Foi preso nesta terça-feira (31/10), no Rio de Janeiro, Taillon de Alcântara Pereira, o miliciano que os traficantes tentaram executar equivocadamente, resultando na morte de três médicos em um quiosque na Zona Norte da cidade no começo de outubro.
Além de Taillon, a PF prendeu seu pai, o ex-sargento da PM Dalmir Pereira Barbosa, apontado como um dos chefes da milícia de Rio das Pedras.
Ambos eram conhecidos por serem extremamente violentos no comando da organização criminosa.
Os dois foram abordados pela PF na Avenida Abelardo Bueno, na Barra da Tijuca, enquanto saíam de um estabelecimento comercial.
Em 2008, Dalmir, também conhecido como Barriga, foi mencionado na CPI das Milícias como um dos líderes da comunidade Rio das Pedras. Em 2009, o MPRJ o acusou de fazer parte da milícia.
Dois anos depois, em 2020, o miliciano enfrentou acusações junto com outras 44 pessoas por envolvimento em uma organização criminosa.
Segundo as autoridades, Barriga detinha controle sobre várias áreas da comunidade, incluindo a gestão do transporte alternativo, venda ilegal de gás de cozinha, internet e "serviços de segurança".
Dalmir enfrentou várias investigações, incluindo tentativa de assassinato, lavagem de dinheiro e extorsão qualificada.
No ano de 2011, a Polícia Militar registrou sua expulsão nos registros da corporação, devido a violações éticas e negligência em suas obrigações como policial.
Em dezembro de 2020, o filho, Taillon já tinha sido detido em uma ação realizada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio.
Em julho de 2022, Taillon recebeu uma sentença de 8 anos e 4 meses de prisão por envolvimento em uma organização criminosa que operava na Zona Oeste.
Ele permaneceu preso até março de 2023, quando foi colocado em prisão domiciliar. Em setembro, o miliciano conseguiu liberdade condicional.
Relembre o caso: Em outubro, três médicos foram assassinados a tiros em um quiosque na orla da Barra da Tijuca, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Uma das vítimas, o médico Perseu Ribeiro Almeida, teria sido confundido com o miliciano Taillon Pereira Barbosa. Ele levou 5 tiros.
Outro médico morto no ataque foi o ortopedista Diego Ralf Bomfim, de 35 anos de idade, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim, representante do PSOL-SP. Ele levou 8 tiros.
Além disso, Diego era cunhado do deputado Glauber Braga, também do PSOL.
A terceira vítima foi Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos. Ele levou 6 tiros sendo dois na cabeça, um na nuca, um costas, um braço esquerdo e um na barriga.
De acordo com os laudos médicos, as vítimas receberam 19 disparos durante o ataque. As informações são do portal "g1".
A ordem das execuções dos criminosos teria partido de chefes do Comando Vermelho, que estariam contrariados com a repercussão do caso, já que inocentes acabaram mortos.
Os criminosos suspeitos do crime podem ter morrido horas depois. De acordo com o jornal "O Globo", os bandidos podem ter sido mortos entre 10 ou 12 horas após o crime no quiosque.
A investigação aponta para essa hipótese, a partir da análise dos quatro cadáveres encontrados em dois carros, também na Zona Oeste, com uma rigidez muscular generalizada.
Sobrevivente ao ataque dos criminosos, o médico paulista Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, foi transferido para um hospital particular de São Paulo no dia 09/10. Ele foi atingido por 14 tiros e precisou passar por uma cirurgia nas pernas.
O crime aconteceu na madrugada do dia 05/10. Câmeras de segurança flagraram toda a ação dos bandidos.
As imagens mostram três homens de preto descendo de um carro na Avenida Lúcio Costa e executando os médicos a sangue frio.
Pelas imagens das câmeras, dá para ver que o crime foi cometido à 0h59.
Outros clientes que estavam no estabelecimento no momento do atentado fugiram assustados. Toda a ação durou menos de um minuto.
Pouco antes do incidente, os médicos tinham postado uma selfie no local.
Após a repercussão do crime, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, decidiu que a Polícia Federal auxiliaria nas investigações do caso, devido à proximidade de uma das vítimas com dois parlamentares federais.
Os médicos vieram de São Paulo e estavam hospedados no Hotel Windsor, na Avenida Lúcio Costa. Eles participariam do 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo.