Se Lula quiser sair vitorioso nas eleições municipais de Belo Horizonte, o tempo está acabando. Não é de hoje que a relação do presidente com seus aliados políticos enfrenta turbulências. Sem uma verdadeira presença no estado, ele vem delegando suas articulações políticas ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e, de vez em quando, ao presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD). A falta de diálogo entre ele e sua base tem gerado conflitos não só dentro do PT mineiro, como também entre legendas aliadas.
O mal-estar provocado pelo chefe do Executivo brasileiro – que, na última vez em que esteve no estado, nem sequer conversou com deputados aliados na Assembleia Legislativa de Minas Gerais –, tem sido agravado pela indefinição sobre o apoio ao deputado federal Rogério Correia (PT) nas eleições municipais de outubro em Belo Horizonte, especialmente quando o assunto é unificação.
O fato é que, até o momento, o presidente prometeu apoio a dois candidatos. Enquanto Rogério Correia jura de pé junto que Lula está a bordo de sua campanha, o prefeito Fuad Noman (PSD) ainda aguarda confirmação do presidente sobre seu apoio à reeleição, prometido ainda em 2022, quando o petista ainda era candidato ao Planalto.
A relutância em fechar um acordo final tem irritado membros municipais das legendas aliadas a Lula. Um exemplo é o PV, que compõe a federação Brasil da Esperança junto ao PT e PCdoB e mantém uma antiga aliança com o PSD na capital, iniciada durante a gestão de Alexandre Kalil e ampliada na de Fuad Noman.
O partido atualmente comanda a Secretaria de Meio Ambiente e a Fundação de Parques e Jardins. Integrantes da legenda admitem que é do interesse do partido que Lula escolha Fuad, pois apoiar o atual prefeito seria “manter a coerência do PV”, considerando que a aliança com Fuad foi estabelecida muito antes da federação com o PT.
Questionado sobre a ausência de Lula em Minas quando o assunto é a escolha do candidato à prefeitura da capital, um líder do PV afirmou: “Essa decisão já está no tabuleiro. Está na mesa do presidente. Seria melhor Fuad, mas o PV vai aguardar a decisão de Lula.”
Apesar de não fazer parte da federação petista, o desconforto também chegou ao PDT, cujo presidente nacional, Carlos Lupi, é ministro de Lula. Em Belo Horizonte, o partido tem como pré-candidata a deputada federal Duda Salabert, que sugeriu retirar sua candidatura se Rogério Correia aparecesse à frente dela nas pesquisas, em um esforço para unificar a esquerda na corrida eleitoral na cidade.
No entanto, essa promessa desagrada a legenda municipalista, que vê Duda com real chance de vitória contra o candidato bolsonarista, o deputado estadual Bruno Engler (PL). Segundo líderes do PDT, o PT insiste na candidatura de Correia, que, de acordo com pesquisas internas, não está performando bem.
Enquanto a indecisão de Lula preocupa o PV e o PDT, a insistência da deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede) em manter sua pré-candidatura, mesmo após a federação Psol-Rede decidir que ela não será a candidata à prefeitura, evidencia um processo de desgaste que ameaça a unidade entre as lideranças das duas legendas.
Na última semana, uma resolução aprovada pela diretoria da federação escolheu a deputada Bella Gonçalves (Psol) para representar as duas legendas, mas isso não alterou a postura de Ana Paula Siqueira. Esse fato coloca mais uma peça no tabuleiro na mesa de Lula. Isso porque foi prometido que, caso o presidente apoiasse Rogério Correia, Bella também poderia retirar sua candidatura em prol da unificação. O mesmo não foi conversado com Siqueira.
Nova deputada
Enquanto a deputada estadual Alê Portela (PL) está de malas prontas para desembarcar no governo de Romeu Zema (Novo), a jovem Amanda Teixeira Dias (PL), de 28 anos, já chega aos corredores da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para assumir a sua cadeira. Mesmo sem ter assumido o cargo, a filha do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio já se destaca acumulando milhares de seguidores nas redes sociais e posando (foto) ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Amanda, inclusive, já escolheu seus candidatos para a Câmara Municipal de BH. Primeiro, sua mãe Janaina Cardoso (União-Brasil), segundo uma aposta, Victor Lucchesi (PL).
“Frio na barriga”
À coluna, a nova deputada Amanda Teixeira Dias afirmou: “Há seis anos venho me preparando para o cargo de deputada estadual. Tenho estudado e trabalhado arduamente, já conheci todas as regiões de Minas Gerais e entendi as demandas e as peculiaridades de cada uma. Os deputados, entre a notícia da posse e a posse, geralmente têm três meses”. Ela falou também o “frio na barriga”: “Comigo foi tudo de maneira repentina. Eu não esperava assumir agora e confesso que deu um certo frio na barriga. No entanto, tenho pessoas ao meu redor com pessoas que sempre me ajudam e auxiliam. Por exemplo, a deputada estadual e futura secretária Alê Portela [Desenvolvimento Social] me abraçou, já me levou à Assembleia Legislativa e começou a me ensinar como serão os trabalhos ali. Então, estou confiante e segura.”
PM de Zema
Ao protagonizar embate com as forças de segurança do estado, o governador Romeu Zema acabou dando mais munição para seus opositores com a Festa da Luz, em Belo Horizonte. Com a ação ofensiva da Polícia Militar durante o evento, um vídeo no qual o influenciador Zotha critica as ações incisivas dos policiais viralizou nas redes sociais. Esse mesmo vídeo foi compartilhado por quase todos os membros opositores de Zema no estado.
Mais que amigos, colegas de farda
Na Assembleia Legislativa de Minas, corria o boato de que os deputados Sargento Rodrigues (PL-MG) e Caporezzo (PL-MG) estavam se desentendendo pelo protagonismo na pauta do reajuste dos servidores das forças de segurança. Mas, na verdade, os dois trocavam abraços e apertos de mão no plenário, inclusive, gravaram vídeo desmentindo os rumores, aparecem rindo e fazendo piadas.
Fora das telinhas
Apresentador do programa "Balanço Geral", o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) anunciou sua saída da emissora. Ele é pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte nas eleições deste ano. A saída de Tramonte da TV ocorre um mês antes do prazo da Justiça Eleitoral para que apresentadores que desejam se candidatar no pleito deste ano se afastem de seus trabalhos. A data final, conforme a Lei das Eleições, é 30 de junho.