O presidente da China, Xi Jinping, sinalizou que pode retomar a chamada "diplomacia do panda" com os Estados Unidos.
O governante chinês encontrou-se com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Califórnia, no dia 15 de novembro.
A reunião acenou com a possibilidade de um abrandamento das tensões entre as duas potências globais. "O planeta Terra é grande o suficiente para os EUA e a China", declarou Jinping.
Em um jantar após o encontro, Jinping indicou que os pandas podem ser "os enviados da amizade entre o povo chinês e americano.
Certamente, se a República Popular da China tomar a decisão de devolver alguns dos pandas aos Estados Unidos, lhes daríamos as boas-vindas de novo, declarou John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos.
"Diplomacia do panda" é como se tornou conhecida a prática da China de presentear países com esses graciosos mamíferos.
É uma forma que o país controlado pelo Partido Comunista encontrou para ajudar a estabelecer laços internacionais e melhorar a sua imagem mundo afora. O modelo ficou consagrado pela expressão "soft power".
Os pandas gigantes são um símbolo e tesouro nacional chinês. Eles são associados a ideias de paz e gentileza, uma porta de entrada da nação oriental para o mundo.
A prática chinesa de presentear outros povos com pandas tem centenas de anos, havendo registros da época da Dinastia Tang, no século VII. O termo "diplomacia do panda', porém, surgiu durante a Guerra Fria.
Na história conturbada das relações entre Washington e Pequim, um momento emblemático da "diplomacia do panda" ocorreu em 1972.
Naquele ano, aconteceu célebre visita do então presidente americano, Richard Nixon, à República Popular da China para encontrar-se com o líder local, Mao Tsé-Tung.
O primeiro-ministro chinês Zhou Enlai ofereceu um casal de pandas gigantes aos Estados Unidos.
De acordo com relatos do período, Enlai teria ofertado o "mimo" diplomático após a primeira-dama Pat Nixon (foto) derreter-se com a "fofura" dos ursos que viu no zoológico de Pequim.
Em abril de 1972, o macho Hsing-Hsing e a fêmea Ling-Ling foram exibidos pelo governo americano como "um presente do povo da República Popular da China ao povo dos Estados Unidos".
O casal de pandas foi morar no Smithsonian's National Zoo, localizado na capital Washington D.C.
No transcorrer das décadas, mais ursos foram enviados aos Estados Unidos e se tornaram as principais atrações de zoológicos locais.
Diante da escalada das tensões entre Washington e Pequim, os chineses passaram a pedir a devolução dos pandas gigantes.
Em outubro de 2023, Mei Xiang e Tian Tian, que chegaram em 2000, e seu filhote de três anos Xiao Qi Ji (Pequeno Milagre, em chinês), que nasceu durante a pandemia, voltaram para o país oriental.
A previsão é de que os quatro pandas gigantes do Zoológico de Atlanta, na Geórgia, retornem à China no final de 2024.
No entanto, durante sua visita aos Estados Unidos Xi Jinping mostrou-se disposto a presentear novos ursos como forma de reaproximação com os Estados Unidos.
Em 2021, autoridades da China anunciaram que os pandas gigantes não constam mais da lista de animais sob risco de extinção.
Com o número de exemplares no patamar de 1,8 mil, a espécie passou para a classificação dos vulneráveis.
Na ocasião, Cui Shuhong, chefe do Ministério de Ecologia e Meio Ambiente e do Departamento de Conservação da Natureza e Ecologia, afirmou que essa mudança na classificação reflete a melhoria das condições de vida e os esforços da China em manter seus habitats integrados".