A DJ e tatuadora Shani Louk é mais uma vítima nos conflitos entre Israel-Hamas. A mãe da artista confirmou a sua morte nesta segunda-feira (30). Ela estava no festival de música eletrônica Universo Paralello quando foi sequestrada pelo grupo terrorista, em 7 de outubro, dia dos ataques.
O nome da artista ganhou o noticiário após sua mãe gravar vídeos e pedir o seu resgate. O Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou que o corpo de Shani Louk foi encontrado e identificado.
O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, confirmou a morte da brasileira Karla Stelzer Mendes, que estava no festival de música eletrônica Universo Paralello, uma rave que foi atacada por terroristas do Hamas.
Karla era carioca e morava em Israel com o filho, de 19 anos. Uma amiga contou que Karla enviou vídeo antes de desaparecer. "Eu tô aqui no meio da guerra. Vieram os terroristas, jogaram bomba. A gente saiu correndo. Eu tô aqui no meio do mato com outras duas pessoas e o Gabriel. E com medo de alguém vir matar a gente", disse, nas imagens.
Outros dois brasileiros que estavam na rave morreram. A morte de Bruna Valeanu foi confirmada em 10/10. Ela tinha 24 anos e vivia em Israel há 8 anos.
Milhares de pessoas acompanharam o funeral de Bruna Valeanu, em Israel. Como Bruna só tinha dois parentes em Israel, uma mensagem circulou nas redes sociais pedindo que estranhos fossem ao funeral para cumprir a tradição judaica do minyan (quórum de 10 pessoas).
Só que uma multidão compareceu. Pessoas fizeram uma fila quilométrica com os carros. E depois seguiram a pé.
Bruna era estudante de Comunicação e Marketing.
A mãe de Bruna e uma irmã também vivem em Israel.
O outro brasileiro morto é o gaúcho Ranani Nidejelski Glazer, de 23 anos. Ele também teve a morte confirmada no dia 10/10.
Segundo familiares, o corpo do brasileiro foi sepultado na quarta-feira (11/10), no cemitério Tel Regev, em Haifa.
Ranani vivia há 7 anos em Israel e tinha dupla cidadania. Ele estava na festa rave que foi invadida pelo Hamas no sábado (7/10).
Nesta imagem, Ranani aparece num vídeo que ele gravou ao fugir do ataque à rave e se esconder num bunker.
Ranini disse: No meio da rave, a gente parou num bunker, começou uma guerra em Israel, pelo menos a gente tá num bunker agora, seguro. Vamos esperar dar uma baixada nisso, mas, cara, foi cena de filme agora, gente correndo, quilômetros, para achar um lugar pra se esconder, velho.
A namorada de Ranini, Rafaela Treistman, sobreviveu e fez declaração ao amado na web, dizendo que ele a salvou e foi seu herói e seu anjo.
Ranani chegou a prestar serviço militar nas Forças de Defesa Israelenses, mas deixou a corporação e trabalhou como editor de vídeos e designer. Atualmente, era entregador em Tel Aviv.
Rafael Zimerman (foto), outro brasileiro que estava na rave sob ataque de terroristas, ficou ferido por estilhaços de granada e foi internado no hospital Soroka. Ele deu entrada "em choque", segundo o hospital, mas já teve alta.
Rafael deu um forte depoimento falando do drama vivido. Disse que viu pessoas morrendo e que ficou parado em meio aos corpos, fingindo que também estava morto. E rezou. "Foi um inferno, eu só queria que acabasse", disse.
Cerca de 260 corpos foram encontrados no local onde acontecia a festa rave chamada Universo Paralello. Foi a primeira edição em Israel do festival de música eletrônica, criado há 23 anos, no Brasil, pelo pai do DJ Alok.
O evento acontecia no deserto de Negev, no sul do país, perto da Faixa de Gaza. Estima-se que cerca de 3 mil pessoas estavam presentes.
A imprensa recebeu informação de que a rave havia sido promovida pelo DJ Juarez Petrillo, pai dos DJs Alok e Bhaskar. Mas o DJ Alok, famoso mundialmente, esclareceu que o pai, na verdade, ia se apresentar no evento.
No dia 7/10, Juarez registrou em vídeo o momento em que a rave foi abruptamente interrompida pelos terroristas. As imagens mostravam uma forte fumaça no céu e pessoas correndo, desesperadas.
Juarez compartilhou seu espanto nas redes sociais: "Estou em choque até agora! E as bombas não param de explodir".
No dia 10/10, Alok gravou um vídeo, chorando, e contou como seu pai conseguiu escapar: "Ele estava prestes a se apresentar quando começou o bombardeio e o evento foi interrompido, e a polícia começou a evacuar. Ele conseguiu entrar em um carro e sair de lá. O carro de trás, que estava com conhecidos dele, foi baleado. Meu pai conseguiu se abrigar em um bunker e ficou seguro lá", contou Alok.
No dia 12/10, o DJ Alok compartilhou um vídeo em que mostrava o emocionado reencontro com o pai. Que alívio poder te abraçar, pai!, escreveu. O FLIPAR fez uma galeria sobre esse reencontro.
Pessoas entrevistadas relataram que havia jipes com homens armados que disparavam contra aqueles que tentavam escapar a pé ou de carro.
Uma mulher contou à agência Reuters que teve que se fingir de morta até que soldados do Exército de Israel chegassem para resgatá-la.
Um socorrista disse à emissora pública Kan News que o evento se transformou em um verdadeiro "massacre".
Um brasileiro que estava no local compartilhou com o g1 o momento de pânico: "Terroristas atiraram na gente, e vimos centenas de corpos nas ruas".
A atriz Gabriela Duarte, filha de Regina Duarte, também estava em Israel (mas não na festa rave) com os dois filhos e chegou a se abrigar num bunker por causa dos bombardeios, mas conseguiu pegar um avião para Praga, na República Tcheca. Ela postou mensagem no Instagram avisando que estava bem.
De acordo com o governo de Israel, em torno de 200 pessoas foram feitas de reféns pelo grupo Hamas durante a invasão surpresa que aconteceu em 7 de outubro.
E o porta-voz do exército de Israel, Jonathan Conricus, chegou a dizer que brasileiros poderiam estar entre os sequestrados pelo Hamas.
Mas o governo brasileiro informou que ainda não tinha confirmação de que houvesse brasileiros sendo feitos de reféns pelo grupo terrorista Hamas.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a estimativa é de que cerca de 14 mil brasileiros residam em Israel e outros 6 mil na Palestina.