Jardineiros submarinos -  (crédito: James BROOKS / AFP)

Jardineiros submarinos

crédito: James BROOKS / AFP

Sob uma tenda à beira de um fiorde no oeste da Dinamarca, voluntários e cientistas preparam mudas de ervas marinhas antes de transferi-las para a água e restaurar seu ecossistema, muito afetado pela desoxigenação.


O país escandinavo, com boa reputação em matéria ambiental, tem 7.500 km, 2, 17% de sua superfície total, afetados pelo problema, segundo a Agência Ambiental dinamarquesa, que classificou apenas cinco das 109 zonas costeiras como em “bom estado ecológico”.


Sem oxigênio, a flora e a fauna marinha desapareceram. Em Vejle, uma câmera de vigilância submarina instalada pela prefeitura detectou apenas um peixe em 70 horas.


Em um país onde mais de 60% da superfície está dedicada à agricultura, uma das maiores concentrações do mundo, os alarmes não param de soar.


Em 2022, um relatório da Universidade do Sul de Dinamarca (SDU) destacou o “mau estado ambiental” desse fiorde de 22 km de extensão devido à forte presença de nitrogênio procedente de fertilizantes, “em sua maior parte das correntes das regiões cultivadas”.


Quando a temperatura sobe, os problemas aumentam.


“Tivemos um verão muito quente no ano passado, 2023, o que provocou um enorme esgotamento do oxigênio”, disse à AFP Mads Fjeldsoe Christensen, um biólogo que trabalha com a prefeitura. “Foi muito grave e vimos muitos peixes mortos”.


Para amenizar a tragédia ambiental, cientistas e a prefeitura decidiram em 2018 reintroduzir ervas marinhas, que ajudaram a restaurar o entorno fundo do mar.


Nas zonas ainda prósperas, os cientistas retiram as ervas e logo, em terra, os voluntários envolvem os brotos ondulados em estruturas degradáveis para que os mergulhadores possam fixá-los facilmente no fundo do mar.


É um primeiro passo para o fiorde, cujo ecossistema colapsou nos últimos anos.


“A erva marinha é onde crescem todos os peixes, é como um jardim de infância para eles. Sem erva marinha não há ambiente para a população de peixes crescer”, explicou Fjeldsoe Christensen.

Voluntários preparam brotos de ervas daninhas para replantio, nas margens do fiorde de Vejle

Voluntários preparam brotos de ervas daninhas para replantio, nas margens do fiorde de Vejle

James BROOKS / AFP


Vida aquática


Desde o início do projeto, mais de 100.000 ervas foram plantadas em seis hectares do fundo do mar. Os mergulhadores redescobrem a vida aquática, com caranguejos e peixes. "Vemos os efeitos da restauração da natureza", afirma o biólogo Timi Banke, da SDU, que participa do projeto.


O Greenpeace organizou um "funeral" do fiorde em abril para chamar a atenção para o mau estado das zonas costeiras do país.


"Está mal de saúde porque não fazemos nada, mas não está morto", garantiu Banke, que celebrou a mobilização das ONGs e moradores locais. Cerca de 50 voluntários trabalharam com equipamentos científicos, apesar do mal tempo.


Em 8 de junho, Dia Mundial dos Oceanos, o centro de estudos "Taenketanken Hav" organizou mobilizações para plantar ervas marinhas em 32 locais do país.


Ao plantar ervas marinhas colocamos ênfase na restauração da natureza", explicou a diretora-geral da organização, Liselotte Hohwy Stokholm, em seu site.