A operação de resgate dos brasileiros na Faixa de Gaza tem gerado um certo mal-estar político dentro do Palácio do Planalto.
Isso porque, segundo a CNN Brasil, há uma avaliação de que o vazamento de informações e previsões de possíveis aberturas da passagem de Rafah, no Egito, atrapalham os trabalhos para a retirada dos brasileiros.
Nesta quarta-feira (18/10), os Estados Unidos vetaram a resolução feita pelo Brasil na ONU que condenava toda a violência e hostilidades contra civis e todos os atos de terrorismo cometidos pelo Hamas.
Além disso, o texto propunha exigir a libertação imediata de todos os reféns e pedia uma pausa nos conflitos para que se conseguisse retirar os civis da região de Gaza.
Segundo a representante dos EUA na ONU, o país está decepcionado com a resolução proposta, já que ela não menciona o direito de autodefesa de Israel.
Rússia e Reino Unido se abstiveram da votação, enquanto 12 países votaram a favor da resolução proposta pelo Brasil.
Nesta terça-feira (17/10), a Embaixada do Brasil na Palestina informou que dois brasileiros decidiram não deixar a Faixa de Gaza e optaram por permanecer no território palestino, em vez de se juntarem ao grupo de repatriados.
Desde o início dos conflitos entre Israel e o grupo extremista Hamas, outra família composta por seis pessoas também escolheu ficar na Palestina e não cruzar a fronteira com o Egito.
Essa família, que tem cidadania brasileira, está localizada em Rafah, no sul de Gaza, e alegou preocupações financeiras como a principal razão para não retornar ao Brasil.
O pai, Mohammad Farahat, o único membro sem cidadania brasileira, explicou que a decisão foi tomada devido ao fato de o apoio financeiro do Brasil cobrir apenas os custos de transporte até o país.
De acordo com o embaixador, Alessandro Candeas, a equipe diplomática está atualmente explorando possíveis alternativas de abrigo em São Paulo e está trabalhando ativamente nesse assunto.
Mohammad Farahat mencionou que, se receberem uma resposta positiva, eles poderão reconsiderar sua decisão e se unir ao grupo que planeja viajar para o Brasil.
Dos 26 incluídos na lista para retornar ao Brasil, 17 são brasileiros, sete possuem a Carteira de Registro Nacional Migratório (RNM) da Palestina, e dois palestinos vivem temporariamente em casas nas cidades de Khan Younes e Rafah.
A maioria desse grupo é composta por crianças e mulheres. Eles estão esperando a autorização para atravessar a fronteira de Rafah, no Egito.
Também foi informado que o grupo tem recebido água e alimentos enviados pela Representação do Brasil na Palestina.
Já em Khan Yunis, onde um grupo de 12 pessoas está aguardando para retornar ao Brasil, há dificuldades para encontrar comida e longas filas para comprar pão. Algumas pessoas chegaram a ter que beber água do mar.
À CNN, o brasileiro Hasan Rabee compartilhou que ficou surpreso quando os alimentos chegaram à casa onde ele, sua esposa e suas duas filhas estão hospedados, em Khan Yunis.
Rabee relatou que recebeu arroz, macarrão, pão, atum, fava, pastas e leite.
Devido à falta de comida causada pela guerra em Israel, Rabee mencionou que sua família estava fazendo apenas uma refeição por dia.
A representação do Brasil na Palestina já forneceu um ônibus para que, quando a fronteira for aberta, o grupo seja transportado para Rafah, onde outros brasileiros estão esperando.
O trajeto entre as duas cidades normalmente leva cerca de 25 minutos, mas pode levar mais tempo devido aos danos causados pelos ataques aéreos israelenses.
A operação de repatriação dos brasileiros da região da guerra entre Israel e Hamas deve ter mais 3 ou 4 voos, de acordo com informações da CNN Brasil.