Superar uma tragédia é uma missão dura para qualquer pessoa. Perder o braço em um acidente, então, requer muita força e apoio. Uma passageira está viralizando ao mostrar sua rotina quatro anos após passar por essa situação.
No dia 5/11/2019, Ana Beatriz Oliveira, aos 18 anos, viu sua vida mudar completamente no caminho do trabalho. Ela teve o braço decepado na janela de um ônibus, em Campinas, interior de São Paulo.
Acidente com passageiros em transportes coletivos acontecem com certa frequência no Brasil.
Um passageiro morreu após cair de um ônibus em movimento, em novembro de 2022, no centro do Rio de Janeiro. O coletivo estava lotado e o homem estava encostado na porta. Quando foi feita a curva, ele caiu.
Outro homem morreu, em junho deste ano, ao cair do ônibus em uma estação de BRT, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Há pelo menos mais dois casos de mortes em acidentes no BRT.
Ana Beatriz conseguiu sobreviver. E da tragédia ela encontrou forças para dar a volta por cima.
Quatro anos após o acidente, a vendedora compartilha a própria história no TikTok, onde já possui mais de 4 milhões de visualizações.
A dificuldade trouxe ensinamentos. Ana Beatriz relata ter se tornado uma pessoa mais feliz e madura.
'Eu tinha uma mente muito fechada, me importava mais comigo e era uma pessoa um pouco mais egoísta. Abriu muito minha cabeça. Hoje em dia consigo lidar melhor com as coisas, aprendi muito, inclusive a dar mais valor à vida', disse ela ao G1.
A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) havia divulgado que Ana Beatriz colocou o braço para fora da janela quando o ônibus passava próximo a um poste, mas a versão foi desmentida.
A família dela afirmou que a traseira do veículo bateu no poste e Ana estava com o braço apoiado na janela.
'(O impacto) Quebrou todo o vidro. Lembro que vi meu braço caindo e tive aqueles cinco segundos de adrenalina. Não senti nada, só estourou e eu vi caindo. Fiquei desesperada pensando que ia morrer, porque eu estava vendo tudo apagando, como se fosse desmaiar, porque estava perdendo muito sangue. Mas não desmaiei em nenhum momento', relembra Ana.
Ela recebeu os primeiros socorros de passageiros até a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Os médicos tentaram reimplantar o membro, mas não conseguiram. 'Só queria ver minha mãe', relata.
Procurada pelo G1, a Emdec afirmou que as informações da época eram preliminares. Além disso, destacou que cabe à Polícia Civil investigar as causas e responsabilidades.
Ana ficou 17 dias internada e passou por duas cirurgias. No período, a família buscou blindá-la das redes sociais para evitar que ela visse críticas de pessoas que colocavam a culpa nela.
Ela tem um processo aberto contra a VB transportes, empresa responsável pelo ônibus. Ana também espera uma prótese que custa mais de R$ 100 mil.
'Querendo ou não, uma prótese é bem cara. Fui ver e a que preciso é de R$ 100 mil para cima, isso as mais simples. As biônicas, que têm movimento, são bem mais caras, acima de R$ 180 mil', conta.
Ana Beatriz trabalha em uma loja de departamentos e diz estar adaptada. Ela ainda ajuda a mãe a cuidar do irmão, que é uma pessoa com deficiência.
O sonho de Ana é entrar em um curso de recursos humanos. Enquanto isso, ela se aventura.
Ana busca aumentar as postagens nas redes sociais. O objetivo é mostrar as adaptações que faz no dia a dia.
O sucesso surpreende. Ela postou um vídeo às 2h30 da madrugada e já possuía 200 mil visualizações pela manhã.