O cabo de guerra entre o governador Romeu Zema (Novo) e o presidente Lula (PT) ganhou um novo capítulo durante a breve passagem do mineiro por Brasília. De um lado, o governador, que necessita do apoio de Lula para resolver a questão da dívida mineira, sentiu desconforto ao perceber que seu primeiro gesto de conciliação poderia ser politicamente prejudicial.

Por outro lado, o presidente, buscando manter uma imagem firme durante o evento que marcou um dos ataques à democracia, viu-se sem o apoio esperado de governadores e até mesmo de deputados de sua própria base. O desfecho da disputa, porém, revelou um cenário desfavorável para ambos.

Zema encontrou resistência em sua reunião no Ministério da Fazenda, enquanto Lula, necessitando transmitir uma imagem de unidade, discursou para um público reduzido em um evento de segurança reforçada, cercado por apoiadores já convertidos à sua causa.



O governador havia confirmado presença nos atos marcados pela Secretaria de Comunicação (Secom) de Lula para a manhã de segunda-feira, como adiantou o Estado de Minas. Pela primeira vez, Zema havia sugerido que poderia dar o primeiro passo para uma reconciliação com o petista. Entretanto, entre as 8h e as 15h, o chefe do Executivo mineiro foi aconselhado a desistir do encontro.

Reconhecido como apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e crítico de Lula, para os mais próximos de Zema, comparecer ao Congresso Nacional poderia sugerir uma barganha política. “Você me dá um pouco, e eu também te dou”.

Com a desistência, o governador dirigiu-se ao Ministério da Fazenda. No prédio, outrora ocupado pelo bolsonarista Paulo Guedes, Zema encontrou o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, aliado político do ministro Fernando Haddad, quando este ainda disputava as eleições para o governo de São Paulo. No meio das negociações sobre a dívida, acompanhado de seu principal aliado político, o secretário Marcelo Aro, Zema não obteve a resposta desejada.

Conforme apurado pela coluna, a discussão girou em torno do ofício enviado pelo governo mineiro em outubro de 2023 à Secretaria do Tesouro e ao Ministério da Fazenda, questionando o interesse da União na federalização da Codemig. Durante a reunião, que coincidiu com o evento de Lula, Zema reforçou essa questão, mas saiu do encontro sem uma resposta concreta.

Tiro pela culatra

O governador Romeu Zema usou suas redes sociais para criticar a demora do Congresso, presidido pelo senador Rodrigo Pacheco, em analisar o Projeto de lei 2.253/2022, que trata das saídas temporárias de detentos. Entretanto, Zema pareceu desconhecer que o relator do projeto é o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu apoiador.

Tramitação lenta

Após ter sido aprovado na Câmara, o texto está em tramitação na Comissão de Segurança Pública do Senado, com lentidão no processo desde que foi assumido por Flávio Bolsonaro em maio do ano passado, com seu relatório final concluído apenas em outubro. O projeto agora aguarda inclusão na pauta da comissão, e somente após votação lá poderá seguir para o lenário.

Tapinhas nas costas

Que o presidente do Congresso Nacional e o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais têm bom diálogo, todo mundo sabe. No entanto, surpreendeu o fato do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ter escolhido citar o deputado estadual Tadeu Martins durante o discurso que marcava os ataques aos Três Poderes. Elogiado pelo senador, o mineiro que estava apenas na plateia recebeu até mesmo um tapinha nas costas de seus companheiros.

Apoio a “Xandão”

Ainda durante a cerimônia que marcou o aniversário de um ano dos ataques golpistas, houve um momento descontraído. Quando anunciado como o próximo a discursar, Alexandre de Moraes, presidente do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, foi recebido com gritos de apoio. Entre eles, um "Xandão" vindo do meio da plateia, arrancando risadas de todos os presentes.

Primeiro ano na Câmara

A deputada federal Ana Paula Leão (PP-MG) comemorou os números da sua estreia como parlamentar em 2023, com 107 idas ao plenário, 131 reuniões de comissões temáticas, 299 votações nominais e 218 propostas legislativas. “Apesar de ser o meu primeiro ano de mandato, tenho a consciência que já assumi importantes responsabilidades como a presidência da Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite (FPPL) e a vice-presidência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR)”, declarou. (Ígor Passarini)

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