O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking internacional de cirurgias plásticas, compilado pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (ISAPS). No entanto, relatos frequentes de trágicas fatalidades associadas a procedimentos estéticos e cirurgias plásticas fomentam a insegurança. Esses incidentes (ou, em alguns casos, crimes), comumente ligados à atuação de profissionais não licenciados e clínicas operando à margem da regulamentação, representam um sério risco à vida dos pacientes.

Para Fabio Nahas, cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a chave para evitar complicações e problemas de saúde durante e após a cirurgia plástica está na escolha criteriosa do profissional responsável pelo procedimento.

“A cirurgia plástica pode trazer transformações incríveis, mas também carrega riscos, como toda cirurgia. A primeira coisa que o paciente deve fazer é pesquisar se o profissional é membro da SBCP, no próprio site da organização. Com facilidade e online, também é possível pesquisar o histórico do cirurgião, seus processos anteriores, experiência profissional e acadêmica, publicação de estudos, e participação em congressos, por exemplo. Tudo isso deve ser avaliado para ter certeza de que aquele profissional tem o conhecimento necessário”, afirma Fabio.

Além da pesquisa criteriosa pelo cirurgião plástico, outro ponto de atenção está logo na primeira consulta. O paciente deve ficar atento caso lhe sejam prometidos resultados impossíveis de serem alcançados.

O médico explica que toda cirurgia plástica tem suas limitações que devem ser respeitadas, mesmo que muitos profissionais não o façam. “Alguns profissionais, para ganhar o paciente, dizem que tudo pode ser feito. Mas não é a verdade. A cirurgia plástica não é como uma roupa de tamanho único; ela deve ser pensada de forma individualizada para cada paciente, conforme o que ele necessita e o que é possível fazer", comenta.

"Também não é ético prometer resultados a partir de edição de imagens. Isso vai depender da cicatrização e fatores biológicos individuais, além do paciente ter seguido, ou não, todas as recomendações médicas”, aponta. 

 

Duas perguntas para Fabio Nahas, cirurgião plástico da SBCP

O que mais pode ser analisado para encontrar o profissional ideal?
A primeira coisa que a pessoa deve fazer é ver se o profissional está vinculado à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Muitos dos casos referentes a complicações e mortes por cirurgia plástica são consequências de procedimentos feitos por profissionais não-habilitados; muitos não são ao menos médicos de formação, mas sim de outras especialidades não habilitadas a realizarem tais operações. Na internet, também é possível verificar se o cirurgião plástico tem algum processo relacionado a sua prática. Caso tenha um histórico de processos judiciais ou reclamações graves, isso deve ser um sinal de alerta. Os pacientes também podem verificar suas credenciais, experiência, certificações e histórico de sucesso em procedimentos semelhantes.

Quais informações o cirurgião plásticodeve passar ao paciente?
O paciente deve expor todas as suas dúvidas ao profissional, que tem a obrigação de esclarecê-las, como os possíveis riscos da cirurgia, quanto tempo ela levará, qual anestesia será usada e principais cuidados pré e pós-cirúrgicos. Existem profissionais que, para “ganhar” o paciente, dizem que podem voltar rapidamente às atividades do seu dia a dia, como trabalho, exercícios físicos e tabagismo. Muitas pessoas consideram isso um facilitador para a escolha do médico, mas, na realidade, pode levar a complicações graves. Há um motivo para limitarmos algumas atividades, e todos são baseados em estudos científicos que realizamos ao longo de muitos anos. Por isso, sugiro que as pessoas repensem caso vão a um cirurgião plástico que promete um pós-operatório livre de restrições. O paciente deve também desconfiar caso o médico não pergunte a fundo sobre problemas de saúde e cirurgias anteriores, pois tudo isso pode interferir na cirurgia e apresentar riscos. Na consulta, tudo deve ser compartilhado com o médico:questões de saúde que teve durante a vida (até mesmo na infância), cirurgias realizadas (inclusive as estéticas) hábitos prejudiciais (como tabagismo e drogas), e uso de medicamentos controlados.