O peronista Sergio Massa e o ultraliberal Javier Milei disputam o segundo turno da eleição presidencial da Argentina.
Massa, candidato governista, surpreendeu ao contrariar as projeções e terminar o primeiro turno na frente com 36,7% dos votos válidos contra 30% Milei.
O pleito na Argentina é acompanhado com extremo interesse no Brasil por trata-se do terceiro maior parceiro comercial do país.
O governo Lula e o bolsonarismo, seu principal opositor, têm se mobilizado direta ou indiretamente em relação à disputa argentina.
Sergio Massa, que é ministro da Economia do governo do presidente Alberto Fernández, lembrou haver "simpatia mútua" com Lula e integrantes de sua equipe, como Fernando Haddad.
De acordo com jornal argentino Clarín, Lula teria parabenizado Massa por WhatsApp e o chamado de "meu amigo".
Ministros de Lula comemoraram o resultado do primeiro turno. Alexandre Padilha, chefe da pasta de Relações Institucionais, escreveu nas redes sociais: "Parabéns Sergio Massa pela liderança no primeiro turno! Na torcida para que aqueles que desprezam a vida e a democracia sejam derrotados".
Outros ministros, como Paulo Pimenta (na foto - Secretaria de Comunicação Social), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura familiar) foram na mesma linha.
De acordo com a Folha de S.Paulo, um grupo de publicitários que participou das campanhas de Fernando Haddad (2018) e Lula (2022) contra Bolsonaro reforçam a equipe de marketing de Sergio Massa.
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad declarou acompanhar "com interesse" o processo eleitoral por causa do Mercosul.
O candidato Javier Milei já afirmou que o "Mercosul deve ser eliminado" e declarou-se contrário à entrada da Argentina no Brics (o oposto do que deseja o governo Lula).
Dias antes do primeiro turno, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) enviou mensagem de apoio a Milei.
Olá, Javier Milei. Feliz em receber seu livro. Nós, realmente, sabemos o que é melhor para os nossos países. Não podemos continuar com a esquerda. É um apelo que eu faço a todos os argentinos: vamos mudar, e mudar para valer, com Milei. Compromisso meu, hein?! Vou para a tua posse, diz Bolsonaro na mensagem veiculada nas redes oficiais do candidato direitista.
Na resposta, Milei agradeceu o apoio de Bolsonaro: Viva a liberdade, cara***".
Filho do ex-presidente brasileiro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) viajou para a Argentina a fim de engajar-se na campanha de Milei
No dia da votação, Eduardo Bolsonaro deu uma entrevista para o canal da TV fechada C5N. Ele foi subitamente interrompido pelos apresentadores quando defendia a liberação de armas a civis (uma das principais pautas do bolsonarismo).
Após o resultado do primeiro turno, o parlamentar escreveu no X, antigo Twitter: "Em três anos foi construído um movimento espontâneo, do tipo que não paga manifestantes para irem às ruas. Coisa linda. Com certeza Javier Milei entra neste 2º turno como favorito".
Por sua vez, associar Bolsonaro a Milei parece ter se tornado um trunfo para a chapa governista. Nas redes sociais, viralizou vídeo em que o rosto do brasileiro se transforma no do candidato "narcocapitalista".
Dezenas de deputados de oposição a Lula, entre eles a bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), assinaram carta pública de apoio a Milei e condenaram o que chamam de "tentativa de interferência do governo brasileiro no processo eleitoral da Argentina.
A ascensão política de Milei fez seu partido Liberdade Avança (fundado em 2021) saltar de três para 38 de deputados. No senado, a legenda, que não tinha nenhum assento, conquistou oito na eleição de 22 de outubro.
O segundo turno da eleição presidencial argentina está marcado para o dia 19 de novembro.