A maior tragédia ocorrida no Brasil foi o incêndio do Gran Circo Americano, em Niterói, Região Metropolitana do RJ, que deixou 503 mortos e mais de 300 feridos. Três mil pessoas estavam na plateia quando o fogo começou, 20 minutos antes do fim do espetáculo.
Foi em 17/12/1961. O incêndio foi provocado por Adilson Marcelino, o Dequinha, por vingança após demissão. Ele foi condenado à prisão, mas fugiu e foi morto a tiros. O circo tinha 60 artistas, 20 empregados e 150 animais. Funcionava sob uma lona de algodão revestido por parafina, altamente inflamável.
No dia do incêndio, havia greve de médicos e o Hospital Antonio Pedro foi reaberto às pressas. Houve convocação em massa de profissionais de saúde. Avisos foram emitidos pelas rádios. Muitos voluntários também ajudaram com apoio social e psicológico. O estádio Caio Martins foi usado para fabricação de caixões.
A tragédia inspirou José Datrino a se transformar no Profeta Gentileza. O andarilho tornou-se popular ao transmitir mensagens de paz e grafitar muros - principalmente as pilastras do viaduto do Gasômetro, no Centro do Rio - com o lema "Gentileza Gera Gentileza".
Além do incêndio no Gran Circo Americano (foto), outras tragédias deixaram marcas no país. Veja algumas que tiveram grande repercussão.
Em 25/01/2019, o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), deixou 270 mortos. Gigantescas ondas de rejeitos e lama avançaram a 80 km/h, engolindo tudo pela frente. Corpos ficaram soterrados de tal forma que, ainda hoje, em 2021, há desaparecidos.
Em outubro, o corpo do mecânico Uberlândio Silva, de 55 anos, foi localizado. A identificação foi confirmada no mês seguinte. Com isso, sete corpos ainda não foram encontrados. A Polícia Federal indiciou 19 pessoas e as empresas Vale e TUV SUD pelo crime.
Em 1/2/1974, o incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo, deixou 187 mortos e 300 feridos. Imagens das chamas tomando conta do prédio e de pessoas desesperadas se atirando para a morte para escapar do fogo aterrorizaram e comoveram a população.
O incêndio começou com o curto-circuito em um aparelho de ar condicionado no 12º andar. E se alastrou rapidamente, já que as salas tinha divisórias e móveis de madeira, cortinas de tecido e piso acarpetado. Com as escadas em chamas, muitos pegaram o elevador (o que nunca se deve fazer em incêndios) e ficaram presos. Outros não conseguiram sair dos escritórios.
Bombeiros não tinham como pousar o helicóptero no prédio e usaram cordas para se pendurar e resgatar quem estava encurralado. Da rua, pessoas mostravam placas dizendo "Coragem, estamos com vocês". O socorro mobilizou 1.500 bombeiros. A tragédia foi retratada em filmes e dizem que o prédio tornou-se mal-assombrado.
Em 31/10/1996, um Fokker 100 da TAM caiu na Rua Luís Orsini, em Jabaquara, São Paulo, matando 99 pessoas: todos os 96 passageiros e tripulantes, além de três pessoas no solo. O avião tinha saído de Caxias do Sul (RS) e ia para Recife, com escalas em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro.
Investigações mostraram que houve falha no reversor de empuxo de um dos motores, o que causou perda de velocidade e sustentação da aeronave. O laudo apontou precariedade na manutenção do equipamento. O trem de pouso entrou dentro de uma casa (foto).
Em 29/09/2006, um avião da Gol que seguia de Manaus para o Rio de Janeiro com escala em Brasília, colidiu no ar com um Legacy da Embraer quando sobrevoava o Mato Grosso. O avião se despedaçou e caiu na Serra do Cachimbo. Os 154 tripulantes e passageiros morreram.
O piloto do Legacy conseguiu fazer pouso de emergência na Base do Cachimbo. O laudo apontou duas causas para o acidente: erro do controlador e inoperância do aparelho que indica a posição de aviões no Legacy. A Gol não foi culpada.
Em 17/7/2007, um avião da TAM que tinha partido de Porto Alegre explodiu ao chegar a Congonhas (SP). O piloto não conseguiu frear, ultrapassou o limite da pista e bateu no prédio da TAM e num posto de gasolina. As 187 pessoas a bordo e 12 em solo morreram.
O laudo apontou que houve erro do piloto, além de falta de infraestrutura aeroportuária, ausência de ranhuras na pista e excesso de autonomia dos computadores do avião.
Em 27/01/2013, um incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), deixou 242 mortos e 636 feridos. O fogo começou quando o vocalista da banda Gurizada Fandangueira acendeu um sinalizador e faíscas atingiram a espuma de isolamento acústico. Quatro pessoas foram condenadas: dois sócios, o vocalista e o produtor musical da banda.
Em 29/11/2016, o avião que levava a delegação da Chapecoense e jornalistas para a final da Copa Sul-Americana, na Colômbia, caiu no Cerro Gordo, área de mata a apenas 30 km do aeroporto de Medellín. O laudo apontou falta de combustível por erro de planejamento. 71 pessoas morreram. 6 sobreviveram.
No réveillon de 1988-1989, 55 pessoas morreram no naugráfio do Bateau Mouche IV, na Baía de Guanabara. A embarcação navegava em direção a Copacabana, perto do Pão de Açúcar, quando afundou. Oficialmente, o naufrágio se deu entre 23h50 e 0h09.
Laudo mostrou que o barco estava com 142 pessoas a bordo, mais do que o dobro da capacidade (62). Além da superlotação, ficou constatado o mau estado de conservação. Entre os mortos, a atriz Yara Amaral, de 52 anos.
Em 18/03/1946, Aracaju teve o maior acidente ferroviário do Brasil. O trem superlotado, com 1.000 passageiros, descarrilou entre as estações de Riachuelo e Laranjeiras, deixando 185 mortos e 300 feridos.
Acidentes de trem também causaram tragédias no Rio de Janeiro. Foram 4 em apenas 15 meses, em 1958 e 1959. Os mais graves foram a colisão de dois trens entre as estações da Mangueira e São Francisco Xavier, com 115 mortos e 300 feridos; e a batida de dois trens em Paciência, com 62 mortos e 100 feridos.