"Bolsonaro é uma experiência que demanda reflexão no Brasil." Esta é a frase que o senador Carlos Viana (Podemos), agora pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, usou recentemente em um de seus discursos ao abordar seu antigo aliado político.
Jornalista de fala tranquila e alinhado ao que ele mesmo rotula como "antiga direita brasileira", Viana tem proferido críticas àqueles que um dia estiveram ao seu lado. Presidente da bancada evangélica, o senador não esconde que o bolsonarismo, agora, "não mais se encaixa em seu perfil".
E para aqueles que pensam que a mudança do senador veio repentinamente, a verdade é que Viana vem trabalhando há meses para ajustar seu discurso. Nos bastidores, a campanha do senador já está traçando estratégias para enfrentar o que seus aliados chamam de "maior desafio": derrotar o bolsonarismo na capital de Minas, atualmente comandado por um deputado estadual, com quem ele já dividiu partido e palanque: o também pré-candidato à Prefeitura, Bruno Engler (PL).
Apesar da rivalidade e de declarar que o extremo não faz mais parte de sua ideologia, Viana compartilha muitas similaridades com Engler. Ambos são grandes defensores do porte de armas no Brasil, se consideram conservadores e defensores da família, pregam o evangelismo na tribuna de suas casas legislativas, e mais: defenderam e estiveram ao lado de Bolsonaro durante a pandemia de COVID-19, quando o ex-presidente era acusado de má gestão após os mais de 500 mil óbitos no país.
Há quem diga que o "antibolsonarismo" de Viana nasceu quando, em 2022, seu "grande amigo" – como o senador se referia a Bolsonaro – desistiu de apoiar sua campanha rumo ao Palácio Tiradentes. Os dois chegaram a subir em palanques em BH e dar as mãos. No mesmo palco, Bruno Engler mostrava apoio ao senador, que era candidato ao governo pelo PL, e fazia discursos tão ideológicos quanto o deputado estadual.
Com a escolha de Bolsonaro para apoiar Romeu Zema (Novo), feita dentro do próprio PL, que avaliava, na época, que estar ao lado do governador de Minas poderia somar votos ao então presidente, Viana não só foi escorraçado pelo bolsonarismo, como precisou trocar de legenda.
No Podemos, ele também ajustou seu discurso. Mais moderado, o líder evangélico chegou a defender os direitos LGBTIA+ quando o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) subiu à tribuna e, com uma peruca, afirmou chamar-se Nicole. Ele também adotou um tom mais moderado ao falar sobre a campanha em BH, na qual ele diz estar mais preocupado em debater os problemas da capital do que em enfrentar brigas políticas.
O fato é: a direita belo-horizontina parece mais polarizada que a esquerda, que hoje conta com mais de 8 pré-candidaturas. E se depender de Engler e Viana, a capital pode ter um segundo turno apenas com membros da direita.
Do outro lado
Enquanto Engler e Viana brigam pelo eleitor de direita, Duda Salabert (PDT) lançou sua pré-candidatura à prefeitura da capital. O que chamou atenção foi que o evento contou com a presença das deputadas estaduais Bella Gonçalves (PSOL) e Ana Paula Siqueira (Rede), também pré-candidatas à PBH.
Destaque
Membros republicanos da Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos vazaram informações sobre as decisões do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, relacionadas à remoção de conteúdo e bloqueio de contas em redes sociais. O relatório, com 541 páginas, destaca o nome do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) ou faz menção aos seus perfis em 13 passagens.
Protagonismo feminino
O número de financiamentos contratados junto ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para micro e pequenas empresas lideradas por mulheres cresceu 55% no primeiro trimestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior. No total, foram liberados R$ 20 milhões em crédito.
Considerando apenas o mês de março, quando o banco reduziu as taxas para pequenos negócios liderados por mulheres, a alta foi ainda maior: 75% comparado com março de 2023. O resultado mostra o otimismo das empreendedoras mineiras, que têm buscado recurso para investir, ampliar e girar seus negócios, com impacto direto na geração de empregos e renda em Minas Gerais.
Movimento Direita BH
Segundo informações do Movimento Direita BH, está previsto que pelo menos quatro ônibus, além de veículos particulares com apoiadores do presidente Bolsonaro, partirão da capital em caravana com destino ao Rio de Janeiro. Lá, está agendado um evento político liderado pelo ex-presidente, no domingo.
PSB Mulher
O Estado de Minas publicou que a secretária de Mulheres do PSB de Belo Horizonte, a advogada Angélica Peluso, recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) para ter acesso às contas do partido na capital. Na ação, ela queria saber quanto o PSB gasta com programas de promoção da participação das mulheres na política.
A direção do partido entrou em contato com a coluna para contestar a informação. Segundo os dirigentes da legenda, Angélica vinha agindo por conta própria dentro do partido, não prestando esclarecimentos sobre as contas e utilizando a verba destinada à política das mulheres para interesses pessoais. Ainda de acordo com a legenda, ela foi destituída ontem.