São 2.141 dias e uma possível resposta. Depois de seis anos, a Polícia Federal pode ter fornecido a tão aguardada solução à pergunta que ecoa na política brasileira: Quem mandou matar Marielle Franco? E Por quê? A revelação feita pelo The Intercept Brasil.
Em delação premiada, Ronnie Lessa, o ex-policial militar acusado de matar a vereadora e o motorista Anderson Gomes, apontou o ex-deputado Domingos Brazão como um dos mandantes do atentado, informação que contaminou as redes sociais e discursos mineiros. Ele nega a acusação.
Com a revelação, a direita bolsonarista em Minas, liderada pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), já começa a ensaiar um novo ato nos bastidores, uma vez que o suposto mandante do crime atuava com desenvoltura no espectro do "centrão" da política do Rio de Janeiro antes de se tornar conselheiro do Tribunal de Contas (TCE-RJ).
Na última eleição presidencial em que pôde se manifestar, Brazão declarou apoio à reeleição de Dilma Rousseff (PT) em 2014.
No X - antigo Twitter - Nikolas chegou a postar um vídeo onde o deputado federal André Janones (Avante-MG) passava mal.
“Segundo a delação, o mandante da morte de Marielle é o petista Domingos Brazão. A esquerda hoje.”, escreveu. A intenção de Nikolas e dos outros parlamentares bolsonaristas é questionar a ligação do mandante do crime com o partido do presidente Lula (PT), já que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi tantas vezes apontado por um possível vínculo ao crime.
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Do lado esquerdista, a rivalidade entre Brazão e Marcelo Freixo também se torna evidente. Marielle trabalhou com Freixo por 10 anos, até ser eleita vereadora em 2016.
A deputada federal Duda Salabert (Psol – rival de Nikolas Ferreira desde os tempos da Câmara Municipal – também vem destacando o fato de que a principal hipótese para o atentado que vitimou Marielle seria vingança contra o ex-deputado estadual pelo Psol, hoje no PT, e atual presidente da Embratur.
Vale ressaltar que Freixo está diretamente ligado a Lula, que o apoiou durante as eleições de 2022, quando o ex-parlamentar era candidato a governador do Rio de Janeiro. Como não foi eleito, ele ganhou um cargo no governo petista. A intenção da esquerda, agora, é culpar a oposição por atos extremos contra seus rivais.
Agora, com os próximos passos da investigação, a guerra de narrativas já está em andamento. Embora a direita e a esquerda demonstrem posições diferentes sobre a história, a verdade é que Marielle se tornou uma alavanca para discursos ideológicos independentemente de lados.
O QUE DIZEM AS DEPUTADAS MINEIRAS
Opinião sobre a nova revelação do caso Marielle
“Fomos eleitas legitimamente, mas somos ameaçadas por defender o povo mineiro. Isso nos alerta para outra situação: se nós, parlamentares que temos acesso a recursos, às autoridades policiais e até à proteção do Estado, o que tem passado as mulheres que não estão sob o holofote da mídia?”
Lohanna (PV), deputada estadual, que recebeu ameaças de morte
“A execução política da minha amiga e companheira, Marielle Franco, foi um caso extremo de violência política e de gênero, que trouxe à tona o debate sobre a forma como as mulheres são violentadas por exercer cargos públicos. Em relação à delação que foi dada, espero que a polícia apure a veracidade e também esperamos que uma conclusão desse caso possa vir até este ano."
Bella Gonçalves (Psol), deputada estadual que recebeu ameaça de morte
“É um recado de que não há impunidade. Em março de cada ano, desde o seu assassinato, alguns parlamentares, que fazem da violência e da violência política de gênero suas plataformas políticas, depreciam a memória de Marielle e atacam mulheres”
Beatriz Cerqueira (PT), deputada estadual
Tadeuzinho em Brasília
O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Martins (MDB-MG), retornou a Brasília para discutir a questão da dívida do estado com o senador Rodrigo Pacheco (PSD). Atuando como representante da Assembleia na capital federal, Tadeu tem desempenhado um papel crucial nas conversas sobre a possível adesão de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). O deputado tem dado suporte ao projeto de Pacheco, que propõe que, em vez de aderir ao regime, o estado apresente novas soluções para lidar com sua dívida.
Morte de PM
A morte do sargento Roger da Polícia Militar deve se tornar prioridade da agenda da direita quando as casas legislativas retomarem suas atividades. Apesar das inúmeras declarações provenientes de parlamentares vinculados à segurança pública, o assasinato ocorreu durante o recesso parlamentar, resultando na ausência de apresentação de novos projetos, além daqueles já discutidos no Senado, que visam pôr fim às liberações temporárias de detentos.
Caminhada da Justiça
Os moradores, vereadores e a ONG Amigos de Brumadinho estão organizando a caminhada "5 anos de impunidade" em memória da tragédia que resultou na morte de 270 pessoas devido ao rompimento da barragem de Córrego do Feijão. A concentração será feita no dia 25 - aniversário do acidente - e terá início às 9h na Praça de Eventos, ao lado da Quadra de Esportes, com a saída programada para às 10h em direção à Ponte Central. No Santuário, os participantes terão uma Missa e realizarão uma homenagem com fitas contendo os nomes das vítimas, além da entrega de corações. A caminhada seguirá em direção ao Letreiro, onde a Avabrum realizará um evento em memória dos falecidos.