Relembre caso das brasileiras presas na Alemanha e veja ação dos bandidos
A veterinária Jeanne Paolini e a empresária Kátyna Baía tornaram-se conhecidas no Brasil pelo episódio dramático que elas viveram em março de 2023 quando foram presas injustamente na Alemanha por tráfico de drogas.
A história delas é um alerta sobre o perigo causado por bandidos que são funcionários em aeroportos.
No caso delas, o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, o maior terminal aeroportuário do Brasil.
Desde 5 de março até 11 de abril, elas ficaram presas nesta Penitenciária Feminina de Frankfurt, na Alemanha, onde foram detidas por suspeita de tráfico internacional de drogas.
As duas passaram 38 dias presas até que ficasse comprovado que bandidos tinham trocado as etiquetas das malas e, portanto, as drogas encontradas pelos agentes alemães na bagagem não pertenciam a elas.
Jeanne e Katyna, que vivem juntas em Goiás, retornaram ao Brasil em abril, para alívio delas e da família, após muita angústia.
Jeanne e Katyna são casadas há 12 anos, moram em Goiânia e costumam viajar nas férias.
Em entrevista ao programa "Encontro", logo após o retorno, elas disseram que estavam traumatizadas, sem condição de retomar a rotina normal. E que iriam buscar indenização pelo mal que sofreram.
Elas foram soltas a partir de investigação da Polícia Federal que comprovou um esquema criminoso no aeroporto. Em julho, quatro meses após a libertação de Jeanne e Katyna na Alemanha, a PF prendeu 16 integrantes da quadrilha.
Na casa de uma funcionária que recebeu as malas com drogas no guichê do check-in, a polícia encontrou R$ 40 mil e ela confessou envolvimento no esquema.
Para investigar o caso, a Polícia Federal analisou imagens de câmeras do prédio onde as duas moram e também do aeroporto. Jeanne e Katyna saíram de casa com uma mala rosa e uma mala preta.
Aqui elas chegam ao Aeroporto Internacional de Guarulhos para o embarque.
Entenda agora como foi o esquema. Às 20h04 de 4/3/3023 funcionários do aeroporto de Guarulhos começam a trocar as etiquetas das malas das brasileiras.
O funcionário Eduardo dos Santos pega a mala rosa de Jeanne e coloca no chão.
Eduardo chama o funcionário Pedro Venâncio e eles se cumprimentam.
Pedro Venancio confere a etiqueta da mala, enquanto o comparsa o observa.
Eles mexem, então, no celular. A polícia investiga essa comunicação dos funcionários do aeroporto.
Aí mexem na mala preta de Katyna. Depois colocam ambas no bagageiro.
Pedro troca, então, a etiqueta de uma das malas.
Segundo a polícia, está comprovado que ele tirou as etiquetas e colocou em malas que estavam repletas de cocaína.
Às 20h27, duas mulheres chegam com malas ao aeroporto de Guarulhos.
Segundo a polícia, essas são as malas cheias de cocaína que receberão as etiquetas de Jeanne e Katyna.
As mulheres são atendidas por uma funcionária do check in num momento em que o check in já havia sido encerrado. Elas fazem contato visual com a funcionária, que acena positivamente com a cabeça.
As imagens não deixam dúvidas. Elas foram ao guichê e deixaram as malas sem apresentar documentos, em horário indevido. As duas falsas passageiras saem do aeroporto logo depois.
As malas com cocaína seguem na esteira.
Os funcionários do aeroporto pegam as bagagens, colocam junto com as outras e transferem diretamente para a área internacional para que não passem pelo raio-X.
As etiquetas de Jeanne e Katyna são colocadas nas malas das drogas atrás de uma pilastra, num ponto cego para as câmeras.
Quando elas chegam ao aeroporto de Frankfurt, são detidas e algemadas sem terem a menor ideia do que estava acontecendo.
Ao saberem da questão das malas, elas explicaram à Polícia Federal da Alemanha que aquelas bagagens não eram delas. Mas a polícia não acreditou. E elas ficaram mais de um mês na cadeia.
O caso serve de alerta. Todo cuidado é pouco com malas em aeroporto.