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Aluna da USP acusada de desviar quase R$ 1 milhão depõe à justiça


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A primeira parte do julgamento da estudante acusada de desviar mais de R$ 920 mil do fundo de formatura da 106ª turma de medicina da Universidade de São Paulo (USP) encerrou na noite desta terça-feira (31/10).

divulgação / usp

De acordo com o Tribunal de Justiça, durante o julgamento, foram escutadas três pessoas que foram vítimas, duas que depuseram a favor da acusação, e uma que apoiou a defesa, além da própria acusada, Alicia Dudy Muller.

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Duas vítimas e duas testemunhas programadas para comparecer ao tribunal não estiveram presentes na 7ª Vara Criminal.

Imagem de 2541163 por Pixabay

A próxima etapa do caso envolve a revisão de uma investigação adicional, que foi requisitada nesta terça (31/10).

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Se o juiz aceitar o pedido, haverá um prazo para que as partes façam suas últimas declarações. O processo continua sendo mantido em sigilo pela Justiça. Relembre o caso a seguir.

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A estudante de Medicina Alicia Muller, da USP, foi acusada de desviar mais de R$ 900 mil da festa de formatura da turma.

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Ela é presidente da comissão de formatura da turma 106 do curso de Medicina.

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Ela alegou que a empresa contratada para o evento - Ás Formaturas - não estava administrando bem o dinheiro depositado e ela decidiu sacar e fazer aplicações por conta própria, mas acabou "fazendo péssimas aplicações e perdendo o dinheiro".

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A empresa afirma que enviou e-mail alertando a comissão de alunos de que Alicia estava fazendo saques.

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Alicia disse que usou parte do dinheiro "para benefício próprio" com aluguel de carro e de apartamento, além da compra de um iPad Pro. E afirmou que tentou recuperar parte do dinheiro fazendo apostas numa lotérica.

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Os investigadores já descobriram que ela fez transferências e depósitos para ela mesma entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, com valores diferentes a cada mês. O maior deles, de R$ 604 mil; e o menor, de R$ 2,8 mil.

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A polícia também descobriu que Alicia estava sendo acusada por uma lotérica de tentar fazer aposta de alto valor sem fazer o pagamento.

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Em junho de 2022, ela tentou apostar, de uma só vez, R$ 891.530. A gerente pediu comprovante por pix e o valor era de 891 reais na tentativa de enganar a lotérica.

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A princípio, Alicia responde ao processo em liberdade, após deixar 110 alunos sem o dinheiro para a comemoração.

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O TAB UOL ouviu representantes das empresas BRL Eventos e 2052 Produções Fotográficas e eles deixaram claro que o setor teve uma expansão impressionante de uma década para cá.

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Segundo a BRL, as turmas fazem uma espécie de concorrência na tentativa de promover a melhor festa. E isso acaba envolvendo muito dinheiro.

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Se antes os alunos alugavam um espaço e chamavam no máximo uma banda ou um DJ, agora eles querem festejar em lugares bem mais amplos e chamando atrações badaladas, pagando cachê pela apresentação. Para isso, vendem ingressos para a celebração.

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Por isso, até pavilhões de eventos, como o Expo Center Norte e São Paulo Expo, em São Paulo, são disputados pelos formandos.

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Lugares assim são imensos e sem decoração. Então, também é grande o gasto para forrar paredes, botar enfeites e alugar mobiliário.

Divulgação BRL Eventos

As comidas, atualmente, ficam em buffet aberto, com separação por itens da preferência dos convidados (regional, vegetariano, japonês, etc). As bebidas incluem marcas importadas de gim, vodka e uísque.

Divulgação BRL Eventos

O TAB UOL ouviu a Associação Brasileira de Empresas de Formatura e Afins, que estimou em R$ 1 milhão a R$ 3 milhões os gastos com uma formatura no modelo atual desejado pelos formandos.

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Segundo a associação, cerca de 5 mil festas de formatura são realizadas a cada ano no Brasil.

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A associação estima que os eventos movimentem, ao todo, cerca de R$ 7 bilhões ao ano, gerando 6,5 milhões de empregos diretos.

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Para efeito de comparação, a indústria automobilística gera 421 mil empregos no Brasil.

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A associação foi criada há 5 anos para tentar zelar por esse mercado, pois o tamanho do negócio atrai empresas consideradas "predadoras", capazes de ficar com o dinheiro dos alunos sem promover a festa.

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São 200 associados. Mas a entidade estima que haja 1.500 empresas de promoção de formaturas, entre outros eventos, no Brasil.

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Só em 2022, o Procon de São Paulo recebeu 332 reclamações de consumidores contra empresas de formatura. A maior incidência foi nos meses de janeiro, fevereiro, abril e maio.

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Medicina é o curso mais disputado entre as empresas especializadas nas festas de formatura. O preço pode chegar a R$ 11 mil por formando. E este valor alcança R$ 35 mil quando a universidade é privada.

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Outro caso parecido aconteceu em Maringá, no Paraná, onde mais de 100 alunos de uma universidade particular afirmam que foram lesados por uma empresa e ficaram sem a festa de formatura.

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Um jantar que tinha sido encomendado deu problemas, segundo os alunos, porque houve atraso e descumprimento de vários itens. Na véspera de um baile, tudo foi retirado do salão e a festa não aconteceu.

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A justiça autorizou o bloqueio de R$ 3 milhões da empresa, que alega não ter recebido os valores combinados pelos estudantes. A polícia investiga o caso e está ouvindo estudantes e representantes da empresa.

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