Quando chegou à Ucrânia para lutar contra os invasores russos, o atirador de elite (sniper) Wali provocou comentários - uns falsos, outros verdadeiros.
Ele chegou a ser dado como morto e redes sociais divulgaram que ele foi abatido 20 minutos após chegar ao país. Em resposta, Wali publicou uma foto inimaginável. Ele, armado com rifle, num brinquedo infantil: uma piscina de bolinhas.
Wali é considerado um dos maiores snipers da história por sua precisão em tiros de longa distância. Ele é o atual recordista ao abater um inimigo durante a guerra do Iraque a uma distância de 3,5km, quebrando um recorde que já era incrível (2,4km).
Acertar um alvo humano a 400m é considerado façanha para poucos. Acima de 500m, um sniper já é considerado muito bom. Afinal, a esta distância, vento e pressão atmosférica prejudicam muito a mira. Imagina então acertar um alvo a 3,5km (35 campos de futebol).
Wali nunca divulgou o seu número de tiros certeiros. Mas usa o fuzil McMillan tac-50, atualmente a Ferrari das armas de longa distância.
O canadense integra uma seleta lista dos melhores snipers da história. E o FLIPAR mostra agora quem são eles.
Sargento Assombroso (Brasil) - As listas normalmente trazem soldados que se destacaram em grandes guerras ou as batalhas mais midiáticas (Vietnã, Iraque, Afeganistão). Mas o FLIPAR faz menção honrosa ao Sargento Marco Antonio, o "Assombroso". Carioca, nascido em 1957, tornou-se o maior sniper brasileiro.
Já era famoso quando, em 1999, aos 42 anos, aceitou ir para o Haiti ajudar o Brasil a retomar uma área de milícia. Na batalha mais importante, ele teve um acerto de 100%. Cada tiro matou um inimigo. O número de baixas não foi mencionado, mas foram dezenas.
Assombroso já deu baixa, mas segue como um dos mitos militares do Brasil. E agora vamos aos Snipers que entram em todas as listas. Muitos viraram tema de filme.
Francis Pegahmagabow (Canadense) - Nasceu em 1891 e morreu em 1952. Celebridade no Canadá e o atirador que ajudou a construir a fama de que os canadenses produzem alguns dos melhores atiradores do mundo.
Pegahmagabow foi o Sniper mais letal da I Guerra, somando 378 mortes confirmadas de alemães em batalhas na França. Ganhou todas as honrarias militares possíveis no Canadá e ao voltar para casa passou a ser ativista da causa indígena.
Vasily Zaytsev (Rússia) - Nasceu em 1915 e morreu em 1991. O mais renomado dos snipers russos e herói da II Guerra. Suas façanhas ocorreram na Batalha de Stalingrado (hoje Volgogrado), contra o exército alemão. Oficialmente abateu 252 inimigos com seu fuzil Mosin-Nagant.
Ainda durante a guerra se criaram várias lendas em torno dele (primeiro à esquerda na foto), incluindo o fato de que o melhor atirador alemão passou a ter como única missão matar Zaytsev.
Esta história nunca foi confirmada, mas virou um filme famoso: "Circulo de Fogo", em que Zaytsev é interpretado por Jude Law (foto). O filme aumentou a fama do atirador no mundo. Ele morreu em 1991 aos 76 anos.
Ivan Sodorenko (Rússia) - Nasceu em 1919. Embora sem a fama de Vasily Zaytsev, abateu 502 inimigos alemães. Considerado o militar russo com a maior precisão que já existiu. Ganhou o título de herói de guerra e passou a ser o mais respeitado professor de tiro do país. O major Sodorenko morreu em 1994.
Lyudmila Pavlichenko (Ucrânia) - Nasceu em 1916 em Bila Tserkva, a 80 km de Kiev. Morreu em 1974. Foi a melhor sniper feminina de todos os tempos. Campeã de todos os torneios de tiro de que participou (contra homens), alistou-se durante a II Guerra e logo virou lenda, especialista em eliminar snipers inimigos.
Das 187 mortes de inimigos confirmadas (309 extraoficiais), 36 foram de atiradores alemães. Lyudmila usava o Tokarev SVT-40. Ela acabou sendo ferida na guerra e, depois de recuperar-se, passou a ser instrutora.
Carlos Hathcock (EUA) - Nasceu em 1942 e morreu em 1999. Este fuzileiro foi o sniper de maior fama na guerra do Vietnã. Campeão americano de tiro de 1965, foi para a guerra em 1966. Em números oficiais abateu 93 inimigos. Extraoficialmente foram 400.
Seu armamento era uma Winchester 70 (na foto, sendo usada por Hathcock). Ganhou várias honrarias militares (incluindo a cobiçada Estrela de Prata). Mas a maior homenagem foi algo raro: um armamento que leva seu nome. Ou melhor, seu apelido.
É o fuzil M-25 White Feather (Pena Branca). Era assim que os vietnamitas se referiam ao sniper.
As façanhas deste sargento serviram como base para o filme "Sniper" de 1993, com Tom Berenger. Hathcock morreu de esclerose aos 57 anos.
Juba (Iraque) - Seu nascimento é desconhecido, assim como seu nome. Porém, ganhou muita fama porque filmava os seus tiros que abatiam soldados americanos e divulgava na internet (foto meramente ilustrativa).
Além disso, Juba gostava de deixar pistas de onde atirou. Isso fez dele uma celebridade e muitos quadrinhos lançados pelos iraquianos contavam os seus feitos. Sua arma era um fuzil soviético Dragunov.
Imagina-se que tenha morrido em combate, pois desde 2008 não publicou mais vídeos. O filme "The Wall" (2017) tem Juba como o grande inimigo americano no Iraque. Como curiosidade: muitos atiradores iraquianos gostam de ser chamados de Juba.
Chris Kyle (Estados Unidos) - Nasceu em 1974 e morreu em 2013. Atirador de elite da Marinha (Seals), construiu a fama por abater oficialmente 160 inimigos. Assim como Hathcock, já citado anteriormente, ganhou a condecoração "Estrela de Prata".
Tornou-se celebridade nos Estados Unidos e ganhou fama mundial por causa do filme "Sniper Americano" (2014), que conta a sua história e é baseado em seu livro de mesmo nome. Kyle é interpretado por Bradley Cooper (foto de cena do filme).
Tinha o apelido de "A Lenda". Morreu de forma trágica. Já fora do exército, foi a um stand dar tiros esportivos e um veterano de guerra com problemas mentais o matou. Seu assassino está em prisão perpétua. Um memorial (foto) foi feito para Kyle no Texas.
Simo Hayha (Finlândia) - Nasceu em 1905 e morreu em 2002. É o Pelé dos Snipers e primeiro colocado em todas as listas sobre atiradores. Não por acaso. Em 1939, famoso por sua perícia, foi convocado para combater a Rússia, que havia invadido o país. E arrasou.
Camuflando-se no gelo e com arma obsoleta na época (sem mira telescópica) abateu 505 inimigos em números registrados (e 709 extraoficialmente). Como usava camuflagem branca nesta batalha na neve, ganhou o apelido de Morte Branca.
As centenas de abates ocorreram em apenas 100 dias, pois ele levou um tiro que estraçalhou sua mandíbula, deixando seu rosto deformado para sempre. Mas antes de desmaiar de dor, ele matou quem o atingiu. Deu baixa como tenente e morreu em 2002, aos 97 anos. É o maior herói da Finlândia.
Craig Harrison (Inglaterra) - Ficou famoso quando, em 2009, durante a guerra contra os talibãs afegãos, deu dois tiros a uma distância de 2,5km. Cada um abateu um inimigo. Normalmente um atirador é elogiado ao acertar alvos a 400m. O feito de Craig foi considerado uma façanha. Um recorde que demorou para ser quebrado.
Craig Harrison atuou nas Forças Armadas Britânicas entre 1990 e 2014. O seu fuzil era o McMillan TAC-50, já mostrado nesta galeria, uma "Ferrari" das armas de longa distância.
Todos esses fazem parte de uma história que tem um capítulo particular na história das guerras. Atiradores altamente letais à distância e, por isso, extremamente temidos.