
Menos é mais?
Essa corrida constante nos torna, de fato, mais felizes? O que realmente ganhamos ao acumular tanto?
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO

Vivemos em um mundo de excessos. Gavetas abarrotadas, agendas lotadas, mentes sobrecarregadas de informações. A todo momento, buscamos mais: mais sucesso, mais reconhecimento, mais coisas. Mas essa corrida constante nos torna, de fato, mais felizes? O que realmente ganhamos ao acumular tanto?
O minimalismo propõe um olhar diferente: menos pode ser mais. Não se trata apenas de reduzir posses, mas de reavaliar o que realmente importa. Como disse Henry David Thoreau, “nossa vida é desperdiçada em detalhes... simplifique, simplifique”.
Pesquisas apontam que o acúmulo excessivo impacta diretamente nosso bem-estar. Um estudo conduzido pelo Centro de Vidas Cotidianas de Famílias (CELF), da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), acompanhou famílias americanas para entender como o ambiente doméstico influencia o bem-estar. Os resultados mostraram que casas desorganizadas estão associadas a altos níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Quanto mais acumulamos, maior tende a ser nossa ansiedade. O que sua casa diz sobre você? Seu ambiente traz paz ou sobrecarga?
Mas essa sobrecarga não se limita ao material. O neurocientista Daniel Levitin, autor de “A mente organizada", explica que o excesso de informação drena nossa capacidade de concentração e decisão. Quando tudo exige nossa atenção, perdemos a clareza sobre o que é essencial. Como você tem usado sua atenção? O que merece prioridade em sua vida?
Talvez seja hora de uma pausa para reflexão:
-
Você possui as coisas ou as coisas possuem você?
-
O que há em excesso na sua vida que rouba sua paz? O essencial não se encontra no acúmulo, mas na escolha.
-
Se você tivesse que reduzir sua vida ao que realmente importa, o que permaneceria?
Minimalismo não é escassez, mas intenção. Na prática, significa fazer escolhas mais conscientes:
-
Manter apenas o que agrega valor – sejam objetos, compromissos ou relações.
-
Priorizar experiências significativas em vez de bens materiais.
-
Criar espaços físicos e mentais mais leves, eliminando excessos que geram estresse.
Leia Mais
Barry Schwartz, no livro “O paradoxo da escolha”, destaca que o excesso de opções pode levar à insatisfação e até à paralisia decisória. Diante de tantas possibilidades, podemos nos sentir perdidos, incapazes de valorizar plenamente o que já temos. Um exemplo disso é Steve Jobs, que adotava um guarda-roupa simples para evitar a fadiga decisória. Ao reduzir escolhas triviais, direcionava sua energia ao que realmente importava. E você? Quanta energia está desperdiçando tentando administrar o excesso?
O designer alemão Dieter Rams sintetizou essa ideia ao afirmar: “menos, porém melhor”. Não se trata apenas de reduzir, mas de priorizar o que realmente tem valor. Esse princípio pode ser aplicado em diversas áreas da vida:
-
No trabalho: priorizar qualidade em vez de quantidade.
-
Nos relacionamentos: valorizar conexões verdadeiras, deixando de lado laços superficiais.
-
No tempo livre: reduzir distrações digitais e redescobrir o prazer da simplicidade.
Nesse sentido, Dostoiévski nos lembra que “o segredo da existência humana não está apenas em viver, mas em saber pelo que se vive”. O minimalismo nos convida a essa reflexão, ajudando-nos a eliminar os excessos que obscurecem o que realmente tem significado.
Ser minimalista não significa renunciar a tudo, mas viver com mais intenção. Onde você pode trazer mais simplicidade para sua rotina? Quais excessos estão pesando sobre sua vida?
No final, não somos definidos pelo que possuímos, mas pelo espaço que criamos para o que realmente importa. Talvez seja a hora de abrir mão de um hábito desgastante, um pensamento que já não te serve mais ou um compromisso sem propósito.
Que tal começar agora? O que você pode simplificar hoje?
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.