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Embora tenha mudado de significado ao longo dos anos, a palavra “rival” nunca teve amigos nem aliados desde que surgiu. Sua origem no latim “rivus” revela uma história inesperada: pessoas ou povos que dependiam do mesmo rio para beber.

 

 

Rivais desde o primeiro dia em que entraram na política, Romeu Zema (Novo) e Alexandre Kalil protagonizaram diversos embates ao longo dos anos. Por muito tempo, enquanto Zema governava Minas e Kalil comandava a PBH, as discussões eram feias e carregadas de ofensas até mesmo pessoais.

 

 

 

Agora, em 2024, curiosamente, ambos precisam do mesmo rio. No sábado (3/5), em um gesto republicano, se uniram ao lançar Mauro Tramonte à prefeitura da capital mineira. O cumprimento, que não passou de um aperto de mão, foi o necessário para botar fogo nos bastidores.

 

 

Do lado do Novo, a legenda está dividida quando o assunto é Alexandre Kalil. Enquanto os líderes defendem que o acordo com ex-prefeito é “natural” e “normal”, alguns membros do partido questionam as verdadeiras intenções do governador. Para os caciques, Kalil apoia Zema e não o contrário. Para alguns filiados, o governador perdeu o rumo.

 

 

Neste caso, ver o governador ao lado de Alexandre Kalil, que defendeu Lula (PT) e se lançou como candidato do presidente em Minas, foi considerado um desrespeito à história do partido. Foi dito à coluna que a ação de Zema é comparável à de João Amoedo, que em 2022 apoiou o petista e acabou expulso do partido. Alguns deles estão inclusive considerando deixar a legenda.

 

 

“Não por causa do Tramonte; o acordo com ele é aceitável. É por causa do Kalil.”

 

 

Enquanto a divisão assombra o Novo, o PL também levanta questionamentos sobre o governador, considerado um “case de sucesso”, que poderá até mesmo concorrer à Presidência em 2026. À coluna, membros do partido bolsonarista chamaram Zema de “oportunista”. “Negociar com petistas é exemplo do que não fazer na política. Tudo precisa ter um limite.”

 

 

O que mais irritou os membros do Partido Liberal foi o fato de o líder novista ter mantido as tratativas com Bruno Engler (PL), candidato bolsonarista, quando ainda negociava com Tramonte. Do lado do PL, o acordo com Zema era muito desejado, ainda mais pelo chefe do Executivo mineiro dizer aos quatro cantos que apoia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

 

Outro fato foi levantado: se Zema desejava ter o voto da direita em 2026, o PL não está mais ao lado do governador. Embora o partido não fosse mesmo lançar o chefe mineiro de fato ao Planalto, talvez negociasse uma vaga como vice.

 

 

Questionamentos

Líderes do Novo em todo o Brasil enviaram questionamentos ao governador, que tentou contornar a situação dizendo que o ex-prefeito de Belo Horizonte não seria tão relevante na composição da chapa. No entanto, essa informação não é verdadeira. A única razão pela qual Zema fechou o acordo com Tramonte foi porque Kalil permitiu a composição da chapa.

 

 


À mesa

Além de Tramonte, o governador de Minas conversava com outros partidos. Ele chegou a enviar o vice-governador Matheus Simões para uma reunião com Fuad Noman (PSD). Posteriormente, encontrou-se com Bruno Engler e Carlos Viana (Podemos).

 

 

O nome de Tramonte surgiu apenas no final das convenções, quando já se especulava que Kalil poderia se aliar ao Republicanos. O anúncio oficial do apoio foi feito quando o acordo com o ex-prefeito já estava fechado e Zema chegou a adiar a convenção do Novo exatamente por essa razão.

 

 

Uma semana depois, sabendo que Kalil estaria na chapa, o governador decidiu aceitar as tratativas. Ele colocou sua ex-secretária Luísa Barreto como vice e não se importou em se sentar ao lado de Kalil na convenção do Republicanos.


Viral

Nos grupos mineiros que reúnem aliados e apoiadores bolsonaristas, Zema virou alvo dos “memes” e críticas. Em uma das imagens mais virais, o governador aparece dando as mãos para Kalil, com o discurso do Capitão Nascimento em “Tropa de Elite 2” ao fundo:

 

 

“Eu fui para detonar o sistema. Contei tudo que eu sabia. Botei muito político na cadeia. E mesmo assim o sistema continuava de pé. O sistema entrega a mão para salvar o braço. O sistema se reorganiza, articula novos interesses, cria novas lideranças. E custa caro. Muito caro. O sistema é muito maior do que eu pensava. Não é à toa que entra governo, sai governo, a corrupção continua. O sistema é foda.”

 

 

PSDB + PSD

O acordo entre PSDB e PSD foi selado no sábado, quando Aécio Neves (PSDB) encerrou as negociações com o vereador e pré-candidato Gabriel Azevedo (MDB). Embora Azevedo tenha sido responsável por montar grande parte da chapa PSDB/Cidadania, ele ficou de fora do acordo por se recusar a retirar Paulo Brant (PSB) da posição de vice. O PSDB queria colocar João Leite no lugar.

 

 

De olho no governo

E se alguém pensava que Aécio Neves estava politicamente morto após os escândalos de corrupção, o deputado federal já tem o governo de Minas Gerais na mira. Aécio revelou a amigos próximos que sua candidatura está 90% pavimentada. Agora, ele busca o apoio de partidos aliados.

 

 

 

Prestação de contas

As candidatas e candidatos que vão concorrer aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador nas eleições 2024, assim como os partidos políticos, devem ficar atentos às normas sobre prestações de contas eleitorais. Para orientar esse público e os interessados no tema, o TRE-MG disponibilizou o Guia de Arrecadação, Gastos e Prestação de Contas.