O aumento do consumo ilegal de fentanil assola os EUA e já equivale a uma espécie de epidemia, com 300 mortes em média por dia.
A revelação foi feita por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), que avaliaram overdoses ocorridas entre 2010 e 2021.
Eles se basearam em dados oficiais compilados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.
Recentemente, uma notícia teve grande repercussão ao envolver um pet cujos donos tinham fentanil em casa. Um filhote de pitbull apresentou sintomas de overdose após ter contato com a droga e foi salvo por policiais na Califórnia, EUA.
Segundo os agentes, a droga era de posse dos tutores do animal.
No dia 8/9, o Departamento de Polícia de Irvine compartilhou um vídeo da operação em suas redes sociais.
Os tutores do cão, Caleb Aaron Gibson, de 29 anos, e Katherine Marylou Menke, de 27 anos, foram presos em um supermercado Walmart sob alegações de maus-tratos a animais e posse de substância narcótica.
"O cachorrinho dentro do carro foi exposto ao fentanil e começou a apresentar sinais de overdose", disse a polícia.
Segundo as autoridades locais, o cachorro foi medicado com uma dose de Narcan e conseguiu se recuperar pouco tempo depois.
Ao Los Angeles Times, a porta-voz da polícia, Kyle Oldoerp, contou que a dona já conhecia os sintomas porque esta foi a segunda vez que o cachorro teve uma overdose.
A porta-voz disse ainda que permanece um mistério a forma pela qual o cão teve contato com a substância.
O animal ficará sob a custódia das autoridades até que uma audiência determine se ele será devolvido aos seus tutores.
De acordo com os registros do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o número de óbitos devido a overdoses bateu recorde em 2021 dados mais recentes do estudo.
Segundo o órgão, nos EUA, aproximadamente 106 mil pessoas morreram após sofrerem overdose. Desses, cerca de 67% (71 mil) estavam relacionados ao fentanil.
Para efeito de comparação, houve cerca de 24 mil mortes relacionadas à cocaína e menos de 10 mil associadas à heroína.
Em fevereiro de 2023, doses de fentanil foram apreendidas pela primeira vez no Brasil, na cidade de Cariacica, Espírito Santo.
A operação, feita pelo Departamento Especializado em Narcóticos (Denarc) da Polícia Civil, apreendeu 31 frascos da droga.
A preocupação das autoridades leva em conta o poder destrutivo do fentanil. Segundo a Administração de Repressão às Drogas dos Estados Unidos, a droga é cerca de 50 vezes mais forte do que a cocaína.
Além disso, o fentanil supera em 100 vezes a força da morfina, que é um medicamento similar originalmente desenvolvido para fins médicos, mas que passou a ser usado ilegalmente.
A Administração de Repressão às Drogas dos Estados Unidos comparou uma dose de fentanil que pode ser letal com o tamanho de uma moeda.
O uso desenfreado dessas substâncias nos Estados Unidos e no Canadá levou a uma crise amplamente reconhecida como a "epidemia dos opioides", que resultou em mais de meio milhão de mortes nos últimos vinte anos.
Em essência, o fentanil é um poderoso analgésico à base de opioides sintético, ou seja, é uma substância química desenvolvida em laboratório para aliviar a dor.
Devido à sua alta potência, o fentanil é usado principalmente em situações de dor intensa -- como em cirurgias -- e para o tratamento de pacientes com câncer em estágio avançado.
Esse mesmo mecanismo, no entanto, provoca sensações de euforia e de bem-estar, que são extremamente potentes no caso do fentanil.
Exatamente por não se tratar de uma droga essencialmente ilegal ou seja, não depende do tráfico , o fentanil se tornou de fácil acesso para boa parte dos usuários.
E traficantes também aproveitam para vender em larga escala.
A maior parte do fentanil ilegal encontrado nos EUA é traficado a partir do México e usa produtos químicos provenientes da China, de acordo com o governo americano.