O Oceano Pacífico é maior da Terra, com uma superfície de 180 milhões de quilômetros quadrados. É tão imenso que nele caberiam 22 Brasis
Imagine, então, ficar perdido nessa imensidão azul, sem saber se alguém poderá encontrá-lo? Pois foi isso que aconteceu com um pescador salvadorenho. O FLIPAR mostrou essa história e republica para quem não viu.
Há 10 anos, em novembro de 2012, José Salvador Alvarenga saiu de Costa Azul, em Chiapas, no México, com um bote para pescar. Ele estava acompanhado do amigo Ezequiel Córdoba
O objetivo era passar 30 horas pescando e depois voltar ao vilarejo. O barco tinha 7 metros de comprimento, um motor de popa e um refrigerador para armazenar os peixes.
A dupla navegou 120 km na costa para pegar os peixes.
Mas, na virada da noite, aconteceu uma tempestade e eles começaram a retirar tudo do barco, para facilitar o retorno. Eles se desfizeram até mesmo de todo o pescado já obtido. E tentaram voltar logo à terra firme.
Eles passaram a noite navegando, a tempestade passou e, às 7h da manhã, José e o amigo já estavam a 24 km da costa. Eles achavam que chegariam com facilidade. Mas tudo piorou: o motor do barco parou de funcionar. E a dupla ficou à deriva.
O vento forte estava na direção contrária da costa e começou a empurrar o barco para o alto mar.
José usou o rádio para entrar em contato com seu chefe e avisar sobre o problema. Mas logo em seguida o rádio queimou.
O chefe mandou uma equipe de busca, mas não encontrou a dupla de pescadores, pois o vento já havia levado o barco para muito longe.
Após 5 dias, a estimativa é de que o barco já estivesse a 450 km da costa. Como o barco era pequeno, não havia possibilidade de ser avistado por um avião ou por um helicóptero.
Perdidos no oceano, os dois sobreviviam capturando aves que pousavam no barco.
Para se hidratar, eles pegaram garrafas que encontraram no oceano e armazenavam água da chuva. Quando não chovia, eles tomavam sangue de tartarugas que eles capturavam na água ou bebiam sua própria urina.
O tempo foi passando dessa forma desesperadora e, após quatro meses, Ezequiel perdeu as esperanças e começou a ter pensamentos suicidas. Além disso, ele ficou doente por causa da comida crua e não comeu mais nada. Morreu de inanição.
José ficou sozinho, perdido no oceano, com o amigo morto no barco. Ele contou, mais tarde, que chegava a falar com o morto, para fingir que ainda estava acompanhado. Mas, uma semana depois, teve que lançar o corpo do amigo ao mar.
José ficou esperançoso quando avistou um navio cargueiro. Mas quatro tripulantes apenas acenaram para ele e seguiram adiante.
Ou José já estava tendo visões irreais ou, de fato, o navio passou e os tripulantes não prestaram socorro - o que seria de uma perversidade sem tamanho.
Finalmente, em janeiro de 2014, ele viu cocos flutuando na água e percebeu que havia terra no horizonte. Era uma ilha. Ele conseguiu chegar até a costa.
Após 438 dias no oceano, José havia chegado às Ilhas Marshall, na Micronésia.
Ele ficou 11 dias internado, com pressão baixa e problemas nos tornozelos.
Especialistas estimam que José tenha percorrido cerca de 10 mil quilômetros pelo mar, até parar nas Ilhas Marshall, que fica no meio do oceano, longe de tudo. Essa é a distância aproximada de São Paulo a Londres, numa linha reta.
José voltou a El Salvador, sua terra natal, e reencontrou os pais, que ele não via desde que tinha migrado para o México, 8 anos antes. Ele passou a sofrer de hidrofobia (medo de água).
Depois de todo esse sofrimento, José ainda foi processado pela família de Ezequiel. José foi acusado de matar o amigo para praticar canibalismo.
A única versão existente é a do próprio José, por absoluta falta de testemunhas. Ele publicou um livro sobre o drama vivido, mas a própria "viagem" por tanto tempo no oceano chegou a ser colocada em xeque. Só que ele foi submetido a um polígrafo (detector de mentiras) e passou com louvor.
Por isso, sua história foi registrada oficialmente no Livro dos Recordes. Ele é a pessoa que por mais tempo ficou à deriva no oceano. Um recorde que ninguém quer bater...