Réu no processo dos atos golpistas de 8 de janeiro, Cleriston Pereira da Cunha sofreu mal súbito e morreu no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, no dia 20 de novembro.
O empresário, que tinha 46 anos, foi preso em flagrante dentro do Senado Federal e aguardava detido seu julgamento pelo Supremo Tribunal Federal.
Relator das ações de 8 de janeiro no STF, o ministro Alexandre de Moraes pediu à direção do Centro de Detenção Provisória 2, do Complexo da Papuda, informações detalhadas sobre a morte do réu.
A direção da penitenciária deve fornecer ao ministro do STF uma cópia do prontuário médico e um relatório dos atendimentos médicos recebidos pelo réu no período em que esteve preso no local.
De acordo com o portal UOL, o advogado Bruno Azevedo de Souza afirmou ter pedido oito vezes ao STF a liberdade provisória do réu alegando que ele sofria de "inúmeras comorbidades".
Nos pedidos, a defesa de Cleriston anexou relatório médico dizendo que o réu padecia com sequelas de Covid-19 e fazia tratamentos para diabetes e hipertensão.
O STF já condenou 20 réus pelos atos golpistas em Brasília (DF) no dia 8 de janeiro.
Na primeira semana de novembro, mais cinco pessoas foram condenadas por participação nas cenas de depredação às sedes dos três poderes da República.
Moisés dos Anjos - Morador de Leme, no interior paulista, ele foi detido dentro do Palácio do Planalto. Em seu celular, policiais encontraram fotos e áudios do dia da invasão comemorando a destruição do STF.
Rosana Maciel Gomes - A motorista de aplicativo de 50 anos foi presa dentro do Palácio do Planalto.
Fabrício de Moura Gomes - Morador de Ilhabela (SP), o empresário também foi preso dentro do Planalto.
Cláudio Augusto Felippe - Policial militar aposentado de 59 anos, mora em São Paulo e foi detido no Palácio do Planalto.
Osmar Hilbrand - Mais um dos condenados do STF que foi preso pela Polícia Militar dentro do Palácio do Planalto no 8 de janeiro.
Jorginho Cardoso de Azevedo - Como os outros quatro condenados nessa nova leva, o morador de São Miguel do Iguaçu (PR) foi preso na sede da Presidência da República.
Em meados de outubro, o STF condenou outros seis réus: Jorge Ferreira (Vale do Ribeira, SP), Cláudio Augusto Felippe (Jardim Jaraguá, SP), Jaqueline Freitas Gimenez (Juiz de Fora, MG), Marcelo Lopes do Carmo (Aparecida de Goiânia, GO), Reginaldo Carlos Beagiato Garcia (Jaguariúna, SP) e Edineia Paes da Silva Santos (Americana, SP).
No início de outubro, o STF havia condenado três acusados de tomar parte nos atos, formando a segunda leva de julgados.
Em sua sustentação, Moraes mencionou o fato de os investigados terem publicado imagens dos atos em suas redes sociais: "Mais estarrecedora é a quantidade de vídeos e imagens postadas em redes sociais por inúmeros criminosos que se vangloriavam deste enfrentamento e reiteravam a necessidade de golpe de Estado com a intervenção militar e a derrubada do governo democraticamente eleito".
Esses réus condenados são: Davis Baek (12 anos de prisão), João Lucas Valle Giffoni (14 anos de prisão) e Moacir José dos Santos (17 anos de prisão).
O primeiro condenado entre todos, no dia 14 de setembro, foi Aécio Lúcio Costa Pereira, de 51 anos. Ele foi enquadrado em cinco crimes: dano qualificado, deterioração de patrimônio público tombado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e associação criminosa.
A decisão do plenário do STF foi de oito votos a três pela condenação. A pena é de 17 anos de prisão.
Luís Roberto Barroso, André Mendonça e Kassio Nunes Marques propuseram absolvição parcial do réu, mas para tipos penais diferentes.
Revisor do processo, Kassio Nunes Marques defendeu pena de apenas dois anos e seis meses, em regime aberto. Em seu voto, ele definiu condenação somente por dano qualificado e deterioração de patrimônio público tombado.
André Mendonça, que assim como Kassio Nunes foi nomeado ao STF por Jair Bolsonaro, votou pela absolvição por golpe de Estado e condenação pelos outros crimes.
Já Barroso votou pela condenação por outros crimes exceto por abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Edson Fachin, Luiz Fux, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Rosa Weber seguiram integralmente o voto do relator, o ministro Alexandre de Moraes.
Os ministros definiram que o cumprimento da sentença se dará da seguinte forma: 15 anos e 6 meses em regime fechado e 1 ano e 6 meses em regime aberto.
Morador de Diadema, em São Paulo, Aécio Lúcio Costa Pereira foi funcionário da Sabesp (Companhia de Saneamento de São Paulo).
Ele foi preso em flagrante dentro do Congresso Nacional pela Polícia do Senado no próprio dia 8 de janeiro.
No dia 11 de janeiro, ele foi demitido da Sabesp após vídeo mostrando suas ações na casa legislativa circular na internet.
Em uma das filmagens de 8 de janeiro, ele aparece na Mesa Diretora do plenário do Senado com uma camisa em que se lia "intervenção militar federal".
Em outro vídeo, gravado por ele mesmo, o agora condenado se vangloria: "Amigos da Sabesp: quem não acreditou, tamo aqui. Quem não acreditou, tô aqui por vocês também, porra! Olha onde eu estou: na mesa do presidente".
No interrogatório que deu à Polícia Federal após ser preso em flagrante, Aécio Lúcio Costa Pereira declarou que foi ao Distrito Federal convidado por amigos que encontravam-se acampados no quartel do Exército em São Paulo, perto do Parque Ibirapuera.
O segundo réu condenado pelo STF foi Thiago de Assis Mathar por 8 votos a 3.
Mathar, de 43 anos, é produtor rural de Penápolis, em São Paulo, e pegou uma pena menor: 14 anos de prisão.
Matheus Lima de Carvalho Lázaro foi o terceiro condenado na sessão presencial, com pena de 17 anos de prisão.
Morador de Apucarana (PR), ele tem 24 anos. Nos atos, portava um canivete e enviou mensagens para a esposa declarando que iria quebrar tudo para o Exército entrar.