Nesta quarta-feira (01/11), membros da Câmara dos Estados Unidos decidiram não cassar o mandato de George Santos, um político brasileiro que faz parte do Partido Republicano, que atualmente tem controle sobre a Casa.
Para que a medida fosse aprovada, era necessário o apoio de pelo menos 290 deputados, o que representaria dois terços do total.
No entanto, somente 179 deputados apoiaram a expulsão, enquanto 213 se opuseram à cassação; 19 se abstiveram.
Mesmo com a vitória, é provável que o brasileiro ainda enfrente novas tentativas de cassação. O comitê de ética da Casa está trabalhando em um relatório sobre as acusações contra o deputado, que será divulgado em 17 de novembro.
O brasileiro foi indiciado por 23 crimes no fim de outubro, incluindo fraude eletrônica, lavagem de dinheiro, roubo de fundos públicos e até foi acusado de ter cobrado dinheiro do cartão de crédito de doadores de campanha sem o consentimento deles.
George é suspeito, por exemplo, de intermediar a venda de um megaiate de R$ 100,4 milhões. O FBI apura o caso.
Em entrevista ao programa "Piers Morgan Uncensored", em fevereiro de 2023, o brasileiro admitiu que inventou histórias para conquistar votos. "Fui um terrível mentiroso", disse.
Ele disse que não queria "enganar o povo" e que pretendia apenas "ser aceito" pelos adeptos do Partido Republicano. Depois desses casos, cresceu a pressão pela renúncia do político na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.
Santos também é acusado de outras irregularidades e de golpes. Uma análise de registros e documentos revelou que pode ter havido, inclusive, violação de regras de financiamento de campanha.
A imprensa americana divulgou que, em 2017, George foi acusado de passar a criadores de cães cheques sem fundos no valor de US$ 15 mil (cerca de R$ 78 mil) para compra de filhotes de raça. Apenas um deles registrou queixa à polícia e fez, posteriormente, um acordo com Santos.
Recentemente, a CNN Brasil ouviu Pedro Vilarva, ex-namorado de George Santos. Ele afirmou que o ego de George é tão grande que ele jamais vai renunciar, apesar das pressões que vêm sofrendo desde que suas mentiras foram descobertas.
George concorreu e venceu nas eleições de meio de mandato em novembro. Filho de imigrantes brasileiros, com cidadania americana, ele foi eleito deputado federal e ganhou uma cadeira no Congresso ajudando o Partido Republicano a garantir uma estreita maioria.
Aos 34 anos, George é o primeiro brasileiro a conquistar uma vaga no Congresso Americano.
A imprensa americana noticiou que George não se formou em universidade nem trabalhou no Citigroup Bank ou no Goldman Sachs Investment Bank, ao contrário do que tinha informado.
Na verdade, George nunca trabalhou no mercado financeiro. Ele inventou currículo, falsos empregos e uma fortuna inexistente.
Ele também inventou que a mãe era uma das sobreviventes do atentado às Torres Gêmeas do World Trade Center, ocorrido em 11 de setembro de 2001.
George derrotou o democrata Robert Zimmerman em um distrito que abrange Queens e Long Island, Seu partido ficou com 222 cadeiras, contra 212 dos democratas, na Câmara em Washington.
Para isso, o novo político, que surgiu em 2020 nos EUA, recebeu o apoio de Donald Trump, presidente até janeiro de 2021.
George atraiu votos, por exemplo, ao dizer que queria "defender o sonho americano para todos os filhos de imigrantes" que vão para os Estados Unidos. Mas depois declarou publicamente que é contra a entrada de imigrantes no país (tese de Trump).
Furiosos por terem sido enganados, eleitores fizeram protestos pedindo que George renunciasse ou fosse afastado do cargo.
Eles também pressionaram para que o político fosse investigado com rigor. "Ele é uma vergonha. Deveria estar preso", disseram alguns.
Judeus também fizeram protesto porque George mentiu que era judeu para ganhar votos e doações de campanha.
George chegou a inventar que os seus avós fugiram do Nazismo na Europa, sobrevivendo ao Holacausto.
A atriz e cantora Barbra Streisand, que é judia, chamou George de "mentiroso patológico" nas redes sociais.
A mãe de George, que morreu em 2016, nasceu em Niterói (RJ) e foi para os Estados Unidos nos anos 1980. Ela trabalhava como faxineira quando conheceu um imigrante brasileiro, que era pintor. O casal teve George, em 1988.
Em aplicativos de encontros, ele se apresentava com diferentes nomes e nacionalidades. Rapazes que marcaram encontros com ele se disseram enganados e até lesados financeiramente.
George morou no Brasil em 2008 com a mãe e a irmã. A família viveu em Niterói (RJ) e na época ele foi acusado de fazer compras em uma loja usando cheques roubados.
O caso de estelionato foi suspenso pela Justiça porque George não foi localizado. Mas, com a notícia de sua eleição nos EUA, o Ministério Público pediu a reabertura do caso.