Na próxima semana, Marina Silva, a ministra do Meio Ambiente e fundadora da Rede Sustentabilidade, retorna a Belo Horizonte com um objetivo claro: resolver duas questões em sua primeira eleição municipal desde a formação da federação com o Psol. Enfrentando dificuldades com os planos do partido aliado e uma crescente disputa por poder interno, Marina precisa reescrever sua estratégia quando o assunto é Minas Gerais. A visita marca um ponto de virada na longa articulação pela unificação da esquerda em Belo Horizonte e o desafio de alinhar a Rede em um novo rumo.

 

No início da semana, após uma reunião com os pré-candidatos progressistas, ficou decidido que o deputado federal Rogério Correia (PT) receberia o apoio da federação Rede-Psol. Com isso, a deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede), escolha de Marina para a disputa, deixou o pleito. O mesmo deve ocorrer com a pré-candidata oficial da federação, a deputada estadual Bella Gonçalves (Psol), que aguarda a chegada da ministra para comunicar seus planos. Bella é cotada para ser vice na chapa que busca unificar a esquerda.

 

Enquanto a articulação pela unificação avança, o racha na federação torna-se cada vez mais evidente. A disputa, que começou no início das negociações para a prefeitura – quando a federação Psol-Rede tinha três pré-candidatos – intensificou-se quando Ana Paula não aceitou que Bella Gonçalves fosse a cabeça de chapa do grupo. Endossada por Marina, ela apenas aceitou a derrota quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a Minas Gerais declarando seu posicionamento sobre a PBH. A visita presidencial deixou claro, que ao lado de Lula, estava também Rogério Correia.

 

Assim que chegar a Belo Horizonte, Marina será notificada sobre o acordo, e, sem mais a questão da prefeitura em suas mãos, poderá se concentrar na briga interna da Rede Sustentabilidade. Segundo membros do partido, o evento marcado para a próxima quarta-feira (10/7) será uma oportunidade para ela bater o martelo sobre posição no partido.

 

Desde o último Congresso Nacional da Rede, o grupo político de Marina vem sofrendo um boicote organizado por Heloísa Helena. Divididos entre “Rede Vive” – lado de Marina – e “Rede pela Base” – lado de Heloísa –, os membros do partido vêm brigando internamente desde então. Em Minas Gerais, a situação não é diferente. Os apoiadores de Marina incluem Ana Paula Siqueira, enquanto Heloísa Helena conta com o apoio do ex-prefeito Paulo Lamac, um dos nomes anteriormente colocados como pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte.

 

Descrita como “uma guerra fria” dentro da legenda, a divisão entre os grupos tem prejudicado o partido internamente. Nos bastidores, é evidente que o bloco liderado por Lamac tenta sufocar o de Siqueira por meio da destinação de recursos e do controle do maior executivo dentro da legenda.

 

Por isso, a vinda de Marina a Belo Horizonte é tão importante para seus aliados. A ministra quer, de uma vez por todas, fortalecer o campo “Rede Vive”, que, segundo ela, verdadeiramente representa a essência do partido e a construção que ela mesma fez. Paulo Lamac, por sua vez, não deve estar presente durante a visita, afastando-se ainda mais da líder partidária.

 

Além disso, com uma atuação eleitoral discreta, Marina, considerada a maior puxadora de votos da federação, será cobrada para escolher um vereador para apadrinhar. Na Rede, ela tem duas opções: apoiar a pré-candidata aliada de Lamac, a vereadora Professora Nara, ou seguir um caminho mais inesperado e endossar Caio Damazio, novato na corrida, mas ligado a Ana Paula.

 



 

Rumo a Brasília

O senador Carlos Viana (Podemos) não cedeu seu cargo ao suplente Castellar da Costa Neto no dia 1º de julho, como previsto. Nos bastidores, sabia-se que Viana tinha um acordo com o secretário da Casa Civil de Minas, Marcelo Aro, para deixar a cadeira em troca do apoio da Família Aro nas eleições municipais em Belo Horizonte. Com a negociação acertada, os membros do grupo político foram a Brasília, mas encontraram Viana ainda no Senado. Como resultado, ele perdeu o controle sobre o Podemos na capital.

 


Prefeitura

A doença do prefeito de BH, Fuad Noman (PSD), pegou alguns pré-candidatos de surpresa. Diagnosticado com linfoma abdominal, o chefe do Executivo da capital viu sua condição ganhar destaque ao anunciar o câncer. Fuad decidiu esclarecer os rumores sobre sua saúde e, ao mesmo tempo, endereçou uma questão pendente: seu desconhecimento junto à população. Agora, seus adversários se preocupam com a possibilidade de que seu estado de saúde possa, paradoxalmente, reforçar as chances de reeleição.

 

Visita a BH

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) definirá a data de lançamento da pré-candidatura do deputado estadual Bruno Engler (PL) em BH no próximo dia 10. O evento, que contará com a presença do ex-chefe do Executivo, também servirá para anunciar a pré-candidatura de vereadores do PL.

 


Duda x Rogério

Enquanto Rogério Correia insiste que as pesquisas eleitorais devem definir o cabeça de chapa da campanha da esquerda, Duda Salabert está firme na sua pré-candidatura e não tem intenção de recuar. Até o momento, a alternativa mais provável é que ambos se enfrentem na disputa pela PBH.

 

Novo

O governador Romeu Zema (Novo) admitiu negociações com o prefeito Fuad Noman para a ex-secretária de Planejamento, Luisa Barreto, ser a vice em uma possível chapa para a reeleição. No entanto, o governador omitiu um detalhe importante: Luisa não está interessada na proposta e não deseja integrar nenhuma chapa que não a coloque como cabeça.

 

De costume

A negociação entre o Novo e o prefeito Fuad Noman já parece avançada. Semanas atrás, Matheus Simões, vice-governador, foi visto na Prefeitura de Belo Horizonte em uma reunião de portas fechadas com Fuad. Questionado na época pela coluna, Simões justificou a visita como uma “atividade rotineira”.

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