A pouco menos de um ano dos Jogos Olímpicos, um inseto que para muitos pode parecer insignificante está causando dor de cabeça em Paris.
Diversos relatos vindos das redes sociais mostram uma infestação de percevejos que invadiu hotéis, cinemas e até o transporte público da capital francesa.
Tudo indica que o crescimento repentino dos insetos se deu principalmente nas últimas semanas e já atinge inclusive outras cidades próximas de Paris.
Com o aumento da repercussão na internet e em veículos de comunicação pelo mundo, há um temor com relação à segurança e saúde pública durante as Olímpiadas.
Em uma das postagens que surgiu nas redes, uma pessoa escreveu que os passageiros de um trem ficaram muito assustados quando notaram vários percevejos dentro do vagão.
Quando essas mensagens se espalharam pela internet, as autoridades começaram a pedir uma ação conjunta em todo o país.
O ministro dos Transportes, Clement Beaune, anunciou que conversaria sobre o assunto com as empresas para definir objetivos.
"Perante uma infestação de percevejos, são necessárias medidas coordenadas, que reúnam as autoridades de saúde, as comunidades e todas as partes interessadas relevantes, para prevenir o risco e agir de forma eficaz", disse o vice-prefeito de Paris, Emmanuel Grégoire.
De acordo com a agência de notícias Reuters, o vice-prefeito pediu para que a população evite histeria e reforçou que não há ameaça aos Jogos Olímpicos.
As medidas que serão implementadas têm o objetivo de destacar o comprometimento do governo e preservar a reputação de Paris antes dos Jogos Olímpicos de 2024.
Alguns especialistas argumentam que o crescimento da população de percevejos é normal.
Segundo Jean-Michel Berenger, entomologista do principal hospital de Marselha, todo fim de verão se vê um aumento desses insetos.
"Isso porque as pessoas se movimentaram durante julho e agosto e trazem os insetos de volta na bagagem. E a cada ano, o aumento sazonal após as férias é maior que o anterior", explicou.
Em Paris, cerca de 10% das pessoas que vivem em apartamentos enfrentaram complicações com percevejos nos últimos cinco anos, de acordo com informações oficiais.
A Prefeitura de Paris e o governo do presidente Emmanuel Macron têm demonstrado inquietação com essa situação.
Os cinemas chegaram a perder público nas últimas semanas por conta dos vídeos publicados nas redes.
Esse boom de percevejos não é algo novo. Isso vem acontecendo há duas ou três décadas e não é um problema exclusivo da França, mas de muitos lugares no mundo.
Os percevejos, conhecidos em latim como "cimex lectularius", são criaturas que se adaptaram à convivência com os seres humanos e vão para onde as pessoas estão.
Os percevejos são insetos pequenos que se alimentam de sangue de seres humanos e outros animais.
Existem várias espécies de percevejos, mas a espécie mais comum que se alimenta de sangue humano é o percevejo-de-cama (Cimex lectularius).
Esses insetos são parasitas e costumam se esconder em locais próximos às camas, como colchões, estrados, roupas de cama e móveis, de onde saem durante a noite para se alimentar.
De acordo com o Centro de Doenças Transmissíveis (CDC), os percevejos não propagam doenças, mas suas picadas podem causar irritação na pele, coceira e, em alguns casos, reações alérgicas.
Existem várias explicações para o aumento da população de percevejos ao redor do mundo, como o turismo em massa, imigração e transporte de produtos em contêiners.
Além disso, ao longo do tempo, os percevejos têm se tornado mais resistentes a inseticidas, o que preocupa os especialistas.