A americana Claudia Goldin ganhou o Prêmio Nobel de Economia por desenvolver pesquisas as mulheres no mercado de trabalho. Historiadora econômica e professora da Universidade Harvard, ela tem 77 anos e é a terceira a receber o prêmio de Economia.
A primeira foi a americana Ellinor Ostrom, em 2009, por seus trabalhos que mostram que a empresa e as associações de usuários são às vezes mais eficazes que o mercado.
A segunda foi a franco-americana Esther Duflo, laureada junto com os pesquisadores Abhijit Banerjee e Michael Kremer, por trabalhos no combate à pobreza, em 2019.
Outra mulher a ganhar o Nobel em 2023 é a ativista iraniana Narges Mohammadi. Ela recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em reconhecimento à luta contra a opressão das mulheres no Irã e em prol de direitos humanos para todos. Ela está presa justamente por essa batalha.
O Nobel de Medicina também foi para uma mulher (a húngara Katalin Karikó), dividindo o prêmio com o americano Drew Weissman por pesquisas sobre RNA mensageiro que abriram caminho para vacinas contra a Covid-19.
O reconhecimento do talento de mulheres é algo que vem se consolidando com o tempo. Ao longo da história, mulheres vêm se destacando por conquistas importantes em sociedades originalmente patriarcais. Veja momentos relevantes nessa caminhada.
Em 1791, a ativista política Olympe de Gouges redigiu à Rainha da Inglaterra o primeiro documento a mencionar um direito aparentemente simplório hoje em dia: Direito de subir à tribuna" (artigo X).
A "Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã exigia a igualdade jurídica e legal das mulheres em comparação à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, cujos artigos excluía a possibilidade de acesso feminino a instituições públicas, liberdade profissional e direitos de propriedade.
Olympe de Gouges também defendia a emancipação das mulheres e a instituição do divórcio na França do século XVIII.
Em 1929, Alzira Soriano assumiu a prefeitura de Lajes, no Rio Grande Norte. Ela foi a primeira mulher eleita prefeita da América Latina. Apesar dos ataques discriminatórios, teve 60% dos votos.
Na época, antes mesmo que as mulheres tivessem direito ao voto no Brasil, a notícia ganhou destaque no jornal The New York Times como fato inusitado. Aqui, uma foto de Alzira Soriano com membros de seu gabinete.
Em 24/02/1932 foi assegurado às mulheres (Decreto 21.076) o direito ao voto no Brasil. Os nomes mais importantes nessa luta no país foram Leolinda Daltro e Bertha Lutz, pioneiras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) em 1922.
Aqui, foto dos membros da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), em 1922.
Primeira deputada federal da história do Brasil, Carlota Pereira de Queirós foi eleita pelo estado de São Paulo em 1934. Em sua participação política, fundou a Academia Brasileira de Mulheres Médicas em 1950 e foi a única mulher no Plenário do Palácio Tiradentes à época.
Aqui, foto de Carlota Pereira de Queiroz durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1934.
Em 1957, a "Convenção sobre a Nacionalidade de Mulheres Casadas", assinada pela ONU, assegurou que as mulheres pudessem conservar ou mudar de nacionalidade independentemente da vontade do cônjuge.
"A nacionalidade da mulher casada com um estrangeiro" foi o tema da tese de Direito defendida por Bertha Lutz, em 1933.
Em 1962, a "Convenção Sobre o Casamento por Consenso, Idade Mínima para Casamento e Registro de Casamentos" teve o objetivo de respeitar universalmente os direitos humanos e assegurar que os matrimônios acontecessem de forma consensual entre as partes.
Apesar de abarcar também os homens, esta é uma vitória particularmente significativa para as mulheres, visto que certos costumes e antigas leis impunham o chamado casamento forçado de mulheres adultas ou meninas.
"Unequal marriage", uma pintura do século 19 do artista russo Pukirev, retrata um casamento arranjado, no qual uma jovem é forçada a se casar contra a sua vontade.
Em 1964, a "Convenção dos Direitos Políticos das Mulheres" entrou em vigor no Brasil. Impulsionado pela luta das mulheres, o documento assinado pelas Nações Unidas visava a promover a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Entre eles, "o mesmo direito de ocupar todos os postos públicos.
Antes da "Convenção dos Direitos Políticos das Mulheres", Maria Quitéria de Jesus (27 de julho de 1792 21 de agosto de 1853) foi a primeira mulher a fazer parte do Exército Brasileiro.
Em 1984, entrou em vigor a "Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher", filha da antiga declaração de 1967. Entre os artigos, As mesmas oportunidades que os homens para obtenção de bolsas de estudos.
Em 2006, é promulgada a Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) como forma de prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Maria da Penha é uma farmacêutica bioquímica que em 1983 foi vítima de tentativa de feminicídio, cometido pelo seu parceiro. A lei criou medidas de proteção e endureceu a pena.
Fundado em 2009, com sede em Fortaleza e representação em Recife, o Instituto Maria da Penha (IMP) é uma organização não governamental sem fins lucrativos, cujo objetivo é enfrentar a violência doméstica contra a mulher.
Em 2019, a Primeira Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília reivindicou direitos femininos em diversos segmentos. Entre outros, manutenção da terra, fim da violência e representatividade em instituições.
Em 1/1/2023, com a posse do presidente Lula, Sônia Bone de Sousa Silva Santos, conhecida como Sônia Guajajara (da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão) passou a ser Ministra dos Povos Indígenas.