O viés da negatividade é a tendência natural do nosso cérebro de dar mais peso a experiências e informações negativas do que positivas. É como se tivéssemos um "radar do pessimismo" sempre ligado, nos deixando mais alertas a perigos e ameaças.


A origem do viés da negatividade remonta aos tempos primitivos. Para sobreviver, nossos ancestrais precisavam ser altamente sensíveis a ameaças como predadores e perigos naturais. Esse foco no negativo, portanto, evoluiu como um mecanismo de proteção e alerta, essencial para a sobrevivência em um mundo imprevisível e muitas vezes hostil.


Além disso, Rick Hanson, neuropsicólogo que explora como esse viés molda nossa percepção do mundo, emoções e comportamentos, nos explica que nosso cérebro processa informações negativas mais rapidamente e com mais intensidade, liberando hormônios como o cortisol, que nos preparam para a ação. Já as informações positivas demoram mais para serem processadas e geram menos impacto criando um desequilíbrio na nossa memória, fazendo com que as experiências negativas pareçam mais frequentes e significativas do que realmente são.

 




Nos dias de hoje, o viés da negatividade continua a influenciar significativamente o comportamento humano e a percepção do mundo. No contexto das redes sociais e do consumo de notícias, essa tendência pode levar a um ciclo de feedback negativo, onde as pessoas são continuamente expostas a informações perturbadoras e alarmantes. Isso pode contribuir para um aumento dos níveis de estresse, ansiedade, autocrítica, baixa autoestima e pessimismo geral na sociedade. No ambiente de trabalho, o viés de negatividade pode afetar a moral e a motivação dos funcionários, com críticas sendo mais lembradas e internalizadas do que elogios.

Alguns exemplos do cotidiano:

Memória seletiva: lembramos mais de comentários negativos do que elogios.


Notícia sensacionalista: foca em eventos negativos para atrair a atenção do público.


Pensamentos negativos automáticos: diante de um desafio tendemos a focar nas dificuldades e obstáculos, ignorando nossas habilidades e recursos.

Dicas práticas para combatê-lo e cultivar uma mente mais positiva:

Praticar a gratidão: reconhecer e agradecer pelas coisas boas da vida. Criar um "diário da gratidão" ajuda a focar no positivo.


Cultivar o otimismo: treinar a mente para focar no lado positivo das situações aumenta a resiliência.


Treinar a atenção plena: meditar e praticar técnicas que nos ajudem a tomar consciência dos pensamentos e emoções no momento presente, permitindo que observemos os pensamentos negativos sem nos apegar a eles.


Confrontar pensamentos negativos: reconhecer e desafiar pensamentos negativos automáticos permite reformulá-los de maneira mais positiva ou neutra, questionando sua validade.


Buscar e criar experiências positivas: intencionalmente buscar atividades e experiências que trazem alegria e satisfação ajuda a equilibrar a tendência de focar no negativo.


Limitar a exposição a conteúdos negativos: reduzir a exposição a notícias negativas e mídias sociais pode diminuir a carga de estresse e ansiedade.


Autocompaixão: ser gentil e compreensivo consigo mesmo, especialmente em momentos de dificuldade, promove a autoaceitação e alivia o sofrimento.


Buscar ajuda profissional: se o viés da negatividade estiver causando sofrimento significativo, um terapeuta pode ajudar a desenvolver ferramentas de enfrentamento e construir uma relação mais saudável com seus pensamentos e emoções.


Lembre-se, o viés da negatividade não precisa definir sua realidade. Sócrates já alertava: "A mente é como um jardim. Você pode plantar flores ou ervas daninhas em seu interior".


A escolha do que consumimos molda nossa realidade. Ao tomarmos consciência desse viés e desenvolvermos estratégias para combatê-lo, podemos cultivar uma mente mais positiva, resiliente e propensa à felicidade.

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