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Conheça Cassandro, primeiro lutador gay a vencer o preconceito na lucha libre


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Com a alcunha de Cassandro, Saúl Armendáriz, de 53 anos, marcou a história da "lucha libre", do México. O lutador foi o primeiro gay e drag queen da modalidade a se tornar campeão mundial e ganhou um filme, protagonizado por Gael García Bernal, disponível no Prime Vídeo.

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Em 35 anos de carreira, o profissional se tornou um ícone queer e teve sua história comentada no último mês por causa da atuação do ator mexicano. Na obra, Bernal teve tanto destaque que passa a ser cotado para uma indicação ao Oscar.

Divulgação/Instagram do artista

Vale destacar que o filme estreou mundialmente no Festival de Cinema de Sundance deste ano. Na condução da obra, está o documentarista vencedor do Oscar, Roger Ross Williams (Love to Love You, Donna Summer e Music by Prudence).

Divulgação/Instagram do artista

Além dele, o filme é estrelado por  Roberta Colindrez, Perla de la Rosa, Joaquín Cosío e Raúl Castillo, com participações especiais de El Hijo del Santo e Bad Bunny. A estreia no Amazon Prime Vídeo aconteceu no dia 22 de setembro. 

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Cassandro se tornou o primeiro exótico a ganhar um campeonato de luta livre, quando faturou a categoria peso-ligeiro da Associação Universal de Lutas (UWA). Na foto, Bernal esbanjou talento ao contar a história de superação do lutador.

Divulgação/Amazon Studios

Desde criança, Saúl era fã da "lucha libre", mas acompanhou um esporte cercado de homofobia e preconceito. A partir da década de 40, os lutadores que subiam ao ringue maquiados, com perucas ou roupas ligadas às mulheres, eram denominados como "exóticos"

Divulgação/Instagram do artista

No ringue, esses personagens eram ligados apenas à veia cômica, com vilões e palhaços. Fora os insultos homofóbicos da plateia e o descrédito por quase nunca vencerem suas lutas e serem diminuídos pelo uso da maquiagem e peruca.

Divulgação/Instagram do artista

Nascido entre as cidades de El Paso, no Texas, e Ciudad Juárez, no México, o lutador acompanhou países que são repletos de pequenas arenas, com personagens mascarados, vilões, enredo e golpes improvisados e combinados previamente.

Divulgação/Facebook do artista

Então, em 1988, Saúl iniciou sua carreira utilizando uma máscara preta e branca, com o corpo magro e movimentos ágeis. No início, usou o nome de Mister Romano, mas logo foi influenciado pelo lutador exótico chamado Baby Sharon, que o fez mudar de vez seu estilo e trajes.

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Com o tempo, Cassandro foi ganhando forma e em sua primeira luta como exótico, ainda sem o codinome oficial, usou uma blusa da mãe e a cauda do vestido da festa de 15 anos da irmã.

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O nome Cassando passou a ser utilizado em homenagem à dona de um bordel em Tijuana, no México. Essa senhora era conhecida por doar parte de seu dinheiro às crianças de ruas e famílias de baixa renda.

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Com looks e gestuais cada vez mais extravagantes, maquiagem, topetes e roupas cintilantes, Saúl começou a se tornar uma lenda queer. Com a popularidade, passou a ser escolhido para lutas melhores e ganhar os combates.

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Na cinebiografia, o lutador se inspirou na protagonista da novela "Cassandra", a preferida de sua mãe. Em 1991, entrou no ringue para uma das lutas mais importantes de sua trajetória. Mesmo com a derrota para Hijo del Santos, teve seu desempenho elogiado e recebeu o cachê de 25 mil dólares.

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Saúl passou também a ter bons resultados nas famosas "lutas de apostas". É comum na modalidade, que os lutadores fazem apostas com algumas prendas mais "severas". Entre elas, está raspar o cabelo, ter que revelar a identidade por trás da máscara ou até não pode mais utilizar o nome escolhido para o combate.

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"Quando eu era criança, pensava que não era ninguém", disse Saúl em entrevista à revista "The New Yorker", ao revelar que sofreu agressões sexuais na infância.

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"Pensava que era rejeitado. Achei que não pertencia a este mundo. E quando me tornei lutador exótico, senti algo do tipo: 'Uau, estou em casa', completou.

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Toda fama e popularidade tem seu preço, e Saúl sentiu isso na pele. O lutador teve diversas contusões e cirurgias e foi esfaqueado por uma senhora, quando andava pela plateia. O preconceito o fez também receber uma xícara ardente de pimenta verde nas costas, jogado por uma idosa. 

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Depois da morte da mãe, em 1997, enfrentou problemas com bebida alcoólica e cocaína. Além disso, chegou a morar no quintal de um amigo, porém conseguiu dar a volta por cima e tatuou em suas costas a data de sua sobriedade: 4 de junho de 2003.

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"Tudo aquilo fazia, eu me sentia como a Mulher-Maravilha", salientou Saúl.

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Cassandro, portanto, tornou-se embaixador da luta livre e ícone gay. Atualmente, é responsável por palestras sobre diversidade em lugares como a Embaixada dos EUA na Cidade do México e universidades locais.

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No ringue, segue sua carreira e promete turnês na Inglaterra, França e Japão. Do mesmo modo, que contribuiu para que lutadores mexicanos consigam vistos americanos. No momento, já são mais de cem profissionais que ganharam a ajuda de Saúl.

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A Lucha libre refere-se à wrestling profissional, que é pautada em formas de combate, com diferentes técnicas e movimentos. Nesta área, é comum o uso de máscaras e os movimentos aéreos, conhecidos como high-flying moves, também adaptados nos Estados Unidos. 

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Nas regras da lucha libre, o vencedor é definido quando um lutador faz-se o pin no oponente, assim como a contagem até três. Existem outras formas de vitória como a desistência, nocaute, contagem até 20 fora do ringue e desqualificação. 

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Entre as estrelas que marcaram a lucha libre mexicana estão: Hijo del Santo, Gory Guerrero, Rey Mysterio, Jr. Místico e Juventud Guerrera e Blue Demon. 

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