Nos corredores da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), as conversas circulam em torno do estado de saúde do governador Romeu Zema (Novo). Parlamentares da oposição têm feito piadas sobre a possibilidade de Zema estar com dengue, o que, segundo eles, é irônico por dois motivos: primeiro, a doença surgiu logo após uma polêmica envolvendo o desmonte da Filarmônica do estado; segundo, Minas Gerais lidera os casos de dengue no Brasil, com quase 1 milhão registrados.
Os parlamentares também vêm chamando a atenção para a falta de testes do governador, que, há três dias, ainda mantém o diagnóstico como “suspeita”. Além de que a ausência do governador em compromissos oficiais começou com um evento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, logo após uma polêmica envolvendo o compartilhamento da gestão da Sala Minas Gerais com o Serviço Social da Indústria (Sesi), que integra o sistema Fiemg.
Desde o início do surto de dengue no Brasil, Zema tem falado pouco sobre o assunto. A última vez que comentou sobre vacinação foi para desencorajar alunos de instituições públicas a buscar imunização. Ele foi criticado por isso, juntamente com os bolsonaristas Nikolas Ferreira (PL) e Cleitinho (Republicanos).
O que chama a atenção, além do diagnóstico, é que em 2023 houve significativa redução nos investimentos da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais no Programa de Fortalecimento do Sistema Estadual de Vigilância em Saúde, de R$ 123,2 milhões em 2021 para R$ 64,4 milhões em 2023.
Apesar do fim do período chuvoso, a dengue em Minas continua preocupando o sistema de saúde. Na última semana, foram registradas 53 mortes pela doença. Em 52 cidades mineiras, incluindo Belo Horizonte, a vacinação contra o imunizante Qdenga começou na rede pública, porém, a adesão é baixa, já que a divulgação tem sido feita apenas pelo governo federal.
Minas registrou 977.829 casos prováveis de dengue, dos quais 396.708 foram confirmados. Pelo menos 211 pessoas morreram devido à doença, e outros 653 óbitos estão sob investigação. Desde janeiro, o estado está em situação de emergência devido à alta incidência de arboviroses. Na última semana, o Brasil registrou um recorde histórico de mortes por dengue, com 1.116 casos nas 13 primeiras semanas de 2024.
'Saidinha da discórdia'
A relação entre o governador Romeu Zema (Novo) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a estremecer, depois de uma aproximação em torno da negociação da dívida de Minas com a União. Isso porque o chefe do Executivo mineiro usou as redes sociais para criticar o veto parcial de Lula à lei que proíbe a “'saidinha” temporária de presos. O presidente sancionou a maior parte do texto enviado pelo Congresso Nacional, mas vetou o trecho que acabou com o benefício de detentos em regime semiaberto em datas comemorativas.
'Inacreditável', diz Zema sobre Lula
“Inacreditável o Presidente da República apoiar criminosos contra a vontade dos brasileiros. A decisão dele em manter as 'saidinhas' de presos beneficia condenados, vários envolvidos em violência contra mulher, colocando em risco a segurança de todos. Lugar de bandido é na cadeia”, publicou Zema em sua conta no X (antigo Twitter).
Sintonia na negociação da dívida de Minas
Na disputa pelo protagonismo na resolução da dívida bilionária de Minas Gerais com a União, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), parece estar levando a melhor. Nesta semana, tanto ele quanto o vice-governador Mateus Simões (Novo) concordaram com a ideia de oferecer um desconto aos estados como forma de reduzir parte da dívida com a União. Simões inclusive chegou a endossar a proposta de Pacheco em Brasília defendendo a inclusão dessa alternativa na proposta a ser enviada ao Congresso para a renegociação das dívidas estaduais.
Remanejamento para hospital de JF
O governo de Minas anunciou o remanejamento de R$ 150 milhões destinados à conclusão do Hospital Regional de Juiz de Fora, na Zona da Mata, devido a problemas estruturais graves identificados na obra. Iniciada em 2009, durante a gestão de Aécio Neves (PSDB), a construção enfrenta desafios que demandam prioridade na resolução.
Afastamento na Petrobras
O juiz Paulo Cezar Neves Junior, da 21ª Vara Cível Federal de São Paulo, mandou suspender nesta sexta-feira o presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Pietro Mendes, sob alegação de conflito de interesses por também ser secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia. A estatal petrolífera já anunciou que vai recorrer da decisão judicial. O que chama atenção é que Mendes foi indicado para o conselho da Petrobras pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O ministro protagoniza um embate com o presidente da Petrobras, Jean Paul Partes.
Dilma tem derrota dupla
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou um recurso da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por injúria. O processo teve origem em um episódio ocorrido em 2014, ganhando destaque em agosto de 2019. Bolsonaro compartilhou vídeo de um discurso que fez quando era deputado federal, no qual associou a petista e a Comissão da Verdade, que investigou crimes cometidos pela ditadura militar, com cafetinagem.
Vídeo de Bolsonaro
No vídeo, o ex-presidente Jair Bolsonaro disparou: “Comparo a Comissão da Verdade, essa que está aí, como aquela cafetina, que ao querer escrever a sua biografia escolheu sete prostitutas. E o relatório final das prostitutas era de que a cafetina deveria ser canonizada. Essa é a comissão da verdade de Dilma Rousseff.” Dilma Rousseff, então, entrou com ação contra Bolsonaro por “injúria”, mas sofreu derrotas sucessivas na Justiça do Distrito Federal e no Supremo Tribunal Federal.