O economista Gabriel Muricca Galípolo, 42 anos, tem uma qualidade cada vez mais escassa nestes tempos polarizados: a capacidade para dialogar com diferentes públicos. Indicado pelo presidente Lula para comandar o Banco Central a partir de janeiro do ano que vem – o mandato de Roberto Campos Neto termina em dezembro próximo –, Galípolo construiu a sua trajetória com um estilo pragmático, não se prendendo a dogmas. Por isso mesmo, os caminhos que o BC tomará sob a sua liderança permanecem como uma grande incógnita.
Ele resistirá às pressões do governo Lula para baixar os juros, mesmo se os sinais da inflação forem preocupantes? Cederá às investidas de empresários e do mercado financeiro? Por enquanto, a indicação de seu nome, que ainda precisa ser sabatinado pelo Senado, foi bem recebida. Em declaração recente, ele disse que o BC precisa ser conduzido de forma técnica. Parece óbvio, mas é importante assumir esse compromisso logo de cara para afastar as intromissões políticas.
Estrangeiros voltam a investir na bolsa brasileira
Os investidores estrangeiros começam a ensaiar um retorno à bolsa brasileira. Em agosto, eles ingressaram com R$ 9 bilhões na B3, a bolsa de valores de São Paulo. Contudo, o saldo permanece negativo em cerca de R$ 27 bilhões no acumulado do ano. O fluxo de capital estrangeiro começou a mudar em junho, quando surgiu a perspectiva de corte de juros nos Estados Unidos ainda em 2024. Juros menores na economia americana são um estímulo para investimentos de risco em qualquer parte do mundo.
Campos Neto diz que BC fará “o que for preciso” para conter inflação
Em um recado que pareceu endereçado ao presidente Lula, o chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a autarquia “fará o que for preciso” para atingir a meta de inflação estimada em 3% neste ano. Em outras palavras: não hesitará em aumentar os juros para conter a escalada de preços. Em evento promovido pelo banco Santander, Campo Neto também criticou o desequilíbrio fiscal que ameaça as contas públicas. “As despesas têm subido acima das receitas neste e nos últimos anos”, afirmou.
Crédito privado atrai investidores e quebra recorde de captação
A busca por diversificação dos investimentos tem atraído capital para o crédito privado. No primeiro semestre, conforme demonstrou a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), as ofertas no mercado de capitais movimentaram R$ 338 bilhões, mais do que o dobro da cifra captada no mesmo período de 2023. As debêntures incentivadas, títulos que se enquadram na categoria de crédito privado, levantaram R$ 64,4 bilhões, o maior valor da história para o período.
Rapidinhas
- O primeiro jogo no Brasil da NFL, a liga de futebol americano, impulsionou as vendas de passagens aéreas dos Estados Unidos para São Paulo, que receberá o evento no próximo 6 de setembro. De acordo com a Embratur, elas aumentaram 133% para a primeira semana do mês versus o mesmo período do ano passado. Os ingressos estão esgotados.
- A empresa mineira de softwares Sankhya comprou, por valores não revelados, a Vixting, especializada em sistemas de gestão de saúde ocupacional. Trata-se da oitava aquisição da Sankhya desde 2020, quando recebeu um aporte de R$ 425 milhões do fundo soberano de Singapura GIC. A Vixting tem uma carteira formada por 300 clientes
- As culturas tóxicas nas empresas, com cobranças exageradas e chefes ruins, são uma realidade no mundo corporativo brasileiro. Uma pesquisa feita pela empresa de recrutamento Talenses em parceria com a Fundação Getulio Vargas constatou que só 3,6% dos trabalhadores do país não sofreram com comportamentos prejudiciais dos gestores.
- A produção de veículos pesados está em alta no Brasil. De janeiro a julho de 2024, as montadoras de caminhões instaladas no país fabricaram 76,3 mil unidades – foram 53,9 mil no mesmo período do ano passado, segundo a Anfavea, a associação dos fabricantes. O agronegócio tem sido fundamental para o desempenho.
86%
dos brasileiros que fazem apostas esportivas online estão endividados, conforme pesquisa do Instituto Locomotiva. Jogos de azar, ressalte-se, não são a solução para problemas financeiros