Cada vez mais, bandos de orcas atacam embarcações
Barcos turísticos estão proibidos de se aproximarem de orcas em Portugal. O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas de Portugal informou que a determinação, anunciada em julho, vale até o fim do ano.
A medida se deve a ataques de orcas, em bando, contra embarcações. As investidas vêm se intensificando e chegam a durar uma hora, causando pânico nos tripulantes e passageiros.
Além de Portugal, esse problema também vem ocorrendo na Espanha. O instituto Orca Atlântica revelou que houve um aumento das atividades das orcas no Estreito de Gibraltar neste ano de 2023.
Esse estreito liga o mar Mediterrâneo com o oceano Atlântico, no extremo sul da Espanha, e o Marrocos, no noroeste da África.
Greg Blackburn, que estava a bordo de uma embarcação que sofreu um dos ataques, disse que o bando tinha seis orcas e que uma maior apareceu, dando impressão de que seria mãe do grupo.
Para Greg, essa orca de maior porte agia como se estivesse "educando" os filhotes a avançar contra a embarcação.
Dois dias depois, no mesmo local, um grupo de três orcas atingiu um iate, perfurando o leme
Mais uma vez, ele percebeu a "orientação" da mãe: As duas pequenas orcas observaram a técnica da maior e, com uma leve correria, também batiam no barco.
O site Live Science afirmou que esses ataques são dirigidos principalmente a barcos à vela e seguem um padrão: as orcas se aproximam da popa para atingir o leme.
Quando conseguem parar o barco, as orcas parecem perder o interesse. E saem de perto.
Por causa do ataque, a guarda costeira espanhola resgatou a tripulação e rebocou o barco para Barbate, mas ele afundou na entrada do porto.
Barbate é um município da Espanha na província de Cádiz, comunidade autónoma da Andaluzia, com cerca de 23 mil habitantes numa área de 142 km² .
O biólogo Alfredo López Fernandez, da Universidade de Aveiro, participa do Grupo de Trabalho Orca Atlântica.
Alfredo disse que desde 2020 estuda essas interações de orcas com pessoas (no caso, as que estão no barco), mas o fenômeno do ataque a embarcações tem ganhado impulso recentemente.
Segundo o especialista, embora possa parecer estranho para os leigos, uma das hipóteses é "trauma" referente a algo que ocorreu e que desencadeou uma postura defensiva.
Um grupo de orcas tem sido acompanhado desde 2020 exatamente por causa desse comportamento incomum de atacar embarcações, especialmente veleiros.
Em mais de 500 eventos de interação registrados desde 2020, há três navios afundados. Estimamos que as orcas só tocam um navio em cada cem que navegam por um local.
Além do Estreito de Gibraltar, as orcas também chamam atenção na Galiza, comunidade autônoma da Espanha, que fica ao norte de Portugal, com 2,7 milhões de habitantes.
As orcas, apesar de uma certa confusão em relação a isso, não são baleias. Elas fazem parte da família dos golfinhos.
A fama de orca, de forma equivocada, como baleia, se propagou por causa do filme "Orca", de 1977, produzido nos Estados Unidos.
Embora o título original fosse apenas "Orca", no Brasil o distribuidor apelou para atrair atenção e cchamou de "Orca, a Baleia Assassina". Já em Portugal, os gajos não cometeram esse erro e deram o nome de "Orca, a Fúria dos Mares"
O filme foi estrelado por Richard Harris, no papel de Nolan, capitão de um navio que fere uma orca prenha (e ela perde o filhote). O macho, então, faz de tudo para se vingar dos tripulantes da embarcação.
Uma orca pode pesar até nove toneladas. Portanto, ao bater no barco, dependendo do tamanho da embarcação, pode causar sérios danos.
Curiosamente, a orca é o segundo mamífero de maior área de distribuição geográfica (perde apenas para o homem,). Ela é encontrada em todos os oceanos.