Quase dois anos depois do início do mandato do presidente Lula, o governo parece, enfim, ter se dado conta de que é preciso zelar pelas contas públicas. Nos últimos dias, tanto o ministro da Economia, Fernando Haddad, quanto a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, reafirmaram a importância de manter algum nível de equilíbrio fiscal, sob o risco de o país não sair do lugar, ou ficar condenado a crescimentos pífios.
Ou pior ainda: flertar com o PIB negativo. Uma projeção feita pela Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado estima que, se não houver algum freio nas despesas, a dívida bruta brasileira alcançará 100% do P IB até 2028, um nível insustentável. No velho receituário petista, gasto é investimento – o presidente Lula em especial parece ser fã dessa lógica. Contudo, exemplos passados, inclusive no governo de Dilma Rousseff, mostram que tal modelo inevitavelmente levará ao abismo.
Especialista em infraestrutura vê riscos no enfraquecimento das agências reguladoras
O apagão em São Paulo reacendeu no governo o desejo de alterar a legislação das agências reguladoras. Na avaliação do especialista em infraestrutura, o advogado Fernando Vernalha, mudanças desse tipo tendem a enfraquecer as instituições, com um impacto negativo na agenda de investimentos em infraestrutura. “A ampliação da influência política sobre a regulação, como pretende o governo, poderá comprometer o seu caráter técnico e sua estabilidade a longo prazo”, diz Vernalha.
Enel não paga multas, e paulistas continuam sem luz
As autoridades regulatórias de energia no Brasil estão sendo feitas de bobas pela Enel, a operadora que atua em São Paulo. Desde 2018, quando assumiu as operações de distribuição de luz na capital paulista, região metropolitana e parte do interior, a concessionária pagou apenas 18% dos R$ 320 milhões em penalidades recebidas. Ou seja, as autoridades fingem que multam e a Enel finge que paga. Enquanto isso, milhares de paulistas continuam sofrendo com a ineficácia da empresa.
Abrir o capital não é bom negócio no Brasil
Nos últimos anos, abrir o capital no Brasil não tem sido um bom negócio. Um levantamento realizado pela assessoria financeira Seneca Evercore avaliou o desempenho das ofertas públicas de ações no país na última década. Desde 2014, houve 93 aberturas de capital no mercado brasileiro. Desse total, 84 companhias permanecem na bolsa, mas apenas 15 delas, o equivalente a modestos 18%, tiveram um desempenho positivo em relação ao seu preço fixado no IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês).
RAPIDINHAS
A EDP, empresa que atua em todos os segmentos do setor elétrico brasileiro, deu um salto no número de clientes varejistas, porta de entrada para o mercado livre, alcançando a marca de 661 unidades consumidoras. A EDP foi uma das pioneiras do setor, em 2018, ao criar uma das primeiras comercializadoras varejistas no Brasil.
- Cinco dias depois da tempestade que caiu na Grande São Paulo na última sexta-feira, clientes da operadora Claro continuavam até a tarde de ontem com o sinal de telefone e internet irregular. Nos últimos anos, a corriqueira falta de energia na região mais rica do país penalizou também clientes das empresas de telecomunicações.
- A brasileira Embraer vai investir US$ 70 milhões (R$ 400 milhões) para expandir a sua rede de manutenção, reparo e revisão nos Estados Unidos. O novo centro de serviços ficará sediada no Aeroporto Perot Field Alliance, em Fort Worth, com início das operações programado para o primeiro trimestre de 2025.
- A americana Amazon, uma das maiores empresas de comércio eletrônico do mundo, aposta suas fichas na diversificação dos negócios. Ela é uma das maiores investidoras da X-Energy, companhia especializada em reatores nucleares. Recentemente, o Google anunciou acordo similar com a startup de energia nuclear Kairos Power.