A 680 quilômetros de Brasília, em 1980, Lula se reunia em Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais, para assentar o primeiro tijolo de sua sonhada catedral política, o Partido dos Trabalhadores (PT). Símbolo da resistência contra a ditadura, o partido ousava dar voz aos trabalhadores, jovens, marginalizados, pobres e excluídos. Desde então, muita coisa mudou. O PT conseguiu eleger dois presidentes da República, mas também teve a sua imagem enlameada por casos de corrupção e lavagem de dinheiro. As décadas se passaram e a legenda acabou não se adaptando ao avanço de uma das maiores novidades do século: as mídias digitais. E, mesmo novamente no poder federal, continua com imensas dificuldades para encontrar uma identidade digital.
Enquanto o bolsonarismo encontrou nas redes sociais um atalho para a comunicação direta com os eleitores, o PT ainda reluta em aproveitar esse espaço. Na parte mineira da legenda, ciúmes quanto a gravações de vídeos e popularidade online vêm consumindo alguns membros e já provocaram até mesmo brigas internas.
Novamente as redes são consideradas decisivas para a campanha e conquista de votos. Porém, às vésperas das eleições municipais, os vereadores petistas de Belo Horizonte parecem considerar pouco relevante o engajamento digital. Nem Bruno Pedralva nem Pedro Patrus colecionam seguidores engajados. Mais ainda: quando se trata de popularidade online, os petistas mineiros são desincentivados a usar as novas mídias a seu favor. Existe uma resistência dentro da legenda e prevalece a visão de que fazer vídeos no Instagram e X – antigo Twitter – seria uma estratégia "bolsonarista demais".
A coluna apurou que alguns membros do PT nem sequer colocam as horas de gravações de vídeos para as redes sociais em suas agendas. Eles não consideram a movimentação virtual relevante. Segundo membros da legenda, existe uma despreocupação quanto à popularidade com jovens e massas menos participativas na política. Além disso, alguns filiados afirmam que a participação online os coloca em risco, com ameaças e xingamentos que muitas vezes ultrapassam as telas e assombram os políticos na vida real.
Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), membros do partido têm tentado solucionar este impasse. É o caso de Beatriz Cerqueira e Ulysses Gomes, que mantêm suas páginas online atualizadas. No Congresso, os mineiros Rogério Correia e Reginaldo Lopes também deixaram para trás o conservadorismo em relação às redes. Os últimos dois somam, juntos, 40 anos de partido. Porém, enquanto estes parlamentares permitem o acompanhamento online de seus mandatos e, assim, ganham likes e seguidores, outros integrantes do partido não enxergam as ações com bons olhos. Na visão destes, o Partido dos Trabalhadores deve honrar a luta de classes e não copiar a busca por engajamento de seus rivais.
Enquanto ainda há uma discussão voltada para o tema, a falta de participação nas redes acaba deixando o PT inalcançável. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva já destacou em discursos que essa é uma questão que precisa ser resolvida dentro da legenda. Agora, com Paulo Pimenta, chefe da Secom, nomeado ministro extraordinário para coordenar as ações no Rio Grande do Sul, o partido tem a chance de reverter a falta de popularidade nas redes e colocar um ponto final no tradicionalismo desenfreado que ronda a legenda quando o assunto é renovação.
Eleições na mira
As presenças do governador Romeu Zema (Novo) e da secretária de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto (Novo), em um evento do Podemos, em Belo Horizonte, no último sábado (11), aumentaram as especulações sobre a possibilidade de que o Novo abra mão da candidatura de Luísa à prefeitura da capital. Nos bastidores, é cada vez mais ventilada a possibilidade de que o partido negocie apoio a outro partido de direita.
Azevedo em Brasília
O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte e pré-candidato à prefeitura, Gabriel Azevedo (MDB), esteve em Brasília para gravar uma propaganda do partido. Gabriel se encontrou com o presidente nacional da legenda, o deputado federal Baleia Rossi, para organizar a pré-campanha em BH e posou ao lado da ministra de Orçamento, Simone Tebet.
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Brumadinho
O ex-vereador Guilherme Augusto Braga Morais (sem partido) pode ficar impedido de concorrer a qualquer cargo político, incluindo a Prefeitura de Brumadinho. Isso porque ele foi condenado em primeira instância pela Justiça Eleitoral. Conhecido na cidade pelos casos de assédio sexual contra um menor e por atirar em um cidadão no meio da rua, ele é acusado de renunciar ao cargo parlamentar antes de enfrentar a Justiça.
Anielle em Minas
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco cumpriu agenda ontem na capital mineira. Seu primeiro compromisso foi no Encontro Nacional de Redes de Mães e Familiares de Vítimas da Violência do Estado, onde ela falou sobre a importância da luta das mulheres contra as violências que vitimam a população negra no Brasil. À tarde, a ministra esteve na solenidade de entrega dos kits de equipagem Minas que contemplarão os municípios de Pedro Leopoldo, Barbacena, Ouro Preto, Paracatu, Virgem da Lapa, Diamantina, Congonhas, Dom Joaquim, São José do Divino, Conceição de Ipanema, Santo Antônio do Rio Abaixo, Juiz de Fora, Divinópolis, Patrocínios e Serro.
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Educação
A deputada estadual Beatriz Cerqueira solicitou ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) a instauração de inquérito civil e/ou penal para apurar eventual ato de improbidade administrativa por parte do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). O pedido é fundamentado no não cumprimento por parte do governador do percentual mínimo de investimento (25%) na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, nos anos de 2019 e 2020.