Em uma Minas Gerais comandada por um empresário avesso à política, o verdadeiro poder nem sempre está onde os holofotes apontam. Enquanto o governador Romeu Zema (Novo), com sua postura de outsider, desdenha do diálogo político, quem articula nos bastidores é seu vice, Mateus Simões (Novo), que mira assumir o Palácio Tiradentes em 2026.
Manejando os fios do poder, foi o professor que desenhou o tabuleiro de uma parte importante do jogo das eleições municipais. Contudo, ao optar pelo apoio a Mauro Tramonte (Republicanos) em Belo Horizonte, o segundo homem mais poderoso no estado pode ter dificultado suas chances de suceder Zema.
A movimentação de Mateus Simões causou desconforto em setores expressivos do PL, que via no Novo um possível aliado para 2026, tanto para o governo de Minas quanto para a presidência. Considerado instável por alguns, Simões apostou suas fichas na PBH ao indicar Luísa Barreto (Novo) como vice na chapa que busca eleger Mauro Tramonte.
Porém, essa estratégia foi arriscada, pois, para integrantes do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, Simões perdeu poder de barganha. A percepção é de que, se Tramonte vencer, o verdadeiro comando será do ex-prefeito Alexandre Kalil, que deixou o PSD para apoiar o apresentador de TV e, na condição de quem foi responsável duas vezes pela gestão de BH, pode ser uma das fontes para definição do secretariado.
Ou seja, se Simões acreditava que o Novo teria a prefeitura nas mãos, o acordo saiu pela culatra. Sem o respaldo dos bolsonaristas e agora dividindo o palanque com Kalil, antigo rival de Zema, o vice do governador se encontra em terreno movediço. Na corrida pelo governo, Simões perdeu a chance de liderar uma chapa única da direita e deverá enfrentar pesos pesados como o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), de malas prontas para ingressar no PL, ou o deputado federal Nikolas Ferreira (PL).
Dentro do partido, não há dúvida de que um dos dois tentará suceder Zema. Fontes indicam que Cleitinho é o preferido. Nikolas seria escalado para obter uma votação ainda mais expressiva e eleger uma bancada numerosa para o partido no Congresso Nacional. Considerado por alguns ainda jovem demais para disputar o governo mineiro, Nikolas pode deixar a busca por um cargo no Executivo para uma eleição futura, mirando algo maior nos próximos anos, como a residência da República.
Só para vice
O governador Romeu Zema não esconde sua vontade de chegar à Presidência da República. No entanto, se espera contar com o apoio de Jair Bolsonaro, talvez precise repensar seus planos. O favorito do ex-presidente é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem relutado em trocar uma reeleição praticamente assegurada em seu estado por uma disputa incerta ao Palácio do Planalto. Na visão de Bolsonaro, Zema seria um nome mais adequado como vice, e mesmo assim, com muitas reservas.
Sem confiança
No PL, após as definições das chapas nos municípios (e não apenas em BH), Zema passou a ser percebido como alguém sem compromisso com o que prega, especialmente por não ter apoiado o ex-presidente Jair Bolsonaro em nenhum dos turnos da eleição presidencial. Além disso, embora se posicione como de direita, o governador mineiro abriu mão de uma candidatura mais conservadora em
Belo Horizonte para favorecer a movimentação política de seu vice, Mateus Simões. A ação não foi bem-recebida pelos membros do PL, que enxergaram na atitude um desvio dos princípios conservadores.
Pela primeira vez
O apresentador Mauro Tramonte fez sua estreia ao lado de Romeu Zema na primeira semana da corrida eleitoral. O encontro ocorreu nesta sexta-feira (23/8), durante um almoço promovido pelo Novo sem a presença de Alexandre Kalil, seu outro padrinho político. Nos bastidores do partido, a informação é que o governador evitará agendas com o ex-prefeito.
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Elenco de peso
Pedro Rousseff, tido como o puxador de votos do PT em Belo Horizonte, prepara um grande lançamento para sua candidatura neste sábado (24/8), na Autêntica. O evento contará com um time de peso: do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), aos adversários internos do PT, ao deputado federal Reginaldo Lopes e à tesoureira nacional do partido, Gleide Andrade. O ex-governador Fernando Pimentel também marcará presença. A ex-presidente Dilma Rousseff, tia-avó de Pedro, ainda não confirmou sua ida.
Pelo Brasil
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) está ampliando sua atuação política além das fronteiras mineiras. Escalado pelo Partido Liberal, o parlamentar, que foi o mais votado do país nas eleições de 2022, confirmou presença em palanques de aliados em 10 capitais brasileiras. A missão? Atrair o voto jovem e fortalecer as campanhas de seus correligionários.