No dia 24 de setembro, milhares de espanhóis foram às ruas de Madri protestar contra a possibilidade de uma anistia a separatistas catalães.
De acordo com a agência de notícias Reuters, as manifestações do fim de semana na capital espanhola contaram com pessoas vindas de várias partes do país, muitas delas apoiadoras do conservador Partido Popular (PP).
A mobilização veio diante da informação de que o primeiro-ministro interino, Pedro Sánchez, cogita conceder a anistia aos separatistas por razões políticas.
O socialista Sánchez poderia recorrer ao instrumento como meio de encerrar o impasse para formação do novo governo depois que as eleições de julho provocaram uma divisão no Legislativo espanhol.
Nenhum partido conquistou maioria no pleito para poder escolher o novo primeiro-ministro.
A Espanha vive sob o regime parlamentarista. Nele, os eleitores votam nas siglas para definição da composição do legislativo e o líder da maioria assume a chefia do governo (primeiro-ministro).
Segundo colocado na eleição, Sánchez poderia obter o apoio de Carles Puigdemont, ex-líder catalão, caso conceda a anistia.
Pedro Sánchez chefia o governo espanhol desde 2018 e tenta viabilizar sua permanência no cargo diante do impasse legislativo.
Carles Puigdemont fugiu para a Bélgica, onde encontra-se exilado desde 2017.
Ele passou a ser alvo da justiça espanhola depois da fracassada declaração de independência da Catalunha.
Mandados de prisão internacional contra Puigdemont chegaram a ser emitidos pela justiça.
O líder catalão promoveu em 2017 um referendo ilegal pela independência da região no nordeste da Espanha.
Em 2019, a Suprema Corte da Espanha condenou nove líderes separatistas da Catalunha com penas que vão de 9 a 13 anos de prisão.
O senador Alberto Núñez Feijóo, do PP, teve a maioria (insuficiente) no pleito de julho.
No comício em Madri, Feijóo declarou que anistiar os separatistas seria perdoar "golpistas".
O referendo ilegal de 2017, que ocorreu apesar de muitas ações judiciais, obteve resultado amplamente favorável à separação da Catalunha.
Na votação, 90% dos 2,2 milhões que foram às urnas disseram "sim" à independência. Vale ressaltar que apenas 43% do eleitorado votou.
No dia 27 de outubro do mesmo ano, os separatistas proclamaram uma república independente, de maneira unilateral.
Como represália, o então primeiro-ministro Mariano Rajoy ordenou a dissolução do parlamento da Catalunha e tornou suspensa a autonomia da região.
A Catalunha tem pouco mais de 7,5 milhões de habitantes e sua capital é Barcelona.