Sete militares suspeitos de participar diretamente do furto de 21 metralhadoras de um quartel em São Paulo foram autorizados pelo Exército a deixar o local.
Ele estavam "aquartelados" desde o dia 10 de outubro, quando foi detectado o sumiço das armas do Arsenal de Guerra, em Barueri, na Grande São Paulo.
Em nota, o Exército informou que com a liberação feita pelo CMSE (Comando Militar do Sudeste) não há mais nenhum militar retido no quartel.
Na primeira semana de investigações, uma tropa formada por 480 militares (homens e mulheres) de todas as patentes chegou a ficar confinada no Arsenal de Guerra.
O desaparecimento do armamento foi constatado durante vistoria interna de rotina no Arsenal de Guerra.
A corporação informou ter mantido todos os recrutas, soldados e oficiais no local para que fossem ouvidos no apuração do ocorrido.
"Em razão da evolução das investigações, não existe mais nenhum efetivo aquartelado", explicou o Exército ao liberar os suspeitos. Por ora, nenhum deles foi afastado de suas funções.
Além dos sete suspeitos de participação direta no furto, outros 13 são investigados por atuação indireta.
Os militares suspeitos de envolvimento direto no furto (que vão de invasão do paiol a transporte do arsenal) devem ser julgados pela Justiça Militar, podendo ser condenado de um a 38 anos de prisão (no somatório de penas). Quem for declarado culpado indireto (por falha na fiscalização e segurança) fica sujeito a penas administrativas aplicadas pela corporação.
O Comando Militar do Sudeste (CMSE), de São Paulo, e o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), de Brasília, atuam desde o início na apuração do sumiço do arsenal.
Até o momento, foram recuperadas 17 metralhadoras. A Polícia Civil do Rio de Janeiro localizou oito dessas armas abandonadas em um carro.
Em São Roque, no interior paulista, a Polícia Civil do estado encontrou mais nove armas. Na busca, os agentes trocaram tiros com dois criminosos, que acabaram largando os armamentos em um lamaçal.
Em comunicado, o Exército informou que o arsenal furtado estava "inservível" e encontrava-se no quartel para manutenção.
As quatro metralhadoras que permanecem sumidas são de calibre .50, capazes de abater aeronaves. Os oito fuzis-metralhadoras calibre 7,62. já foram recuperados.
A metralhadora calibre .50 é capaz de disparar 600 tiros por minuto e acertar um alvo que esteja a mais de três quilômetros de distância.
O inquérito suspeita que o furto tenha ocorrido em 7 de setembro, quando o efetivo fica menor devido aos desfiles pelo Dia da Independência.
"A informação da Inteligência é que um grupo retirou esse armamento do quartel, com a participação, de maneira óbvia, de algum militar envolvido, e elas [metralhadoras] tinham o endereço certo, declarou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.
De acordo com o Instituto Sou da Paz, esse é o maior desvio de armas de estrutura das forças armadas brasileiras desde 2009.
Naquele ano, foram roubados sete fuzis de um batalhão em Caçapava, no interior de São Paulo. Os criminosos, entre eles um militar, foram detidos e as armas recuperadas.