os moradores de dia e de noite em desfiles e procissões.
Tabasco - A 796 km da Cidade do México, fica no sul do país, a 470 km da fronteira com a Guatemala. Na noite de 1 de novembro - virada para o dia 2 - ninguém sai de casa. As ruas ficam enfeitadas, recebem altares com comidas e bebidas e são reservadas para os mortos. A celebração se estende por 9 dias, com famílias inteiras fantasiadas de defuntos.
Aguascalientes - A 490 km da capital, a cidade faz o Festival de Las Calaveras, com um passeio noturno que é a principal atração. Os participantes percorrem o Cerro Del Muerto lembrando de lendas assustadoras da localidade.
Foi em Aguascalientes que o catunista José Guadalupe Posada criou a primeira Catrina da história, em 1910.
A Catrina é o símbolo maior da festa dos Mortos no México. Um símbolo conhecido internacionalmente.
A Catrina representa uma mulher da alta sociedade, com ornamentos luxuosos, para disseminar a ideia de que as diferenças sociais não representam nada diante da morte.
A caveira é um símbolo importante da data. Doces com formatos de caveira são vendidos nas lojas. Na foto, caveiras de açúcar.
As padarias produzem o Pão do Morto - característico dos altares e oferendas, com formatos que variam.
Da mesma forma, enfeites em forma de esqueletos são souvenires comprados pelos visitantes como lembrança da data no México.
Fica o convite dos mexicanos aos turistas de todo o mundo. Que conheçam a sua cultura em que, apesar da saudade, o Dia dos Mortos é festivo e alegre, com a "presença" dos que se foram nas casas, nas ruas, nas celebrações.