Quinze dias, algumas horas e um novo objetivo: conquistar os jovens belo-horizontinos. Esse será o foco das próximas duas semanas dos candidatos à prefeitura, que enfrentam o desafio de estabelecer uma conexão genuína com a faixa etária. Na era dos likes, os votos dos que têm entre 16 e 24 anos podem ser determinantes para a chegada ao segundo turno. Como mostrou o EM ontem, a alta no número de menores de idade (16 e 17) aptos a votar é de 57%, em relação ao pleito municipal de 2020. À coluna, a maioria das campanhas admite que esse é o grupo prioritário na reta final, já adotando táticas que incluem parcerias com influenciadores digitais e líderes comunitários, além de uma presença ativa em plataformas como Instagram e TikTok.
O prefeito Fuad Noman (PSD), por exemplo, se concentra em “lideranças”. Ele acredita que a juventude pode transferir votos, se ele se associar a nomes que fortaleçam sua campanha, como influenciadores digitais. A proposta é promover o voto útil, argumentando que apoiar o "prefeito de suspensórios" é a melhor maneira de combater o bolsonarismo em BH. Nas próximas semanas, Fuad deve lançar peças publicitárias com a intenção de viralizar, como o "KongFuad" — um vídeo em que ele se apresenta como um super-herói.
Já Gabriel Azevedo (MDB) aposta em vídeos irônicos para atacar seus adversários. Em uma peça publicitária, aparece entregando currículos de seus colegas, como o de Bruno Engler (PL), escritos em giz de cera e repletos de desenhos. Em outra gravação, o atual vereador segura um malote de dinheiro decorado com suspensórios, fazendo referência a uma das marcas registradas de Fuad.
No caso de Azevedo, a estratégia é se posicionar como o “candidato mais preparado” para a capital, apresentando-se como “alguém novo”. Na plataforma TikTok, essa imagem já começa a ganhar força, com jovens compartilhando vídeos, entre eles os famosos “cortes” de debates.
Engler, por sua vez, demonstra desenvoltura nas redes sociais muito antes do início da campanha. Com 27 anos, o deputado estadual é visto como a voz da juventude bolsonarista em BH, ao lado do deputado federal Nikolas Ferreira (PL). Fontes próximas ao candidato informaram que suas estratégias são semelhantes às dos adversários, portanto centradas em “virais”.
A ideia é afastar o eleitorado jovem de direita de Mauro Tramonte (Republicanos), hoje aliado do ex-prefeito Alexandre Kalil. Segundo interlocutores, para Engler, não existe fórmula mágica; a chave é continuar o que já vem fazendo.
Duda Salabert (PDT) também se destaca nas redes. Ela é a segunda mais seguida no Instagram com 330 mil, apenas atrás de Engler, que coleciona 529 mil seguidores. A deputada federal também vai concentrar suas ações no eleitorado jovem, especialmente em torno da pauta ambiental.
Rogério Correia (PT) adota uma abordagem um pouco diferente. Enquanto Duda não foca na pauta identitária, o deputado federal, que enfrenta a migração de votos para Fuad, pretende abraçar os jovens da comunidade LGBTQIA+. A estratégia é se aproximar desse grupo por meio de “memes”, a partir de uma comunicação mais leve nas redes sociais.
O senador Carlos Viana (Podemos) também investe na divulgação de peças publicitárias. Nos últimos dias, tem publicado vídeos em sua conta no Instagram voltados ao público de 16 a 24 anos.
Nas gravações, ele se dirige diretamente ao eleitorado: “Quero conversar com você, jovem.” A proposta é conquistar uma parte desse público ao apresentar uma “BH na era digital”.
Apenas Tramonte, líder nas pesquisas, ainda não deixou claro suas intenções em relação ao público jovem. Em conversa com a coluna, interlocutores afirmaram que a aposta continua sendo sua popularidade como apresentador de TV. A estratégia, nesse caso, seria focar em moradores de vilas e favelas por meio das redes sociais.
Fogo amigo
Na próxima semana, alguns membros do PT vão aparecer nas redes sociais defendendo o voto útil. Segundo uma fonte interna, a estratégia é permitir que cada um se posicione à vontade.
Os primeiros sinais
Ainda sobre o voto útil, Fuad começou a mencionar o presidente Lula (PT) em suas inserções de rádio e TV. A coluna apurou se essa estratégia estava ligada a uma possível agenda com o presidente, ainda no primeiro turno, para anunciar investimentos em Belo Horizonte. No entanto, essa informação foi negada. Lula não deve visitar a capital mineira até nova ordem.
PSD confiante
A coluna também procurou os líderes do PSD para saber: como será o segundo turno em BH? Os membros mais otimistas acham que Tramonte não ficará entre os dois primeiros, e Fuad enfrentará Bruno Engler. Por outro lado, os mais cautelosos veem a disputa entre o prefeito e o apresentador como uma “competição acirrada”. No entanto, todos estão certos de que Fuad Noman estará na disputa pela prefeitura, saindo vitorioso da campanha de voto útil.
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Sem Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não deve visitar Belo Horizonte nas próximas semanas, como foi divulgado em alguns perfis bolsonaristas. A estratégia é trazê-lo para o segundo turno, onde poderá apoiar seu afilhado, Bruno Engler (PL), caso o deputado estadual conquiste a vaga.