A Câmara Municipal de Belo Horizonte vota nesta sexta-feira (1/12) a cassação do presidente da Casa, Gabriel Azevedo (sem partido). A sessão no plenário marca mais um capítulo na relação de tensão entre o parlamentar e o secretário da Casa Civil de Minas Gerais, Marcelo Aro (PP). Durante participação em evento nesta quinta (30/11), o membro do governo estadual comentou a votação no Legislativo da capital e fez críticas ao rival político.
“Eu estou assistindo como um cidadão de Belo Horizonte. Um cidadão que ama Belo Horizonte, nascido e criado nesta cidade e tem um carinho muito grande pela cidade. Belo Horizonte tem muito potencial e é triste a gente ver que hoje nós temos um presidente da Câmara que não tem compromisso nenhum com a cidade. Nós temos hoje um presidente da Câmara Municipal cujo compromisso é com ele mesmo. Um cara que só pensa nele, no poder pelo poder. Então eu torço pra que tem um desfecho positivo”, disse Aro.
Influente sob uma parcela dos vereadores da capital, Marcelo Aro ganhou força dentro da Câmara a partir de abril, em meio a atritos entre Azevedo e o prefeito Fuad Noman (PSD). Desde então, o presidente da Câmara e o secretário colecionam trocas de farpas.
Gabriel acusou Aro, entre outras denúncias, de comandar um esquema de corrupção para bloquear a aprovação da lei de subsídio para o transporte público aprovada na Câmara após meses de negociações e entraves entre Legislativo e Executivo. Em resposta, no início de novembro, o secretário protocolou uma queixa-crime contra o vereador por calúnia, difamação e injúria.
Relatora do parecer pela cassação que vai a plenário, a vereadora Professora Marli (PP) também estava presente no evento que marcou o lançamento do Programa Mineiro de Acessibilidade, Inclusão e Saúde (Promais). Em entrevista, a parlamentar, que é mãe de Aro, também comentou sua expectativa para a votação.
“Olha eu espero muita serenidade e seriedade, porque nós trabalhamos muito desde que começou o processo de cassação. Eu entreguei o meu relatório e agora depende de cada vereador. Eu brinquei que é 'joelho no chão' e pensar naquilo que vai votar. O voto não é para cada um de nós, o voto é para Belo Horizonte. É para melhorar o que tá acontecendo entre a Câmara e a Prefeitura. Nós temos que caminhar juntos ninguém caminha sozinho”, afirmou.
A vereadora ainda disse que não atuou na articulação por votos pela destituição de Azevedo por ter se ocupado na produção do relatório. “Eu não sei o que que eu espero amanhã porque é muito difícil você voltar pela cassação de um colega. Eu acho muito difícil, ninguém quer isso, mas entramos no processo de cassação [...] Eu trabalhei tanto em cima do processo do meu relatório que eu não sei te contar como é que está essa articulação para amanhã”.
Gabriel é acusado de abuso de autoridade e agressões verbais a colegas de Câmara. Entre as denúncias destacam-se a suposta falsificação de assinatura do ex-corregedor do Legislativo municipal, Marcos Crispim (Podemos) para arquivar um outro pedido de cassação contra o presidente da Câmara; a ação ielgal na instauração de uma segunda Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lagoa da Pampulha
Em nota publicada na terça-feira (28/11), o presidente da Câmara disse que "aguarda, com tranquilidade, o desfecho do processo" .