Uma tropa formada por 480 militares está retida em um quartel de Barueri, na Grande São Paulo, desde o dia 10 de outubro.
Os homens e mulheres de todas as patentes estão impedidos de deixar o local de trabalho desde que foi detectado o sumiço de 21 metralhadoras.
O desaparecimento do armamento foi constatado durante vistoria interna no Arsenal de Guerra, localizado na região metropolitana de São Paulo.
De acordo com a corporação, todos os recrutas, soldados e oficiais do Exército do local serão ouvidos na tentativa de descobrir onde o armamento foi parar.
Em nota, o Comando Militar do Sudeste informou que o aquartelamento visa "contribuir para as ações necessárias no curso da investigação".
Um Inquérito Policial Militar conduzido pelo próprio Exército foi aberto.
O Comando Militar do Sudeste (CMSE), de São Paulo, e o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), de Brasília, mandaram equipes para participar da apuração do sumiço do arsenal.
Achilles Furlan Neto, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército (DCT), deslocou-se para o Arsenal de Guerra e atua no comando das investigações.
A Policia Militar está participando da operação nas ruas com buscas pelas armas.
Por ordem dos superiores hierárquicos, os celulares dos militares foram confiscados.
O contato diário dos militares com seus familiares está sendo feito por intermédio de um representante do Exército.
No fim de semana, alguns familiares foram até o Arsenal de Guerra visitar e levar mantimentos para os parentes confinados. Reportagem da Folha de S.Paulo ouviu relatos de pais descrevendo jovens soldados abatidos com a situação. Alguns recrutas teriam até mesmo chorado na presença dos familiares.
O Exército afirma que nenhum dos militares está preso, mas não podem voltar para casa enquanto o processo de averiguação prosseguir.
Em comunicado, o Exército informou que o arsenal desaparecido é "inservível". Os armamentos estavam no local para manutenção.
Os armamentos desaparecidos são 13 metralhadoras calibre .50, capazes de abater aeronaves, e oito fuzis-metralhadoras calibre 7,62.
A metralhadora calibre .50 é capaz de disparar 600 tiros por minuto e acertar um alvo que esteja a mais de três quilômetros de distância.
De acordo com o Instituto Sou da Paz, esse é o maior desvio de armas de estrutura das forças armadas brasileiras desde 2009.
Naquele ano, foram roubados sete fuzis de um batalhão em Caçapava, no interior de São Paulo. Os criminosos, entre eles um militar, foram detidos e as armas recuperadas.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, se pronunciou nas redes sociais. Ele falou em possibilidade de "consequências catastróficas" caso o arsenal não seja recuperado.
"Nós da segurança de São Paulo não vamos medir esforços para auxiliar nas buscas do armamento e evitar as consequências catastróficas que isso pode gerar a favor do crime e contra segurança da população", escreveu Derrite no X, antigo Twitter.