O Partido dos Trabalhadores começa a ensaiar deixar Belo Horizonte de lado quando o assunto é o investimento nas campanhas municipais. De olho nas eleições em São Paulo, a legenda iniciou conversas com seus filiados na capital mineira sobre os recursos do fundo eleitoral. Em reunião na sexta-feira (9/8), a insatisfação tomou conta. Segundo fontes internas, o PT nacional, responsável por distribuir os recursos em cidades com mais de 100 mil eleitores, pretende destinar apenas R$ 800 mil para 29 candidaturas à Câmara Municipal de BH. Enquanto isso, para a disputa pela prefeitura, com Rogério Correia como candidato, o partido deve alocar R$ 1,5 milhão.
 
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O valor está abaixo da média. Para comparação, de acordo com Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Belo Horizonte, cada vereador pode gastar até R$ 898.994,94 em sua campanha, sendo este o teto para uma única candidatura. Na disputa pela prefeitura, o limite é de R$ 35 milhões, considerando primeiro turno.
Embora os números encaminhados pelo PT nacional ainda não sejam oficiais e estejam sujeitos a ajustes, a primeira conversa já provocou forte insatisfação entre os candidatos. A coluna teve acesso a um grupo de WhatsApp chamado "Vereadores PT BH", onde houve até quem sugerisse a desistência coletiva das campanhas. “Faremos greve”, disse um. “Imagina sair no jornal que 13 pessoas abandonaram a disputa? Coitado do Rogério”, afirmou outro.

A coluna conversou com alguns candidatos, que lamentaram a desvalorização da chapa, formada depois da escolha dos militantes do partido. Outros preferem aguardar a confirmação oficial, mas já antecipam que, se os valores se confirmarem, a legenda, que já está dividida em Minas em dois grupos – da secretária Gleide Andrade e do deputado Reginaldo Lopes –, pode rachar ainda mais.
 
Fontes internas do PT sugerem que essa pode ser uma estratégia nacional para priorizar os candidatos com mais chances de vitória. Além disso, poderia ser uma forma de pressionar os vereadores a se engajarem na campanha de Correia, que receberia mais recursos para materiais gráficos. Para alguns candidatos, a explicação é outra: o partido está economizando em Belo Horizonte para investir mais em São Paulo, onde Guilherme Boulos (Psol), apoiado pelo partido, aparece em segundo lugar nas pesquisas.
 
O Estado de Minas procurou o PT Nacional e questionou o partido sobre a destinação das verbas. Até o fim da noite dessa segunda-feira (12/8), a legenda não havia se posicionado.



 

Como funciona?

O Congresso Nacional aprovou R$ 4,9 bilhões de fundo eleitoral para o financiamento das campanhas em 2024, mais que o dobro do montante aprovado para as eleições municipais de 2020 (R$ 2,3 bilhões). A expectativa é que desse valor saiam 85% dos recursos que vão bancar as candidaturas no pleito deste ano. A maior parte dos recursos do fundo eleitoral é gasta com contratação de pessoal para as campanhas. O dinheiro pode ser utilizado também para impulsionamento de conteúdos em redes sociais, gastos com gráfica, marketing e vídeos, por exemplo.

Vídeo 

Um vídeo divulgado pela campanha de Duda Salabert, minutos antes do debate da Band, causou desconforto nos bastidores. Nas imagens, a deputada federal critica alguns ex-candidatos e ex-prefeitos de Belo Horizonte, classificando-os como "mais do mesmo". Figuras da extrema direita foram comparadas a nomes como Dr. Célio de Castro, Patrus Ananias, Fernando Pimentel, Marcio Lacerda, Alexandre Kalil, Gabriel Azevedo e Carlos Viana. 

Resposta

Rodrigo Célio, filho do ex-prefeito Dr. Célio de Castro, foi um dos que reagiram publicamente. Em seu Instagram, ele criticou a deputada: “Ilustríssima deputada federal Duda Salabert, o vídeo divulgado pela sua campanha demonstrou uma profunda falta de conhecimento político, especialmente vindo de uma professora. Comparar meu pai, Dr. Célio de Castro, a personagens da extrema direita é um absurdo. Tivemos companheiros como Leonel Brizola, fundador do PDT, e Sérgio Miranda, que sempre estiveram ao nosso lado.”
 

Privatização

A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT/MG) apresentou um pedido de impugnação ao edital do Governo Zema que visa privatizar todas as escolas estaduais de Minas Gerais, ampliando o Projeto Somar para a rede estadual de ensino. A parlamentar argumenta que o edital, que permitiria a gestão das escolas por Organizações da Sociedade Civil (OSCs), viola a Constituição Federal ao transferir a responsabilidade estatal na educação para entidades privadas, comprometendo a gestão democrática e a valorização dos profissionais da educação.

Fred Aisc, Kika da Serra ou Renata Rosa

A candidatura de Carlos Viana (Podemos) para Prefeitura de Belo Horizonte foi registrada junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o nome escolhido pelo Podemos. A coluna apurou que o senador deve entrar com um recurso contra a atitude do partido. A divergência teve início na semana passada, quando o diretório estadual do partido escolheu Renata Rosa para o cargo. No mesmo dia, o senador licenciado anunciou o nome de Kika do Aglomerado da Serra como sua escolha para compor a chapa. Viana teria definido o nome com a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, após uma sugestão do empresário Fred Aisc (DC), que inicialmente seria o vice de Viana.
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