Empresa diz que 'ressuscitou' lobos-terríveis, extintos há 10 mil anos
Segundo a Colossal Biosciences, o processo envolveu a edição genética de lobos-cinzentos modernos. Caso gerou polêmica entre membros da comunidade científica
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Siga noRômulo e Remo são os primeiros lobos-terríveis (em inglês, dire wolves) a existir em mais de 10 mil anos. Essa afirmação foi feita pela empresa Colossal Biosciences, com sede no Texas, nos Estados Unidos, conhecida mundialmente por seu projeto de “desextinção”. Os animais são frutos de uma versão moderna de clonagem e nasceram a partir da reconstrução genética de fósseis milenares.
Unindo engenharia genética, biologia sintética e conservação ambiental, a empresa tem o objetivo de "ressuscitar" espécies extintas que possam contribuir para a restauração de ecossistemas degradados.
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Segundo a Colossal Biosciences, o processo envolveu a edição genética de lobos-cinzentos modernos. Eles alteraram cerca de 20 regiões do genoma, usando variantes genéticas extraídas dos fósseis, pra criar animais com as principais características do lobo-terrível — como mandíbula maior, pernas mais musculosas e até uivos parecidos com os da espécie extinta.
Polêmica na comunidade científica
Apesar do anúncio, especialistas alertam: ainda é cedo pra dizer que os lobos-terríveis realmente voltaram. A Colossal ainda não divulgou os detalhes do experimento em revistas científicas, nem submeteu os dados à revisão de outros cientistas.
Sequenciamento de DNA
Cientistas da Colossal Biosciences sequenciaram o DNA de fósseis de lobos-terríveis e combinaram esse material com genes de lobos modernos. Em seguida, os embriões foram implantados em duas cadelas domésticas, que funcionaram como “mães de aluguel”.
Os lobos-terríveis são uma espécie pré-histórica. Eles viveram nas Américas durante a Era do Gelo e desapareceram há mais de 10 mil anos. Maiores e mais robustos que os lobos-cinzentos que conhecemos hoje, caçavam em grupo e podiam atingir até 1,5 metro de comprimento (sem contar o rabo), enquanto os lobos-cinzentos geralmente variam entre 1,0 e 1,4 metro. Eles não são ancestrais dos lobos atuais, apesar da semelhança física. Na verdade, pertencem a linhagens evolutivas diferentes.
Rômulo e Remo têm seis meses de vida e foram os primeiros a nascer. Recentemente, uma fêmea da mesma espécie também nasceu e recebeu o nome de Khaleesi — uma homenagem à personagem Daenerys Targaryen, da série Game of Thrones. Na série, os lobos-terríveis são mascotes da família Stark. No primeiro episódio, cada um dos filhos de Ned Stark adota um filhote da espécie, que os acompanha pela história.

O nome dos machos também têm significado simbólico. Segundo a mitologia romana, Rômulo e Remo foram dois irmãos gêmeos que foram amamentados por uma loba quando foram abandonados. Eles fundaram a cidade de Roma, e Rômulo se tornou seu primeiro rei.
A Colossal afirma que o objetivo do projeto é ajudar a restaurar ecossistemas degradados, usando a biotecnologia para ressuscitar espécies extintas e salvar outras que estão ameaçadas. Entre os planos da empresa estão também a recriação do mamute-lanoso e do tigre-da-Tasmânia.
Os lobos-terríveis recriados por engenharia genética ainda não serão soltos na natureza. Eles devem permanecer em ambientes controlados para estudo. A empresa explica que as tecnologias usadas nesse processo podem ser aplicadas, por exemplo, para ajudar na preservação do lobo-vermelho — uma espécie americana ameaçada de extinção. A ideia é usar os conhecimentos obtidos com a engenharia genética para fortalecer espécies vivas, como desenvolver elefantes com genes de mamute que resistam melhor ao frio.
A iniciativa, no entanto, gera controvérsia. Internautas compararam o feito ao enredo do filme Jurassic Park, em que a recriação de animais extintos causa consequências desastrosas. O projeto levanta questões sobre os limites éticos da ciência e da interferência humana na natureza.

Apesar disso, os cientistas da Colossal acreditam que a desextinção pode ser uma ferramenta valiosa no combate às mudanças climáticas e à perda de biodiversidade. Em suas redes sociais, eles afirmam: “Na Colossal, não vemos a desextinção como uma solução única, mas como parte de uma estratégia abrangente para reparar ecossistemas, combater mudanças climáticas e preservar a biodiversidade.”