Nesta quinta-feira (16/11), a Americanas divulgou seu relatório financeiro referente a 2022, revelando um prejuízo financeiro acumulado de R$ 12,9 bilhões, o dobro do registrado no ano anterior.
A empresa justificou que esses números desfavoráveis são atribuídos a um desempenho operacional fraco e despesas financeiras elevadas.
Ao término do período, a companhia apresentou um patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões e uma dívida líquida real de R$ 26,3 bilhões.
As demonstrações financeiras auditadas, enviadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), indicam também um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativo de R$ 6,2 bilhões.
Em contrapartida, a receita líquida da empresa alcançou o montante de R$ 25,8 bilhões.
Já o resultado financeiro consolidado de 2022, por sua vez, registrou um saldo negativo de R$ 5,2 bilhões.
Essas cifras, divulgadas nesta manhã, representam os primeiros dados apresentados desde que a Americanas submeteu seu plano de recuperação judicial à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, em março.
Curiosamente, no ano de 2021, a empresa havia anunciado o seu maior lucro histórico, atingindo R$ 731 milhões.
Contudo, foram identificadas irregularidades nos dados financeiros anteriores da empresa. As informações são do portal g1.
Quanto às perspectivas futuras, a Americanas projeta que até dezembro de 2025 o patrimônio líquido da empresa deve voltar ao saldo positivo, e a dívida financeira bruta será aproximadamente de R$ 1,5 bilhão.
A Americanas também prevê um aumento nas vendas e na rentabilidade dos clientes por meio da Ame, uma empresa que atua como uma carteira digital para transações na Americanas e em outras varejistas.
Segundo a empresa, porém, as expectativas estão sujeitas a fatores externos, como as condições de mercado, o desempenho da economia brasileira, do setor e dos mercados internacionais.
"Será uma recuperação judicial bem complexa. Além das margens, que são extremamente baixas para a companhia, outro ponto de bastante atenção é a 'qualidade' dos credores", declarou a empresa no início deste ano.
Segundo informações da varejista, a disponibilidade em caixa em janeiro era de R$ 800 milhões.
A empresa chegou a apresentar, em seu plano de recuperação, o leilão de uma aeronave de avaliada em mais de R$ 40 milhões e uma cadeia de hortifruti.
O plano também delineou medidas para que a Americanas supere suas dificuldades financeiras e prossiga com suas operações.
"A Americanas segue focada em busca de um consenso para a aprovação do Plano de Recuperação Judicial, com avanço significativo nas negociações após o anúncio da capitalização de R$ 12 bilhões por parte dos acionistas de referência", comunicou a empresa.
"O plano [de recuperação], que já está em curso, promove maior assertividade nos produtos para revenda, assim como novos modelos de precificação e modulação de sortimento para ampliar as vendas no canal físico e a margem bruta da Companhia, segue a nota.
"Outros pilares importantes são a renovação das lojas físicas, a otimização dos custos de ocupação e revisão de processos para oferecer excelência na jornada dos consumidores. Além disso, a plataforma digital da Americanas terá também foco no marketplace", finaliza.
Só de janeiro de 2023 para cá, as ações da empresa tiveram uma queda de 91,14%.
Considerada uma das maiores redes de varejo do Brasil, a Americanas foi fundada em 1929 e segue em operação até hoje, apesar das dificuldades.