Enquanto a unificação de partidos de esquerda parece distante em Belo Horizonte, em Brumadinho, Região Metropolitana, dois rivais históricos anunciaram nesta semana uma chapa conjunta da direita. Guilherme Moraes (PSD) e Gabriel Parreiras (PRD), que sempre mantiveram suas diferenças políticas e pessoais, agora pretendem assumir um mandato inédito: o de “dois prefeitos”. Além da rivalidade, ambos compartilham inimigos em comum: os membros do poder público da cidade. Conhecidos por seus discursos polêmicos na Câmara Municipal, os dois ganharam popularidade por enfrentarem ameaças de morte e pedidos de cassação, alegando perseguição política.


Em um vídeo divulgado nas redes sociais, os antigos rivais aparecem de mãos dadas, anunciando a formação de uma chapa única. O destaque das imagens é a declaração de Gabriel Parreiras, que, embora se apresente como pré-candidato a vice, afirma que essa posição será meramente formal. Ele é endossado por Guilherme Moraes, que garante que Brumadinho poderá, caso ambos sejam eleitos, ter dois prefeitos.


Nos bastidores, a aliança entre os pré-candidatos já era considerada uma realidade, o que provocou o descontentamento do grupo ligado ao prefeito Nenen da Asa (PV). Um dia antes do anúncio oficial, foi protocolado na Câmara Municipal um pedido de cassação contra Gabriel Parreiras, vereador por Brumadinho. A denúncia, redigida por um diretor da Casa próximo ao chefe do Executivo municipal, questiona um pedido de reembolso feito por Parreiras referente a despesas de saúde. O detalhe controverso é que os exames foram realizados em sua própria clínica hospitalar.

 

Esse pedido é mais um no longo histórico do vereador. Escolhido para ser vice na chapa de “dois prefeitos”, Parreiras já enfrentou dois outros pedidos de cassação, apresentados pelo ex-presidente da Câmara, Daniel do Brumado (Cidadania), na época aliado ao poder municipal e hoje ligado a Parreiras. Ambos os textos alegavam "quebra de decoro parlamentar e atuação incompatível com a dignidade da Câmara Municipal" após o vereador realizar uma live criticando a baixa produtividade da Casa. Na época, ele recebeu apoio do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) e da deputada federal Duda Salabert (PDT).

 

Gabriel Parreiras se aproximou de Guilherme Moraes quando ele se rebelou contra Nenen da Asa. Ex-vereador, ele foi eleito com o apoio do prefeito, mas renunciou ao cargo em 2023, no mesmo dia em que seria aberto um processo de cassação contra ele. O pedido se baseava em uma acusação de quebra de decoro parlamentar, ligada a uma festa realizada pelo ex-vereador durante a pandemia de COVID-19 e por abuso de um menor de idade. Na época, em meio a agressões físicas e verbais, ele chegou a alegar sofrer perseguição, dizendo: “Se não me matarem, vou virar prefeito de Brumadinho.”

 

Guilherme foi o vereador mais votado da história do município e por isso, foi escolhido para liderar a unificação. Contudo, ele ainda pode ter a candidatura proibida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso isso aconteça, Parreiras seguirá como pré-candidato.

 

A proibição se deve ao fato do ex-vereador ter renunciado ao mandato para evitar processos de cassação. Caso ele passe nas convenções partidárias, que ocorrerão de 20 de julho a 5 de agosto, ao registrar sua candidatura, ela poderá ser impugnada e a Justiça Eleitoral decidirá sobre sua inelegibilidade.
Embora o novo grupo político acuse o poder municipal de perseguição, aliados de Nenen da Asa apontam as denúncias contra Guilherme como o principal motivo das desavenças.

 

Além disso, foi revelado à coluna que Gabriel tentou se tornar vice-presidente da Câmara Municipal, mas a eleição foi anulada. Na época, Daniel do Brumado – que presidia a sessão, mas já estava rompido com Nenen da Asa – afirmou que duas chapas ao cargo haviam renunciado, fato que foi contestado, resultando em novas eleições. O ato gerou ainda mais conflito entre o vereador da oposição e o poder municipal.

 



 

Novo se mantém

Como já havia sido reportado pelo 'EM Minas', Luisa Barreto, pré-candidata à Prefeitura de BH pelo Novo, não pretende abrir mão de sua campanha tão facilmente. Embora membros do partido - incluindo o governador Romeu Zema - acreditem que ela seria uma escolha mais adequada para a vice, a ex-secretária do governo mineiro insiste em manter sua candidatura solo. Para Luísa, apoiar um pré-candidato sem chances reais de eleição não faz sentido. Segundo interlocutores próximos, ela acredita que esta eleição representa uma oportunidade real de impulsionar seu nome.

 

 

Outra opção

Na sexta-feira, Zema mencionou que Luisa Barreto poderia ser uma boa puxadora de votos na Câmara Municipal. A possibilidade está sendo estudada, mas com cautela, considerando que o partido já tem pré-candidatos engatilhados: Marcela Trópia, Fernanda Altoé e Bráulio Lara.

 

 

Ex-deputada, nova secretária

À frente da Secretaria de Desenvolvimento Social por cerca de um mês, a ex-deputada Ale Portela (PL) não desistiu de suas funções como parlamentar. Foi relatado à coluna que a secretária de Zema mantém uma agenda como deputada estadual, incluindo a negociação de emendas e apoios com prefeituras do interior.

 


Tramonte 0 x Fuad 1

A Justiça Eleitoral determinou que o pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte Mauro Tramonte (Republicanos) retire de suas redes sociais um conteúdo a pedido do PSD, partido do atual prefeito e também pré-candidato, Fuad Noman. Na publicação, Tramonte criticava o estado das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) em Belo Horizonte e sugeria que a situação “vai mudar”. O juiz considerou a publicação como “propaganda eleitoral extemporânea”.

 


Tucanos em cautela

A coluna apurou que, apesar de João Leite (PSDB) ter se animado com os resultados das pesquisas eleitorais, sua pré-candidatura ainda não é considerada certa na federação PSDB-Cidadania. Há quem diga que, no momento, não há possibilidade de o ex-deputado concorrer. Para alguns, seria mais vantajoso que Leite se candidatasse à Câmara, onde poderia se tornar o grande puxador de votos do grupo.

 


Dívida

Nesta sexta-feira, o governo de Minas, por meio da Advocacia-Geral do Estado (AGE-MG), protocolou uma petição junto ao ministro Nunes Marques, do STF, solicitando a prorrogação do prazo para o pagamento da dívida com a União, de 1º de agosto de 2024 para até o fim do julgamento, previsto para começar em 28 de agosto. A AGE-MG reiterou seu interesse em uma solução conciliatória, pedindo a designação de uma audiência para autocomposição e destacando que a extensão do prazo é essencial para evitar insegurança jurídica e prevenir um possível “colapso” do estado.

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