Saneamento básico. Esgoto na rua. -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Cerca de 49 milhões de brasileiros ainda vivem sem coleta de esgoto adequada no Brasil

crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Cerca de 49 milhões de brasileiros ainda vivem sem coleta de esgoto adequada no país, são 4,8 milhões de pessoas que sequer tem água encanada. O dado é de um novo recorte do Censo Demográfico 2022, divulgado nesta sexta-feira (23/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No caso da falta de esgotamento sanitário, esse número corresponde a 24% da população e expõe as mazelas da desigualdade. Entre os pretos e pardos — grupos que compõem pouco mais da metade da população brasileira — o percentual sobe para 68,6%.

São considerados descarte adequado o esgoto ligado à rede de coleta, que chega a 62,5% da população, e o uso de fossa séptica ou fossa-filtro como solução individual, que representa 13,2%. As duas categorias fazem parte do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).

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No caso do acesso a água, assim como acontece com o descarte de esgoto, há diferença entre os diferentes grupos raciais. Pretos e pardos representam 72% da população sem acesso adequado, enquanto brancos, 24%.

É considerado abastecimento inadequado quando o acesso ocorre por meio de carro-pipa (1%), rios, açudes, córregos e igarapés (0,9%), água de chuva armazenada (0,5%) ou outras formas de abastecimento (0,6%). De acordo com os dados, a dependência de carro-pipa e água da chuva está concentrada na região Nordeste, enquanto a de rios, açudes, córregos e igarapés, no Norte.

Em 2022, eram considerados abastecimento adequado o acesso por rede de distribuição (82,9%), poço profundo ou artesiano (9%), poço raso, freático ou cacimba (3,2%) e fonte, nascente ou mina: (1,9%).

O Censo apontou ainda que 1,2 milhão de pessoas, o equivalente a 0,6% da população, moram em residências sem nenhum banheiro ou sequer um buraco para dejeções, o que indica que precisam defecar e urinar a céu aberto. A desigualdade de renda também é observada no número de banheiros a cada domicílio, pois enquanto 5,4 milhões de brasileiros moram em lares com mais de quatro banheiros, 3,5 milhões não têm banheiro nem sanitário ou possuem apenas um buraco para dejeções.

 

Confira os destaques do Censo 2022

 

  • 62,5% da população do Brasil morava em domicílios conectados à rede de coleta de esgoto em 2022. Esse índice era de 44,4% em 2000 e subiu para 52,8% em 2010.
  • Em 2022, 97,8% da população tinham, no mínimo, um banheiro de uso exclusivo. Banheiros compartilhados por mais de um domicílio foram informados por 0,5% da população. Já 0,6% da população habitava domicílios sem banheiros, sanitários ou buracos para dejeções.
  • Coleta direta ou indireta de lixo atendia 90,9% da população em 2022. Os tipos de descarte mais frequentes foram o “Coletado no domicílio por serviço de limpeza” (82,5%) e o “Depositado em caçamba de serviço de limpeza” (8,4%).
  • Restrições de acesso a saneamento básico, em 2022, eram maiores entre jovens, pretos, pardos e indígenas. A população de cor ou raça amarela foi a que apresentou maior índice de acesso à infraestrutura de saneamento, seguida pela de cor ou raça branca.