Apostas no horário eleitoral, a influência dos padrinhos, brigas internas, piadas, apelidos e discussões entre candidatos surgem em meio a encontros inusitados, apertos de mãos e definições de agendas nas ruas de Belo Horizonte. Se na primeira semana do período eleitoral as coisas ainda pareciam mornas, com o passar dos dias, os motores começaram a esquentar.
 
Enquanto os sete candidatos com maior representação eleitoral se desdobram para conquistar os votos de eleitores ainda indecisos – com cinco nomes oscilando nas pesquisas, empatados em segundo lugar –, o tom das campanhas finalmente começa a se definir. As estratégias para alavancar candidaturas estão sendo delineadas, todas com um objetivo claro: desafiar os 30% de Mauro Tramonte (Republicanos).
 


 
Seguro de seu eleitorado, o deputado estadual acredita que sua popularidade o levará ao segundo turno, confiante em uma campanha que exigiu muitos panos quentes nos bastidores, especialmente quando o assunto envolve seus aliados. Hoje, a distância entre eles é mais do que evidente: Romeu Zema (Novo) e Alexandre Kalil nunca dividem a mesma sala. Embora Tramonte negue que secretarias tenham sido rifadas, Zema pretende cobrar favores assim que o apresentador vencer as eleições. Já Kalil, sem pedir nada explicitamente, deixou claro que tem suas sugestões prontas.
 
 
Apelidado de "rei das selfies" pelos repórteres que o acompanham, Tramonte tem sido o alvo fixo dos demais candidatos, que, de forma consensual, planejam criticar suas alianças e explorar a sua baixa presença na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Na Casa, há até uma brincadeira jocosa: se Tramonte está no plenário, é sinal de que alguma votação importante está por vir.
 
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Enquanto alguns planejam os ataques, há quem diga que o apresentador nem sequer estará no segundo turno, e que a vaga majoritária, na verdade, será ocupada por outro deputado estadual: Bruno Engler (PL). Detentor do maior tempo de propaganda eleitoral na TV, Engler foi o responsável por articular em Brasília a visita do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a Belo Horizonte, marcada para a próxima quinta-feira (5/9). Com isso, a mira também se volta contra o bolsonarista.
 

 

 
A intenção é mostrar a radicalidade do deputado, que, na ALMG, adota um tom conservador, mas na campanha vem se mostrando moderado. Enquanto Engler afirma aos quatro cantos que, se vencer, governará para todos, seus rivais já preparam as armas para desenterrar discursos machistas e homofóbicos.
 
 
Um candidato confidenciou à coluna que, em sua visão, as pesquisas colocam Tramonte na liderança por dois motivos: primeiro, porque seu nome é realmente o mais popular entre o público em geral, e segundo, porque os bolsonaristas tendem a evitar responder questionários de pesquisa. Em levantamentos internos de pelo menos três outros candidatos, Engler aparece com chances reais de chegar ao segundo turno e, em uma dessas pesquisas, ele surge excluindo o apresentador de TV da disputa.
 
Essa mesma pesquisa também revela a busca de votos em outras duas direções. A primeira é o eleitorado de Duda Salabert (PDT), vista pelos demais candidatos como o nome da esquerda a ser enfrentado. Por isso, a campanha petista, que lançou Rogério Correia (PT), aposta na vinda do presidente Lula (PT) para impulsionar o período eleitoral. A data está marcada para o próximo dia 14, mas o presidente ainda não confirmou oficialmente.
 
O segundo alvo é Fuad Noman (PSD). Também à coluna, um dos candidatos afirmou que a insistência de Fuad em disputar a eleição pode se tornar seu maior erro. É fato que o prefeito desejava muito participar da campanha, já que nunca disputou uma eleição como cabeça de chapa. No entanto, há quem diga que estar o tempo todo ao lado do vice, Álvaro Damião, pode passar uma impressão errada. Do lado de Fuad, o tom da campanha é de confiança. O grupo do prefeito aposta na boa gestão à frente da PBH e nas inserções de rádio e TV como dois grandes trunfos.

Mãe e filho

 

No Podemos, a disputa entre os vices de Carlos Viana finalmente chegou ao fim. Curvado ao homem forte dos bastidores, Marcelo Aro, o senador aceitou o acordo com a presidente da sigla, Nely Aquino. Porém, quem pensava que a exclusão de Kika da Serra como candidata a vice era apenas uma estratégia para colocar uma aliada de Nely – Renata Rosa – ao lado do senador, se enganou. De acordo com fontes internas, a insistência em lançar Kika como candidata a vereadora tinha outro propósito: garantir a eleição de Cristian Aquino, filho da deputada federal. Se Kika for bem votada na Serra, onde é conhecida como uma das “donas” do Baile do Serrão, Cristian poderia herdar uma cadeira na Câmara Municipal.

O dono do jogo

 

Seria Marcelo Aro o verdadeiro ganhador das eleições municipais de Belo Horizonte? Bem articulado, o secretário do governador Zema controla o Podemos de Carlos Viana e mantém boas relações com o PSD de Fuad Noman. Se Mauro Tramonte, do Republicanos, vencer a disputa, Aro, também aliado do governador que firmou a aliança, pode se beneficiar. Esse cenário parece incomodar alguns candidatos à prefeitura, que o veem como o maior detentor de poder em Minas Gerais.


“O moço do ônibus”

 

"Você conhece Gabriel (MDB)? " É a pergunta mais frequente durante as agendas do presidente da Câmara. Embora o vereador seja bem conhecido por suas ações na área de mobilidade urbana, seu rosto ainda não é amplamente reconhecido pela população. Para reverter essa situação, além do corpo a corpo nas ruas, o MDB planeja lançar programas eleitorais que permitirão ao vereador se apresentar melhor ao eleitorado, fazendo o famoso “cara, crachá” para os moradores de BH.

Elogiou

 

Falando em Gabriel, seu nome era um dos favoritos do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), quando o assunto era a prefeitura de BH. O senador chegou a confessar a outros candidatos que apreciava a forma como o vereador fazia política. Apesar disso, como seguem a lealdade partidária, Pacheco é um dos caciques por trás da campanha de Fuad Noman (PSD).

De malas…

 

Quem também tem recebido elogios é a vice de Rogério Correia, Bella Gonçalves (PSOL). Para alguns candidatos rivais, a jovem deputada é vista como a estrela da campanha petista. Durante conversas com a coluna, a maioria afirmou que Bella pode ser considerada um dos nomes que poderão impulsionar a campanha. Conhecida pelo seu mandato na ALMG, há quem diga que ela já está de malas prontas para o Congresso em 2026, caso não seja vitoriosa em BH.

 

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